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Incêndio em Jardim Camburi: prédio está sem alvará desde 1983, dizem Bombeiros

Incêndio em Jardim Camburi: prédio está sem alvará desde 1983, dizem Bombeiros

Condomínio onde ocorreu incêndio nesta segunda-feira (2) teve um alvará para alguns blocos, mas a partir de 1983 não houve mais liberação do Corpo de Bombeiros, segundo o comandante do Primeiro Batalhão, tenente-coronel Scharlyston Paiva

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 13:04

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Fachada da unidade do condomínio, em Jardim Camburi, Vitória, onde ocorreu um incêndio nesta segunda-feira (02)
Unidade do condomínio onde começou o incêndio em Jardim Camburi, em Vitória. (Natalia Devens)

O prédio em que um apartamento foi atingido por um incêndio no bairro Jardim Camburi, em Vitória, nesta segunda-feira (2), está sem o alvará do Corpo de Bombeiros desde 1983. A informação foi divulgada pelo comandante do Primeiro Batalhão, tenente-coronel Scharlyston Paiva, em entrevista à CBN Vitória nesta terça-feira (3).

Segundo Paiva, o prédio teve o seu projeto enviado para o Corpo de Bombeiros em 1981, na época em que foi construído, e passou por uma vistoria em 1983. No entanto, de lá para cá, não teve nenhuma outra renovação do alvará por parte dos responsáveis.

“Toda edificação residencial que tenha mais de 9 metros (de altura) ou mais de 900 m², para ser construída, precisa da aprovação de um projeto técnico de proteção contra incêndio no Corpo de Bombeiros. É um projeto de proteção contra incêndio. Todos os equipamentos e sistemas viáveis e adequados para aquela edificação deverão constar nesta planta. A edificação possui um projeto aprovado na corporação em 1981. Teve um alvará no início, para um bloco ou outro, mas a partir de 1983 não houve mais liberação por parte do Corpo de Bombeiros”, afirmou.

Ainda segundo Paiva, o alvará em dia poderia não impedir o incêndio, mas daria condições de conter o avanço das chamas e diminuir os prejuízos. Ele conta que bombeiros que moram e estavam no local e prestaram os primeiros atendimentos tiveram dificuldades em dar o primeiro combate ao fogo. O tenente-coronel afirmou que o hidrante de parede não teve um funcionamento adequado.

“Os sistemas são protetivos, eles detectam incêndio no seu princípio e servem para fazer o primeiro combate, os primeiros cuidados no local. Com certeza, se os sistemas estão em dia, em pleno funcionamento, se tem água no hidrante, se o extintor está funcionando, o combate é rápido. Nesse prédio, nós tínhamos três bombeiros que moram ou estavam no condomínio, de folga. Eles tentaram de todos os modos fazer o combate inicial, mas foi inviabilizado por conta da ausência do sistema hidráulico em bom funcionamento. Foram descarregados diversos extintores, eles funcionaram, mas o hidrante de parede, aquele da mangueira que fica nos pavimentos, não teve funcionamento adequado e complicou o atendimento inicial de quem estava lá e tinha o conhecimento para fazer”, destacou.

A reportagem de A Gazeta tentou contato com um representante do Residencial Club Jardim Camburi para informações sobre o alvará do Corpo de Bombeiros do prédio citado pela corporação, mas ninguém foi localizado. Este espaço está aberto para posicionamento e respostas por parte do condomínio. Assim que houver retorno, este texto será atualizado. 

FISCALIZAÇÃO

Questionado sobre a fiscalização dos alvarás, o tenente-coronel confirmou que isso é de responsabilidade do Corpo de Bombeiros, mas que o órgão atende por demanda. Além disso, disse que são realizadas vistorias surpresas, mas afirmou ser responsabilidade dos síndicos e responsáveis por prédios agendar as vistorias obrigatórias por lei.

“Essa fiscalização de segurança contra incêndio é de responsabilidade é dos Bombeiros, mas a gente age por demanda. Essas vistorias são agendadas por um sistema eletrônico que a corporação tem. Como não é atividade emergencial, ela não é gratuita, ela tem uma lei de taxas. A pessoa entra no sistema, pede a vistoria e o vistoriador vai ao local. As edificações residenciais devem solicitar vistoria a cada três anos. As comerciais e industriais devem ser feitas anualmente. Isso não significa que os responsáveis não precisem olhar nada todo o ano. Tem que avaliar constantemente. O síndico ou o responsável pelo prédio é a pessoa responsável por checar isso e manter os sistemas atualizados e em funcionamento”, disse.

Ainda segundo Paiva, a população também deve ficar atenta às condições das edificações em que moram ou trabalham, já que de acordo com ele, "é impossível” para o Corpo de Bombeiros fiscalizar todas as edificações do Estado. Por isso, pede a colaboração.

“Mas, é impossível a corporação conseguir atingir todas as edificações do Estado todo. A gente precisa da colaboração da sociedade. Todos tem que fazer sua parte, procurar conhecer o prédio onde mora e trabalho. Se ali tem o alvará do Corpo de Bombeiros. Atribuir exclusivamente ao serviço público, não que a gente se exima disso, mas é impossível atingir toda a malha de edificações”, explicou.

O telefone de acionamento direto do Corpo de Bombeiros é o 193.

PERÍCIA E INVESTIGAÇÃO

Segundo o tenente-coronel, a investigação do incêndio teve início, inclusive também com a da Polícia Civil. Nesta terça-feira, uma equipe de perícia e fiscalização do Corpo de Bombeiros vai retornar ao local para uma nova avaliação do sistema de incêndio.

A Defesa Civil de Vitória informou, por nota, que “uma equipe do órgão esteve no local para realizar a avaliação estrutural no imóvel onde ocorreu o incêndio e interditou todo o terceiro andar do prédio, pois outros três apartamentos foram afetados”. Disse ainda que o condomínio já foi orientado sobre as intervenções necessárias para liberação do andar, e que para retornar aos apartamentos interditados, os moradores devem fazer a reforma. “No total foram quatro apartamentos interditados, com sete pessoas desalojadas, que foram para a casa de parentes”, completou.

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Já a Polícia Civil informou que o imóvel foi periciado nesta segunda-feira e o laudo será encaminhado para o 5º Distrito Policial assim que for concluído. “Outras informações não serão repassadas para que a apuração dos fatos seja preservada”, finalizou.

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