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Jovens do ES são os que menos se protegem na hora do sexo, aponta IBGE

Jovens do ES são os que menos se protegem na hora do sexo, aponta IBGE

Estudo revela que apenas 18,1% informaram ter usado preservativo em todas as relações sexuais, o menor percentual do Brasil

Publicado em 10 de maio de 2021 às 02:00

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Camisinha; preservativo
A maioria dos entrevistados pelo IBGE no Estado admitiu recusar o uso de preservativos na hora do sexo. (T-Rex/Freepik)
Aline Nunes
Repórter de Cotidiano / [email protected]

Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que os jovens no Espírito Santo estão mais descuidados na hora do sexo. É do Estado o menor índice de utilização de preservativos em todo o país, na faixa etária a partir de 18 anos. 

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada nesta sexta-feira (7), traz dados de 2019. Naquele ano, entre os que tiveram relação sexual  nos 12 meses anteriores ao levantamento, apenas 18,1% informaram ter usado preservativo em todas as relações, o menor percentual do Brasil.

O estudo do IBGE aponta ainda que, no Espírito Santo, 94,2% das pessoas de 18 anos ou mais informaram que tiveram relação sexual pelo menos uma vez na vida. A idade média da primeira relação sexual desse público foi estimada em 17,6 anos.

Para a professora  Manuela Vieira Blanc, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), na ausência de uma política de educação sexual satisfatória, tende a persistir a ideia de que o uso do preservativo só é necessário em práticas sexuais ocasionais (e em que não há apego afetivo).

"Práticas essas que, em um contexto moralmente conservador, são ainda interpretadas como imorais. Se coloca em questão a liberdade sexual, mas é ainda pior: se reproduzem problemas de saúde coletiva, pela disseminação de DSTs (como com o aumento do número de casos de indivíduos portadores de HIV nos últimos anos no Brasil)", frisa Manuela, que também é coordenadora do projeto Cep 29: núcleo capixaba de pesquisa da experiência humana em meio urbano.

A professora observa que, nesse cenário, o uso da camisinha entre casais que mantêm relacionamentos estáveis, por exemplo, torna-se um tabu, quase que um questionamento da fidelidade. 

Questionada se o Espírito Santo tem alguma especificidade que justifique ocupar o primeiro lugar no ranking nacional,  Manuela faz uma correlação à violência contra as mulheres no Estado. 

"Se admitimos que as altas taxas de feminicídio capixabas têm relação direta com o modo como a desigualdade de gênero se expressa localmente (e ao que estou chamando de um moralismo conservador), essa posição de destaque do Espírito Santo quanto à resistência ao uso da camisinha é apenas mais um dos seus efeitos", conclui.

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