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Lama no Rio Doce: tribunal em Londres discute indenização às vítimas

Lama no Rio Doce: tribunal em Londres discute indenização às vítimas

Corte vai se reunir na quarta (2) e na quinta-feira (3) para audiência da segunda fase do processo, que vai tratar sobre danos e indenização aos atingidos pelo desastre

Publicado em 30 de junho de 2025 às 17:46

 - Atualizado há 11 dias

Data: 01/12/2015 - ES - Colatina - Situação Rio Doce, em Colatina, poluído por causa da lama da barragem que cedeu na mineradora da Samarco, em Mariana MG
Rio Doce foi atingido por rejeitos de minério após rompimento de barragem em 2015 Crédito: Carlos Alberto da Silva

O Tribunal Superior de Londres, responsável pelo julgamento da mineradora BHP pelo desastre de Mariana (MG), vai realizar nas próximas quarta (2) e quinta-feira (3) uma audiência de preparação para a segunda fase do processo. Nesta etapa, vão ser discutidos os danos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, que espalhou lama pelo Rio Doce, e a indenização às vítimas. 

Conforme informações do Pogust Goodhead, que representa cerca de 620 mil atingidos, 31 municípios, indígenas e quilombolas, empresas e autarquias, a audiência vai reunir a equipe do escritório internacional e os advogados da mineradora anglo-australiana BHP, ré no processo.

O prefeito de Mariana, Juliano Duarte, que tem liderado o grupo de gestores que rejeitou a proposta de repactuação oferecida pelas mineradoras, estará em Londres para acompanhar a audiência. No Espírito Santo, cinco cidades recusaram-se a receber o acordo milionário de repactuação: Aracruz, Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Sooretama.

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Também estará na capital inglesa Marcelo Krenak, uma das mais importantes lideranças da comunidade indígena Krenak, que tinha o Rio Doce como base de sua cultura e seu sustento. 

O desastre de Mariana ocorreu com o rompimento de uma barragem de rejeitos da mineração operada pela empresa Samarco, pertencente à BHP, de origem anglo-australiana, e à brasileira Vale. Provocou a morte de 19 pessoas e espalhou lama tóxica por quase 700 km, de Minas Gerais, passando pelo Espírito Santo até o oceano Atlântico. 

A audiência, segundo o escritório que defende as vítimas, definirá o passo a passo de como se dará segunda fase do julgamento do caso, já marcada para ter início em outubro de 2026, quando serão debatidos os danos decorrentes do rompimento da barragem e as indenizações a serem pagas aos atingidos em caso de condenação. A Corte determinará a lista de questões que devem ser tratadas durante o julgamento da fase 2, o escopo, o cronograma e a programação de uma nova audiência este ano, além de prazos para a entrega de documentos, perícias e provas testemunhais.

A primeira fase do julgamento, que tratou da responsabilidade da mineradora BHP pelos eventos que culminaram no rompimento da barragem, foi concluída em 13 de março. A decisão da juíza Finola O'Farrell é esperada para os próximos meses.

Na opinião do Pogust Goodhead, o agendamento da audiência da segunda fase, antes mesmo da divulgação da sentença sobre a responsabilidade da mineradora, é mais uma demonstração da agilidade e prioridade que a corte inglesa tem dado ao caso Mariana.

Por meio de nota, a BHP destaca que a audiência em Londres é de natureza estritamente procedimental e tem por objetivo definir aspectos técnicos do caso a serem discutidos na segunda etapa do julgamento, com início previsto para outubro de 2026.

"A depender da decisão da corte inglesa sobre a primeira etapa do processo, caso a defesa da BHP seja aceita, a segunda fase ainda pode ser dispensada. A BHP reitera seu compromisso com a reparação via acordo homologado no Brasil, que vem oferecendo as soluções mais rápidas e eficientes para compensar as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Samarco", completa a nota.

Atualização
02/07/2025 - 14:25hrs
Após a publicação da reportagem, a BHP enviou nota a respeito da audiência. O texto foi atualizado.

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