Publicado em 30 de setembro de 2020 às 22:23
A chacina de quatro jovens na Ilha Doutor Américo Oliveira, na Baia de Vitória, é o atual quebra-cabeça da Polícia Civil. Além de localizar os autores, a motivação do crime é outro ponto que deve ser desvendado pelos levantamentos policiais. Inicialmente, a linha de apuração já trata as mortes como o resultado de uma briga entre facções criminosas que atuam no Espírito Santo. >
"Não tenho dúvidas de que cinco pessoas participaram do crime. As investigações apontam que os autores eram do tráfico do Morro do Quiabo, em Cariacica, e que possuem ligação com uma organização criminosa que atua na Grande Vitória. A princípio, consideramos que os assassinos acreditavam que esse grupo de amigos estivesse ligado ao PCV, mas mataram um monte de gente inocente", descreveu Marcelo Cavalcanti, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória.>
A sigla PCV, citada pelo delegado, é referente ao Primeiro Comando de Vitória, facção que tem sua base no Bairro da Penha, em Vitória, e ramificações em diversas cidades do Espírito Santo. A facção conta com força armada conhecida como Trem-Bala, criando ou tomando pontos de venda de drogas, além de manter relações comerciais de drogas com os traficantes aliados dessas localidades. >
Já a organização criminosa em que o tráfico do Morro do Quiabo tem aliança, à qual o delegado se refere, seria a chamada Associação Família Capixaba (AFC). De acordo com fontes policiais ouvidas pela reportagem de A Gazeta, a Família Capixaba é, atualmente, uma facção criminosa que tenta fazer frente ao PCV e possui como base o bairro Mucuri, em Cariacica. >
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A Família Capixaba, porém, também apresenta ramificações no bairro Porto Novo, Morro do Quiabo e Zumbi dos Palmares, em Cariacica; além do Morro da Bomba, Sagrada Família e Pedra dos Búzios, em Vila Velha; e Ilha do Príncipe, em Vitória, segundo fontes policiais militares e civis.>
Se o motivo da morte dos jovens na ilha foi o conflito entre PCV e Família Capixaba, é bom sabermos que não é a primeira vez que gera feridos e mortos. Na localidade do Morro da Bomba e região próxima, os conflitos entre traficantes locais contavam com o apoio dessas facções, em lados opostos. E no meio disso, além de troca de tiros e uma população aterrorizada, ainda há perda de vidas.>
Para o delegado Marcelo Cavalcanti, os mortos não seriam o alvo exatamente, pois não teriam envolvimento com o Primeiro Comando de Vitória que estaria na mira dos assassinos. "Eu não posso dizer que os mortos tinham envolvimento com o tráfico. Um deles tinha passagem por porte e outro por tráfico, mas não tenho elementos para dizer que estavam diretamente no tráfico", afirmou o delegado. >
O titular da DHPP de Vitória explicou que os assassinos gravaram um vídeo antes para confirmar se os seis indivíduos seriam apoiadores do PCV. Porém, a pessoa que recebeu o vídeo descartou.>
"Se eles tivessem certeza, não teriam feito o vídeo antes de matarem o grupo e nem ligado para uma pessoa para confirmar. Um dos assassinos ligou com o telefone de uma das vítimas e tiveram certeza que não eram do PCV, mas acabaram cometendo o crime mesmo assim. O grupo queria atacar alguém e mostrar poder", observou o delegado, em entrevista na terça-feira (29). >
O crime aconteceu na noite de segunda-feira (28), na ilha Doutor Américo Oliveira, que fica na Baia de Vitória, próximo ao bairro Santo Antônio, em Vitória. Na outra margem, fica o bairro Porto de Santana, já em Cariacica. A ilha é um ponto usado por moradores das duas margens para diversão e passatempo.>
No local estavam seis amigos que moravam em Santo Antônio e foram surpreendidos por bandidos, que chegaram de barco na região. Eles renderam e atiraram contra o grupo de jovens, sendo que quatro deles morrem, um conseguiu fugir e outro se fingiu de morto para escapar, já baleado. >
O crime aconteceu na noite de segunda-feira (28), na ilha Doutor Américo Oliveira, que fica na Baia de Vitória, próximo ao bairro Santo Antônio, em Vitória. Na outra margem, fica o bairro Porto de Santana, já em Cariacica. A ilha é um ponto usado por moradores das duas margens para diversão e passatempo. No local estavam seis amigos que moravam em Santo Antônio e foram surpreendidos por bandidos, que chegaram de barco na região. Eles renderam e atiraram contra o grupo de jovens, sendo que quatro deles morrem, um conseguiu fugir e outro se fingiu de morto para escapar, já baleado. >
Nesta quarta-feira (30), a movimentação na DHPP de Vitória foi menos intensa. Promotores de Justiça estiveram no local. O delegado Marcelo Cavalcanti não quis dar detalhes sobre o andamento das investigações. "Estamos trabalhando intensamente e agora é hora de colocar no papel para fazermos os pedidos de prisão", disse o delegado, que afirmou que a equipe dele já identificou os cinco envolvidos que estiveram na ilha e executaram as vítimas. >
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Polícia Civil foi questionada se foi realizado, ainda nesta quarta-feira (30), o pedido de prisão junto à Justiça e quantas testemunhas foram ouvidas. Porém, a nota com o retorno não responde a nenhum dos questionamentos, afirmando apenas que diligências foram iniciadas logo após o fato e seguem em andamento. >
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