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Capixabas se mobilizam para ajudar quem tem fome; veja como fazer também

Capixabas se mobilizam para ajudar quem tem fome; veja como fazer também

Série de reportagens de A Gazeta provocou muitas pessoas que, sensibilizadas com o cenário de miséria, buscam meios de colaborar com a população mais vulnerável

Publicado em 20 de março de 2022 às 13:27

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Especial Pobreza: geladeira vazia na casa de Maria das Graças Machado, a Gracinha, em Boa Vista, Vila Velha
Neta de Maria das Graças Machado, que vive com quatro crianças e não tem renda fixa, abre a porta da geladeira que tem água, ovo e um pouco de frango doado pelo vizinho. (Fernando Madeira)

Para abrandar a fome, muitas pessoas dependem da solidariedade de outras, e a ajuda chega por movimentos sociais e religiosos, por empresas e até de um gesto individual. A série de reportagens que A Gazeta publicou nesta semana sobre a pobreza no Espírito Santo também despertou mais capixabas para o desejo de ajudar. Mas é mesmo difícil ser indiferente à realidade que escancara a desigualdade e a falta de oportunidades para uma parcela expressiva da população. Por isso, tantos se mobilizam em prol dos mais vulneráveis; saiba também como ajudar. 

Os sócios Wesley Silva e  Crislei Lobão, da CWL Elétrica, há cerca de um ano começaram a distribuir cestas básicas para algumas famílias da região de Cidade Continental, na Serra, onde a empresa está instalada. Foi uma maneira que encontraram de contribuir para a comunidade. Nesta semana, decidiram levar a iniciativa também a famílias retratadas na reportagem. 

Wesley conta que, em geral, a distribuição é feita por três meses, até que as pessoas se restabeleçam de eventual dificuldade; e depois, outras pessoas são contempladas. "Todo mês procuramos cadastrar novas famílias. Eu penso que, se cada um fizesse um pouco, a situação não estaria tão difícil assim para tanta gente", observa o empresário. 

Melissa Emanuelle da Vitória Alves, idealizadora do projeto Recriar ESconta com o apoio de voluntários para recolher doações e dar assistência a mais de 300 famílias e 197 crianças, em Vila Velha, como a de Maria das Graças Machado, a Gracinha, uma mulher sem renda fixa que vive com quatro crianças. Na geladeira da sua casa, há água, ovo e um pouco de frango doado pelo vizinho. 

É por isso que, mesmo com dificuldade, Melissa usa uma Kombi para circular por bairros da Grande Vitória e, com um alto-falante, para diante de prédios e casas solicitando contribuição. Com o que recolhe, monta cestas básicas e, especialmente, alimenta os pequenos que vão para a entidade fazer atividades esportivas e  culturais e ter aulas de reforço escolar.  Muitas deles não têm comida em casa. 

As doações também podem ser feitas por Pic Pay, nos endereços @projetorecriares e @projetorecriar, ou Pix, cuja chave é o telefone do projeto - (27) 98801-0769

A cabeleireira Charliane Helena de Melo também recolhe alimentos com o marido, o pastor Enivaldo Justino, para distribuir em comunidades carentes, como Vale da Conquista, na região de Terra Vermelha, em Vila Velha. O casal recebe ainda roupas, calçados e brinquedos que fazem a alegria das famílias contempladas.

Ação social em Vale da Conquista promovida por um grupo de voluntários
Ação social em Vale da Conquista, Vila Velha, promovida por um grupo de voluntários no último fim de semana. (Divulgação/Charliane de Melo)

Assim como o Recriar, o trabalho se sustenta com o apoio de voluntários, de fiéis de igrejas evangélicas ou católicas, ou mesmo de pessoas que não frequentam nenhuma igreja, segundo Charliane. No último fim de semana, o grupo foi até o bairro para mais uma ação social. Para quem quiser contribuir, a cabeleireira compartilha o celular pessoal: 99748-3090.

Já o Instituto Raízes atende famílias cadastradas da região central de Vitória. Jocelino Júnior conta que, desde o início da pandemia, mais de 3 mil foram beneficiadas, mas a demanda é permanente.

As doações para a campanha "Saco Vazio Não Para em Pé" podem ser realizadas pelo Pix da entidade, cujo número é o CNPJ 33.253.187/0001-94, ou pelo PicPay @institutoraizes.

