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Lama do Rio Doce: Samarco assina acordo para abastecimento de água no ES

Lama do Rio Doce: Samarco assina acordo para abastecimento de água no ES

Implantação do sistema é uma das ações previstas em acordo de reparação às vítimas da tragédia ambiental de 2015. Captação e tratamento vão atender comunidade quilombola em Linhares

Publicado em 10 de julho de 2025 às 19:42

Linhares - Foz do Rio Doce, poluída pela lama que veio da barragem da mineradora da Samarco
Foz do Rio Doce, em Linhares, poluída pela lama de rejeitos da Samarco Crédito: Fernando Madeira

Os danos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que espalhou lama pelo Rio Doce, afetou centenas de comunidades em Minas Gerais e no Espírito Santo. Entre os atingidos está o território quilombola de Degredo, em Linhares, onde a água foi contaminada. Agora, quase 10 anos após o desastre ambiental, a Samarco assinou um termo de cooperação com a prefeitura para implantar um sistema de abastecimento. A obra, no entanto, só deve ser entregue em 2027. 

A implantação do sistema é uma das ações previstas no Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce.

O Sistema de Abastecimento de Água (SAA) vai ser implantado pela captação de água em poço profundo, que passará por tratamento antes de ser armazenada em um reservatório elevado e, depois, distribuída por meio de aproximadamente 66 km de rede.

O SAA Degredo vai atender, segundo informações da administração municipal, cerca de 300 imóveis, entre os quais residências, comércio e equipamentos públicos. A obra será executada pela Samarco, com início previsto para novembro deste ano. Após a conclusão, a operação ficará sob responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Linhares. A implantação do sistema é uma das ações previstas no Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce.

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Lama do Rio Doce: Samarco assina acordo para abastecimento de água no ES

Em março de 2019, A Gazeta retratou o problema na comunidade. Na ocasião, os moradores relataram que havia três anos que eles conviviam com a sensação de que a água que usavam não era própria para o consumo. Eles acionaram a Fundação Cultural Palmares, que pediu uma análise à Fundação Renova — hoje em processo de extinção, era a responsável pela reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem. O laudo saiu em fevereiro, um mês antes da publicação da reportagem, indicando a contaminação por metais pesados, como arsênio, chumbo, alumínio e ferro. 

Uma das moradoras, Simony Silva, contou que, desde 2016, eles sentiam um forte cheiro na água e que as pessoas passaram a sofrer com dores de estômago e diarreia, como se fosse uma epidemia. Por fim, constatou-se que as sete lagoas e o rio da região estavam contaminados. 

Devido aos relatos dos moradores, e antes mesmo do resultado do laudo, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), havia determinado que a Fundação Renova enviasse diariamente 15 litros de água, por morador de Degredo, mas a quantidade não era respeitada naquela época. 

O desastre de Mariana ocorreu com o rompimento de uma barragem de rejeitos da mineração operada pela empresa Samarco, pertencente à BHP, de origem anglo-australiana, e à brasileira Vale. Provocou a morte de 19 pessoas e espalhou lama tóxica por quase 700 km, de Minas Gerais, passando pelo Espírito Santo até o oceano Atlântico.

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