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Publicado em 25 de abril de 2023 às 12:35
Após quase 16 anos de um escândalo de desvio de dinheiro público, um ex-diretor-presidente e uma ex-diretora jurídica do Procon do Espírito Santo foram condenados pela Justiça. Celso Caldas, que ocupava o cargo máximo do órgão na época dos fatos, recebeu pena de 17 anos e 11 meses de prisão e a advogada Renata Quintaes, de 29 anos de prisão. >
Os dois foram condenados por peculato (desvio de dinheiro público) e por contratação direta ilegal, ou seja, sem passar pelo processo licitatório previsto na lei. Renata, segundo os autos, pagou roupas, tratamentos estéticos, joias e até material de construção para si mesma com dinheiro do Procon. Além disso, há pagamentos feitos para gráficas e outras empresas em nome do órgão para serviços que nunca foram prestados (veja detalhes abaixo).>
Como era o diretor-presidente do Procon, as autorizações de pagamento passavam por Celso Caldas. Logo, ele também foi condenado pelos desvios.>
A decisão foi tomada em 12 de abril pela juíza Graciela de Rezende Henriquez, da 5ª Vara Criminal de Vitória. >
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No mesmo processo ainda foram condenadas as empresárias Marilene Bunizziol, que era dona de uma loja de roupas, e Emar Batalha, do ramo de joias. As duas receberam penas de dois e três anos, respectivamente, que foram substituídas por serviços prestados à comunidade. >
Elas, segundo a denúncia do Ministério Público, teriam agido para facilitar as fraudes cometidas por Renata. >
Todos os quatro réus poderão recorrer em liberdade. Em nota, a defesa de Celso Caldas disse que discorda da sentença e que vai recorrer. "A autoria do crime em questão não foi satisfatoriamente comprovada e as investigações foram ordenadas pelo então presidente, Sr. Celso Caldas. Acreditamos que sua inocência será devidamente comprovada na fase recursal."
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A defesa de Renata Quintaes foi contatada por A Gazeta, mas não quis se manifestar. Já a defesa de Emar Batalha afirmou que a empresária não foi notificada da sentença, mas adiantou que também irá recorrer da condenação.
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A Gazeta não conseguiu contato com a empresária Marilene Bunizziol ou seu advogado.
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Na sentença, a juíza, ao descrever os atos ilegais praticados por Renata e Celso, ressalta que ambos exerciam função de direção na autarquia e usaram disso para cometer vários crimes e obter vantagens pessoais. >
“A acusada (Renata) desviou verbas da administração pública, seja mediante a prática do peculato, seja pela pela dispensa ilegal de licitação, em prol de proveitos pessoais das mais variadas espécies, custeando o pagamento de dívidas pessoais e até mesmo de compras de materiais de construção e/ou joias. Isto é, ainda que não exista qualquer motivo plausível para o crime, é inegável que a motivação nesse caso extrapola vários níveis de imoralidade”, escreveu. >
Além do prejuízo aos cofres públicos, a magistrada destacou que os crimes causam danos à imagem do órgão perante o público. >
Graciela de Rezende Henriquez
Juíza da 5ª Vara Criminal de VitóriaRenata é advogada e atuou como diretora jurídica do Procon por cinco anos. Nesse período, foi fonte de diversas reportagens sobre Direito do Consumidor e era figura frequente também nas colunas sociais. >
Um ano antes da explosão do escândalo de corrupção no Procon, ela chegou a ser entrevistada por Jô Soares, para quem contou, no Programa do Jô, casos curiosos e engraçados que o órgão recebia. >
Quando foi presa em flagrante, em abril de 2007, sorriu para as câmeras do fotógrafo de A Gazeta dizendo, com ironia: “Faz uma foto bem bonita pois eu tenho que sair bem na foto”. Ela ficou pouco mais de um mês detida no quartel do Corpo de Bombeiros. >
Uma auditoria feita na época do crime estimou que o esquema tenha desviado R$ 680 mil. Corrigido pela inflação, esse valor chegaria hoje a R$ 1,7 milhão. >
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