A Arquidiocese de Vitória também promove uma campanha de enfrentamento da fome a fim de alcançar as pessoas em maior vulnerabilidade.  São 13 mil famílias cadastradas, mas o atendimento mensal beneficia cerca de 2,5 mil. Assim, as doações, de pessoas físicas ou jurídicas, são sempre bem-vindas. 

Denominada "Paz e Pão", a campanha funciona como um guarda-chuva para diversas ações, afirma um dos coordenadores da campanha, Kelder Brandão, vigário episcopal para Ação Social da Arquidiocese. Ele conta que, da Festa da Penha de 2021 até o momento, conseguiram arrecadar 400 toneladas de alimentos. Os recursos são obtidos por um banco de doadores permanentes, doações avulsas de dinheiro e de cestas básicas. 

O padre Kelder aponta que a "Paz e Pão" se baseia em três eixos, e começa pelo enfrentamento imediato da fome que, entre estratégias diversas, estabelece parcerias para distribuição de cestas e outros itens de primeira necessidade. O mais recente apoio é da Fundação Banco do Brasil com a qual a campanha vai distribuir vale-gás. "A construção de parcerias é importante porque esta é uma situação que é responsabilidade de todos."

O segundo visa à qualificação, e conforme ressalta o padre, para ir além do assistencialismo. "É preciso consciência sobre as causas e consequências da fome, sobretudo de que existe uma relação direta com a violência. A fome por si só é a maior de todas as violências. O Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo e, ter pessoas passando fome, é uma vergonha! Não se trata de falta de alimentos no país, mas da concentração na mão de poucos", lamenta. 

Por fim, a incidência política é apontada como o terceiro eixo e trata-se de cobrar do poder público políticas adequadas para garantir que  os mais vulneráveis tenham acesso à comida em quantidade e qualidade de modo a atender as necessidades nutricionais básicas das famílias. 

"Uma coisa simples, e que funcionava bem, era o restaurante popular. Por que fechou e não abriu mais? Além disso, podem ser feitos bancos de alimentos, cozinhas comunitárias e solidárias. Mas, às vezes, o que falta é vontade política e sensibilidade de alguns gestores", pontua. 

As doações à campanha "Paz e Pão" podem ser feitas na conta-corrente do Banestes - 104 - 32.054.793, no PicPay: @pazepao ou pelo  Pix [email protected].

COLETA SELETIVA

Contudo, o cenário econômico não está fácil, mesmo para quem está fora da linha da pobreza. Então, dispor de dinheiro cotidianamente para doação ou montar uma cesta básica sozinho pode não caber no bolso. Sabe uma alternativa para contribuir? Fazer a separação correta do lixo.

Ana Nascimento, presidente do hub de inovação Coriolís, diz que um dos programas que desenvolve é com as associações de catadores de recicláveis. O trabalho tem como uma das estratégias inserir pessoas em situação de rua nessas entidades, como o Fernando Martins e o Moisés Rodrigues, personagens da reportagem de A Gazeta, para que tenham ocupação e renda.

"Claro que não é colocá-los lá dentro e virar uma chavinha. Trabalhamos com redução de danos. Ouço, muitas vezes, críticas a essas pessoas como se estivessem na rua porque querem, porque são viciadas, vagabundas. É uma cadeia de situações que as colocou ali. Não dá para virar e dizer 'vai fazer uma faculdade', se não têm o que comer, se precisam curar um vício", pontua Ana Nascimento.

Mas as associações podem ser, segundo afirma Ana, uma porta para a mudança de vida que buscam. Em uma entidade acompanhada pelo hub de inovação, em Vila Velha, o rendimento mensal do catador de reciclável saltou de R$ 600, no final de 2019, para R$ 3,2 mil. E está aí a importância da reciclagem. "Quanto mais material reciclável chega às associações, mais postos de trabalho consegue gerar e mais renda. A separação de lixo é um ato político", defende.

As prefeituras da Grande Vitória também têm uma relação de entidades cadastradas e que podem receber apoio. O foco nem sempre vai ser famílias vulneráveis ou em população em situação de rua, mas nas organizações que precisam de suporte para manter o atendimento a seu público. Cariacica e Vila Velha divulgaram a lista de seus municípios. 

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Sociedade Civil de Vila Velha

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ONGs de Vila Velha

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