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Covid-19: mortes de idosos com mais de 80 anos caíram após vacinação no ES

Covid-19: mortes de idosos com mais de 80 anos caíram após vacinação no ES

Levantamento realizado pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) demonstra queda no número de óbitos na faixa etária depois da imunização

Publicado em 20 de julho de 2021 às 20:50

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Distribuição e vacinação na Grande Vitória
Os idosos estavam no grupo prioritário de imunização contra a Covid-19 pelo risco maior de morte em caso de infecção. (Fernando Madeira)
Aline Nunes
Repórter de Cotidiano / [email protected]

O Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que reúne mestres e doutores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), analisou os dados da Covid-19 no Estado e constatou redução no número de mortes da população com mais de 80 anos após o início da vacinação.

As primeiras observações sobre os efeitos da imunização nessa faixa etária foram organizadas em uma nota técnica, que  estabelece uma relação da vacina com a diminuição das mortes provocadas pela Covid-19 no Espírito Santo, e foi publicada nesta terça-feira (20). Alguns dados já haviam sido antecipados pela coluna de Leonel Ximenes no mês passado

Pablo Lira, diretor de integração do IJSN e membro do núcleo, disse que, antes da vacinação, a população de 80 a 90 anos respondia por cerca de 22% dos óbitos decorrentes da Covid-19. A partir da imunização, esse índice caiu para 13%. Situação semelhante foi observada entre o público com mais de 90, que representava quase 8% das mortes e passou para 3,55%.  

"Vale ressaltar que estamos avaliando o efeito da vacina em março, quando muitos só tinham tomado a primeira dose, ou seja, não estavam com o esquema vacinal completo", pontuou. 

 O ESTUDO

Para o estudo, foram examinadas informações do Painel Covid-19 - ferramenta do governo do Estado com indicadores sobre a doença atualizados diariamente. Os dados foram coletados no último dia 8 de junho. 

Na metodologia aplicada para a análise, foram considerados todos os registros de casos confirmados, e a data de notificação foi estabelecida como referência para calcular a frequência dos infectados e dos óbitos. 

Para observar o possível impacto da vacina, o NIEE utilizou gráficos com a distribuição por faixas etárias dos infectados e dos óbitos, comparando os efeitos antes e após o dia 1º de março de 2021, momento em que a população acima de 80 anos já havia começado a ser vacinada.

No Espírito Santo, a vacinação dos primeiros grupos de idosos  — prioritário pelo maior risco de morte em caso de infecção  — ocorreu da seguinte forma: em 4 de fevereiro, iniciou-se a imunização das pessoas com mais de 90 anos; em 17 de fevereiro, entre 85 e 89 anos; e, em 25 daquele mês, entre 80 e 84 anos.

Na nota técnica, os pesquisadores explicam que, devido à necessidade da aplicação de duas doses de todas as vacinas contra o Sars-Cov-2 (coronavírus) adquiridas pelo Brasil até o momento do estudo  — a Janssen, de dose única, só chegou em 23 de junho  — e o tempo até que os imunizantes façam efeito, os resultados nas estatísticas sobre a doença não são imediatos. Por esse motivo, o documento visa observar os dados referentes apenas à população acima de 80 anos e verificar possíveis resultados da vacinação nessa faixa etária.

Mortes provocadas pela Covid-19 no ES
Índice de mortes provocadas pela Covid-19 no ES por faixa etária. (NIEE-Painel Covid/Divulgação)

Ao comparar a frequência de óbitos por faixa etária, usando o dia 1º de março como referência, observou-se uma queda significativa na incidência de mortes entre o público de 80-90 anos (44%) e acima de 90 anos (55%). O estudo aponta que o tamanho da redução é proporcional ao tempo decorrido desde o início da imunização no respectivo grupo. 

Para Pablo Lira, muitas mortes poderiam ter sido evitadas se o governo federal tivesse adquirido vacinas logo que foram disponibilizadas pelas farmacêuticas e começado a campanha de imunização ainda em 2020. A vacinação teve início em janeiro, mas em um ritmo lento pela baixa oferta de doses. "O país perdeu a oportunidade de começar a vacinar mais cedo e de preservar vidas", constatou.

O diretor afirmou que o NIEE vai continuar as análises sobre o efeito da vacinação na população do Espírito Santo, com recorte em meses mais recentes, para alcançar também outras faixas etárias que já receberam pelo menos uma dose de imunizante contra a Covid-19. 

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