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Chacina na ilha: familiares fazem homenagem para vítimas em Vitória

Chacina na ilha: familiares fazem homenagem para vítimas em Vitória

Familiares carregavam cartazes, balões e camisas com os nomes das vítimas e pedidos de paz e justiça; o ato saiu da Prainha e foi até a Basílica de Santo Antônio

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 21:30

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Ato em solidariedade às famílias das vítimas de chacina
Ato em solidariedade às famílias das vítimas de chacina. (Fernando Madeira)

Familiares das vítimas da chacina na Ilha Doutor Américo de Oliveira, na Baía de Vitória, onde quatro jovens foram assassinados a tiros no dia 28 de setembro, realizaram um ato em homenagem aos mortos, na noite desta segunda-feira (5). Cerca de 150 pessoas participaram da ação no bairro Santo Antônio, na Capital.

O ato foi aberto por um pastor de uma igreja do bairro, que realizou uma oração com os presentes, pedindo paz e justiça. A mensagem estava em cartazes, balões e até nas camisas que pessoas usavam, que também continham as fotos das vítimas estampadas e seus nomes.

O ato saiu do local conhecido como Prainha e foi até a Basílica de Santo Antônio. A Rodovia Serafim Derenzi foi fechada nos dois sentidos. Os familiares das vítimas não quiseram dar entrevistas, pois ainda estavam muito abalados pela morte dos jovens. 

Ato em solidariedade às famílias das vítimas de chacina(Fernando Madeira)

O CRIME

No episódio que chocou o Espírito Santo, quatro jovens que estavam na Ilha Doutor Américo Oliveira na segunda-feira (28) foram assassinados e outros dois ficaram feridos. A ilha fica na Baia de Vitória, próximo ao bairro Santo Antônio. Na outra margem, fica o bairro Porto de Santana, já em Cariacica. A ilha é um ponto usado por moradores das duas margens para diversão e passatempo.

No local estavam seis amigos que moravam em Santo Antônio e foram surpreendidos por bandidos, que chegaram de barco na região. Eles renderam e atiraram contra o grupo de jovens, sendo que quatro deles morrem, um conseguiu fugir e outro se fingiu de morto para escapar, já baleado.

Os mortos foram identificados como sendo o marítimo Wesley Rodrigues de Souza, 29 anos, Yuri Carlos de Souza, 23, e Vitor da Silva Alves, 19, - corpos que permaneceram na ilha - e Pablo Ricardo Lima, 21, que chegou a ser levado para o pronto atendimento por um tio, mas já deu entrada sem vida. O jovem que se fingiu de morto foi alvo de dois disparos nas costas e está internado. O outro foi baleado no pé.

BRIGA DE FACÇÕES

Na ocasião, as autoridades informaram que o crime ocorreu por conta de uma briga de facções rivais de Vitória e de Cariacica, que acabou vitimando inocentes. Para o delegado Marcelo Cavalcanti, os mortos não seriam o alvo exatamente, pois não teriam envolvimento com o Primeiro Comando de Vitória – que estaria na mira dos assassinos.

"Não tenho dúvidas de que cinco pessoas participaram do crime. As investigações apontam que os autores eram do tráfico do Morro do Quiabo, em Cariacica, e que possuem ligação com uma organização criminosa que atua na Grande Vitória. A princípio, consideramos que os assassinos acreditavam que esse grupo de amigos estivesse ligado ao PCV, mas mataram um monte de gente inocente", descreveu Marcelo Cavalcanti, na última terça-feira (29).

A sigla PCV, citada pelo delegado, é referente ao Primeiro Comando de Vitória, facção que tem sua base no Bairro da Penha, em Vitória, e ramificações em diversas cidades do Espírito Santo. A facção conta com força armada conhecida como Trem-Bala, criando ou tomando pontos de venda de drogas, além de manter relações comerciais de drogas com os traficantes aliados dessas localidades.

Já a organização criminosa em que o tráfico do Morro do Quiabo tem aliança, à qual o delegado se refere, seria a chamada Associação Família Capixaba (AFC). De acordo com fontes policiais ouvidas pela reportagem de A Gazeta, a Família Capixaba é, atualmente, uma facção criminosa que tenta fazer frente ao PCV e possui como base o bairro Mucuri, em Cariacica.

SUSPEITOS PRESOS

Dos cinco autores identificados pela polícia, dois já foram presos. Um deles se entregou à Polícia Civil na tarde deste sábado (3), conforme A Gazeta mostrou em primeira mão, após a mãe dele ter ligado para o delegado responsável pelo caso e levado o filho até a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória.

O jovem de 18 anos não teve a identidade divulgada e, após ser ouvido na DHPP, foi encaminhado ao presídio. O delegado Marcelo Cavalcanti, titular da DHPP de Vitória, não quis revelar qual foi a participação do homem no crime nem dar detalhes do depoimento, como a motivação dos assassinatos, para não atrapalhar as investigações.

O outro suspeito do crime que já foi preso pela polícia foi identificado como Adriano Emanoel de Oliveira Tavares, vulgo "Da Bala" ou "Balinha", de 22 anos. Ele foi localizado na noite de sexta-feira (2) pela Força Tática do 7º Batalhão da Polícia Militar, no bairro de Porto de Santana, Cariacica, e levado para a DHPP em Vitória.

Segundo o delegado que cuida do caso, Adriano possui passagens pela polícia por tráfico de drogas e também teria efetuado disparos contra as vítimas. Contra ele foi cumprido mandado de prisão pelo crime de homicídio qualificado. 

"Dos cinco autores que claramente podemos observar nas imagens no barco, temos três hoje (que faltam serem presos). As investigações ainda continuam e nós estamos atrás de identificar não só outras testemunhas do crime, bem como alguém que possa ter mandado a execução do crime. Nós prendemos dois e faltam três", disse o delegado Marcelo Cavalcanti, em entrevista no último sábado (3).

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