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Justiça condena trio por injúria racial após ataques a professor da Ufes

Justiça condena trio por injúria racial após ataques a professor da Ufes

Professor Gustavo Forde, vítima dos ataques, afirmou: "Não há dúvidas de que a presente condenação reflete uma conquista histórica para a luta contra o racismo no Espírito Santo"

Publicado em 27 de julho de 2023 às 13:04

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Professor Dr. Gustavo Forde, Pró-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo, UFES
Professor Dr. Gustavo Forde, vítima de ataques em 2019. (Fernando Madeira)

A Justiça do Espírito Santo condenou três pessoas acusadas do crime de injúria racial contra o professor e doutor em Educação Gustavo Henrique Araújo Forde, da Universidade Federal do Espírito Santo, vítima de ataques preconceituosos na internet em abril de 2019. A instituição de ensino afirmou que recebeu a condenação pela Justiça estadual com "sentimento de reparação". Atualmente, o professor exerce o cargo de pró-reitor de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil da Ufes. Os condenados são: Antônio Jacimar Pedroni, Kennedi Fabrício dos Santos e Wagner Rodrigues.

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É com sentimento de reparação que a Administração Central da Ufes recebe a decisão da Justiça Estadual, por meio da 4ª Vara Criminal de Vitória, que condenou os autores de crime de injúria racial

Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
Posicionamento sobre a decisão da Justiça
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A Ufes enalteceu a decisão judicial e manifestou solidariedade ao professor Gustavo Forde, repudiando toda forma de discriminação, seja religiosa, racial e de gênero, considerando a importância pelo respeito às diferenças que compõem a formação social no Brasil.

"A Universidade reafirma seu compromisso de continuar e aperfeiçoar sua trajetória na luta pelo fim de todos os tipos de desigualdades sociais, em especial pelo fim de qualquer forma de racismo", completou em nota.

Professor classifica condenação como "conquista" e agradece apoio

Para Gustavo Forde, a decisão da Justiça Estadual do Espírito Santo inaugurou um marco histórico na forma de enfrentamento ao racismo e aos crimes raciais.

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Não há dúvidas de que a presente condenação reflete uma conquista histórica para a luta contra o racismo no Espírito Santo. Desde já, meu agradecimento para todas as pessoas com as quais caminhamos juntas ‘ombro a ombro’ para obtermos esta vitória

Gustavo Forde
Professor da Ufes, vítima de ataques
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A reportagem tenta contato com a defesa dos três condenados, e este espaço está aberto para manifestação. 

Professor foi alvo de ataques em abril de 2019

Os ataques racistas contra o professor Gustavo Forde ocorreram após a publicação de uma entrevista concedida ao jornal A Gazeta em abril de 2019, na qual se destacou o lançamento do livro "Vozes Negras na História da Educação: Racismo, Educação e Movimento Negro no Espírito Santo (1978-2002)", de autoria do professor, e foram abordados assuntos como o protagonismo do movimento negro, o racismo institucionalizado, e a constituição da sociedade e da educação em nível estadual e nacional.

Após a divulgação da entrevista, Forde foi vítima de comentários racistas na internet. Um dos comentários preconceituosos, segundo o Ministério Público do Espírito Santo, associava o cabelo de Gustavo Forde à falta de higiene. Outro, menosprezava intelectualmente o professor por ele ser negro. Por fim, um terceiro comentário sugeria que o autor da obra literária "voltasse para a África", mesmo sendo o docente notadamente brasileiro.

O que disseram os acusados, agora condenados

Em novembro de 2021, quando a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo foi recebida pela Justiça estadual, a reportagem de A Gazeta procurou os três autores dos comentários racistas.

Antônio Jacimar Pedroni e Wagner Rodrigues preferiram não se manifestar sobre o caso. Já o autônomo Kennedi Fabrício dos Santos, morador do Paraná, afirmou que acredita ter agido pautado na liberdade de expressão e disse que não teve a intenção de ofender o professor. "Talvez tenha sido um comentário infeliz, mas não era para levar para o lado pessoal, não mencionei cor em nenhum momento", disse à época.

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