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Câmara de Vitória discute regras para eventos na Praça do Papa

Câmara de Vitória discute regras para eventos na Praça do Papa

Diante de reclamações de moradores da região, audiência pública será realizada nesta quarta-feira (2) para debater a realização de shows e feiras no espaço instalado na Enseada do Suá

João Barbosa

Repórter / [email protected]

Publicado em 2 de julho de 2025 às 17:35

Praça do Papa, na Enseada do Suá, em Vitória
Utilização da Praça do Papa para a realização de eventos incomoda moradores Crédito: Prefeitura de Vitória/Divulgação

Quem passa pela região da Praça do Papa, na Enseada do Suá, em Vitória, deve estar acostumado com o espaço público de lazer sendo utilizado para a realização de eventos de cunho cultural e comercial, como shows, feiras e exposições, por exemplo. Esse cenário, porém, pode mudar. Por meio de uma audiência pública a ser realizada nesta quarta-feira (2), às 19 horas, novas regras serão debatidas na Câmara de Vereadores de Vitória para a regulamentação do uso da praça, de forma a não prejudicar os moradores da região.

A Associação dos Moradores, Empresários e Investidores da Enseada do Suá (Ameis) lembra que, em 2016, um decreto chegou a ser publicado ditando normas específicas para o uso da Praça do Papa, voltado para a regulamentação do espaço público “considerando seu alto potencial turístico, contemplativo e de lazer”. Porém, em 2022, o decreto foi revogado, resultando em maior utilização da praça para eventos, em sua maioria privados.

“Essa mudança gerou preocupações e reclamações entre os moradores locais devido a impactos como poluição sonora, segurança, questões sanitárias e restrições ao uso recreativo do espaço”, destaca a Ameis, em nota.

A advogada Letícia Vargas Peixoto, vizinha da praça, relata que, além das reclamações pontuadas pela associação de moradores, até animais já chegaram a ficar gravemente feridos após eventos no espaço.

“Um cachorro que estava passeando teve a pata dilacerada porque pisou em um daqueles buracos que servem como fixadores das barras que seguram as estruturas de show. Crianças frequentam ali e sempre tem caco de vidro pelo chão. Na grama, tem resto de comida, latas e outras coisas que são deixadas”, diz, expondo a preocupação que é compartilhada por outros vizinhos.

Letícia reconhece que, após os eventos, ações de limpeza são realizadas na praça. Mas, ainda assim, os esforços não seriam suficientes para a preservação do espaço público.

“Além disso, o barulho é infernal para quem mora em frente. Tem gente com filho autista que reclama e tem gente que quer vender apartamentos, que ficam desvalorizados”, completa.

Procurada, a Prefeitura de Vitória não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta matéria.

Segundo Paulo Fonseca Junior, presidente da Espírito Santo Convention, entidade que atua no fomento do turismo no Estado, a reclamação de moradores é válida. Mas ele destaca que os eventos são realizados de acordo com tratativas feitas entre os organizadores e a prefeitura da Capital.

“Nós buscamos manter sintonia e harmonia com a comunidade para realizar os eventos gerando emprego e renda. Dentro do termo de conduta que temos com a prefeitura, também temos o compromisso de realizar uma vistoria sobre impactos na praça”, diz Fonseca.

Quem reforça a realização dos shows dentro de normas definidas com a Prefeitura de Vitória é Pablo Pacheco, diretor regional da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape).

“Vitória é uma ilha que dispõe de poucos espaços para a realização de grandes eventos e a praça é um espaço que, historicamente, os recebe. Entendemos o impacto urbano e participamos de reuniões com a comunidade para definir o número máximo de shows e regulamentar horários e dias em que podem ser realizados ao longo do ano”, frisa.

Segundo Pacheco, apesar das reclamações, os eventos na Praça do Papa também movimentam o setor turístico e econômico de Vitória, com geração de emprego e renda. “É importante termos alguns limites e regras para que essa utilização não tenha um impacto excessivo no entorno da praça, mas defendemos a realização dos eventos, inclusive sabendo que uma parte dos moradores da Enseada não é contra”, destaca.

O diretor da Abrape ainda cita que o órgão é favorável à criação de um novo decreto com regras que viabilizem os eventos, como era o de 2016, apontando datas, espaço a ser utilizado na praça e definição de horários para as atividades.

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