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Manchas na pele e inchaços podem ser sinais graves de Covid infantil

Manchas na pele e inchaços podem ser sinais graves de Covid infantil

Esses são alguns dos sintomas que, associados à febre persistente,  podem se manifestar em crianças e adolescentes infectados pelo coronavírus

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 10:21

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Crianças infectadas podem transmitir o novo coronavírus mesmo que nunca tenham apresentado sintomas
Crianças infectadas pelo coronavírus podem apresentar uma síndrome que afeta vários órgãos. (Ketut Subiyanto/ Pexels)

Os sintomas característicos da Covid-19 que afetam o sistema respiratório podem não ser os únicos sinais da doença em crianças e adolescentes. Nos casos mais graves, além de uma febre persistente, há possibilidade de outras manifestações no organismo, como manchas na pele, diarreia e acometimento cardiovascular, que exigem internação imediata em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por essa razão, os pais precisam ficar atentos aos sinais – que vão além da típica congestão nasal e outros indícios de síndrome gripal.

A pediatra e reumatologista pediátrica Fernanda Jusan Fiorot, que atua no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, explica que, na faixa etária infantil, as manifestações da Covid-19 são bastante diversas, de assintomáticos, passando pelos quadros leves com registro de congestão e coriza, a casos mais graves com sintomatologia de adulto como pneumonia e falta de ar que, em geral, estão associados a comorbidades. 

Mas existem situações em que a criança ou adolescente pode evoluir com gravidade, mesmo sem ter nenhuma outra doença preexistente, no que foi definido como Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, mais conhecida pela sigla em inglês MIS, e que acomete vários órgãos do paciente.

SINAIS

Na pele, segundo Fernanda Fiorot, podem aparecer manchas e edemas (inchaço) de mãos,  pés, na boca, fissuras labiais e alteração na língua. No trato gastrointestinal, dor abdominal, diarreia e vômito são bem comuns na síndrome. Há, ainda, risco de acometimento cardiovascular, com queda de pressão arterial, choque cardiogênico (insuficiência da irrigação sanguínea), pericardite (inflamação de membrana que envolve o coração). Também existem relatos de distúrbios de coagulação e comprometimento do sistema nervoso, com episódios de convulsão. 

Fernanda Fiorot esclarece que, conforme definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) com validação da Sociedade Brasileira de Pediatria, para caracterização da MIS, o paciente precisa apresentar uma febre persistente - de pelo menos três dias - e, no mínimo, outros dois dos sintomas relacionados pela pediatra. A criança também deve ter tido contato com algum paciente infectado pelo coronavírus, ou já ter testado positivo para a Covid-19, além de um quadro inflamatório que poderá ser diagnosticado em exame laboratorial. 

MANIFESTAÇÃO TARDIA

A manifestação da síndrome pode ocorrer, ressalta a pediatra, até dois meses depois do contato da criança com o coronavírus. 

"Por ser um quadro mais grave, é necessário um tratamento mais imediato e, normalmente, o paciente precisa ir para a UTI.  A boa notícia é que existe tratamento e, apesar da gravidade, geralmente os pacientes evoluem bem e se curam", frisa Fernanda Fiorot.

Recentemente, foi divulgada uma pesquisa nacional para descrever a evolução clínica de crianças com a Covid-19 internadas em UTIs de 13 instituições no país, e que chamava a atenção para as manifestações do organismo nos casos da síndrome. Fernanda Fiorot conta que também já está em análise pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) uma solicitação de estudo relacionado às crianças que ocupam os leitos do Hospital Infantil. 

Coordenadora médica da UTI Pediátrica da Unimed Vitória, Silvia Louzada acrescenta que, nos casos da síndrome, a criança  apresenta uma condição comum também a outras doenças e que, em geral, acende sinal de alerta nos pais, como prostração e falta de apetite.  "Numa situação como essa, a família deve procurar o pronto-socorro para a criança ser avaliada e, então, ser definido o melhor tratamento", pontua. 

A pediatra diz que, desde o início da pandemia, as internações infantis por Covid-19 na Unimed não tiveram relação com a síndrome, mas ela estima que podem ser registrados casos daqui a alguns meses, a partir da reabertura das escolas, considerando que crianças e adolescentes estarão mais expostos ao vírus.

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