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Crea-ES aponta divergências entre projeto e obra de prédio em Vila Velha

Crea-ES aponta divergências entre projeto e obra de prédio em Vila Velha

Apesar de terem sido realizados trabalhos de escoramento com uso de trilho de trem para conseguir segurar a estrutura, inicialmente foram verificadas algumas colunas com esmagamento e colapso na estrutura

Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 09:54- Atualizado há 3 anos

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Edifício corre risco de desmoronamento em Vila Velha
Engenheiros do Crea fazem avaliação em edifício que está correndo risco de desmoronamento em Vila Velha. (Fernando Madeira)
Crea-ES aponta divergências entre projeto e obra de prédio em Vila Velha

Após risco de desmoronamento em um prédio de Nova Itaparica, em Vila Velha, suficiente para que 130 moradores deixassem suas casas, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES) esteve no local para vistoriar o prédio de cinco andares e o entorno. Apesar de terem sido realizados trabalhos de escoramento, inicialmente foram verificadas algumas colunas com esmagamento e colapso na estrutura. De acordo com o Crea-ES, foi feito ainda neste domingo (24) o procedimento de escoramento com aço, sendo utilizado material de trilho de trem para conseguir segurar a estrutura.

Equipe de engenheiros especialistas do Crea-ES foram ao bairro Nova Itaparica, em Vila Velha, para mais uma vistoria no prédio que apresentou instabilidades na estrutura, na madrugada de domingo (24/01) (Ricardo Medeiros )

De acordo com o gerente de relacionamento do conselho, Giuliano Battisti, em entrevista ao repórter Diony Silva, da TV Gazeta, as primeiras análises feitas no local, que compararam fotos e medidas extraídas durante a madrugada de domingo (24) com os resultados obtidos nesta segunda-feira (25), revelaram que não houve ainda mudança no aspecto físico do imóvel.

"No entanto, houve sim mudanças nas nossas informações. Já conseguimos verificar projetos, o Crea já levantou as anotações de responsabilidade técnica (ARTs) para resgatar a sociedade de serviços leigos. O levantamento que realizamos nos indica divergências importantes entre o projeto e o que foi executado", iniciou.

AS DIVERGÊNCIAS

O edifício, que foi entregue há dois anos, já apresenta problemas. Segundo Battisti, já foi constatado esmagamento da estrutura e flambagem em dois pilares importantes. "Duas colunas com alterações importantes, com colapso. Já verificamos, nisso, divergência com o projeto. Já conversamos com a Defesa Civil e orientamos que não seja permitida ocupação no local. Vai precisar ser feita intervenção grande, seja de reforço, reconstituição, de verificar fundação, todos os aspectos de engenharia", continuou.

Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o engenheiro civil do Crea-ES informou que entre as divergências de execução em relação ao projeto inicial do prédio, está o uso de menos aço na estrutura das colunas do que o projeto previa. "O que vimos foi de 30 a 40% do dimensionamento previsto no projeto. Ou seja, tem menos da metade da quantidade de aço que deveria ter. O próprio dimensionamento externo das colunas está reduzido, então os pilares suportam menos peso e acabaram, por isso, sendo esmagados. Além disso,  o projeto previa 20 cm x 60 cm de dimensionamento das pilastras e de fato tem 20 cm x 40 cm. Outro ponto é que onde era para ter, pelo projeto, 16 hastes de aço, tem somente 6. É uma discrepância muito grande. E tem outros prédios no entorno sendo construídos pela mesma construtora. Já estamos olhando", alertou.

PRÉDIOS DO ENTORNO

Quanto à obra na lateral do prédio, de uma nova construção predial da construtora Santos, o engenheiro diz que ainda não pode afirmar categoricamente sobre os riscos.

Em Nova Itaparica, Vila Velha
Proximidade com o prédio que ainda está sendo construído. (Reprodução | TV Gazeta)

"Isso tem que ser verificado. A dinâmica dos dois tem que ser observada cautelosamente. O Crea fiscaliza obras em execução também, vai ao local e verifica se há responsável técnico. Desde ontem (24) estão sendo verificadas as obras, os projetos. Estamos mantendo diálogo com o engenheiro da empresa responsável, já que existe garantia do serviço também. Mas os outros prédios não têm motivo de desespero ainda, mas é importante verificar tudo”, disse Battisti.

Para Afonso Belenda, coordenador adjunto da Defesa Civil de Vila Velha, a interdição dos prédios se faz necessária para preservar vidas e minimizar o máximo de bens materiais que possam ser perdidos. "Em um primeiro momento estamos avaliando a situação junto aos engenheiros do Crea para que se mantenha a área de isolamento e para que sejam feitos os trabalhos de recuperação dentro do que é necessário", afirmou.

ENTENDA O CASO

Um prédio localizado na Avenida do Canal, no bairro Nova Itaparica, em Vila Velha, apresentou risco de desmoronamento na madrugada de domingo (24). De acordo com testemunhas, que preferem não se identificar, duas vigas de sustentação do imóvel estão trincadas. Moradores e vizinhos precisaram evacuar as residências.

Edifício que corre risco de desmoronamento em Vila Velha(Fernando Madeira)

Segundo informações da Prefeitura de Vila Velha (PMVV), o edifício Santos II, n°2 apresenta riscos e sofreu interdição. Além dele, o prédio de trás, as casas e prédios laterais e de frente também foram interditados. A Guarda Municipal realizou isolamento total da rua, não permitindo que as pessoas entrem no prédio até autorização do engenheiro da Defesa Civil, até para também resguardar de furtos aos bens nas residências interditadas.

Era por volta da meia-noite deste domingo (24) quando moradores do prédio ouviram um grande estrondo, acompanhado de uma movimentação do edifício para baixo. O vendedor Thiago Costa, de 34 anos, havia acabado de colocar o filho de seis meses para dormir. Ele era o único acordado no apartamento.

"Quando eu botei o pé na sala, eu ouvi um barulho muito forte, como se fosse um caminhão batendo em algum lugar. No mesmo momento, eu senti como se estivesse dentro de um elevador descendo. Eu chegue até a abrir os braços", lembrou ele, que conseguiu sair só com alguns pertences do local.

De acordo com a advogada Caroline Cucco, da Santos Construtora, responsável pelo edifício, a empresa está tomando as medidas cabíveis. "Os moradores do local foram realocados em hotéis, onde está sendo oferecida alimentação", garantiu. Sobre a estrutura, ela informou que está "aguardando o laudo definitivo".

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