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Publicado em 26 de novembro de 2025 às 16:35
Três anos após o ataque brutal a duas escolas de Aracruz, na Região Norte do Espírito Santo, amigos e familiares das vítimas vão se reunir na próxima sexta-feira (28) para uma manifestação em homenagem às professoras Flávia Amboss, Maria da Penha Banhos e Cybelle Bezerra e à estudante Selena Sagrillo, mortas a tiros por um adolescente de 16 anos. A tragédia ocorreu em 25 de novembro de 2022, na Escola Estadual Primo Bitti e na escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral. >
A ação de sexta (28), organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), começará às 15h na Praça do Papa, em Vitória. Do local, o grupo vai caminhar em direção à Praça do Cauê, em frente à Escola Professora Flávia Amboss Merçon Leonardo, em Santa Helena, também na Capital. A instituição de ensino, antes batizada de Professor Fernando Duarte Rabello, recebeu o nome de Flávia após o ataque ocorrido em Aracruz.>
Segundo a organização da manifestação, além da homenagem, também haverá pedidos de revisão da soltura do jovem responsável pelo ataque — hoje maior de idade — e apelos pela exoneração do pai dele da Polícia Militar. >
“Entendemos que essa ação é importante para a defesa dos direitos humanos e para chamar a atenção do poder público para o reconhecimento do ataque e do processo indenizatório das famílias das vítimas de Aracruz”, diz Diego Ortiz, diretor do MAB.>
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Na época, então menor de idade, o criminoso utilizou duas armas de fogo de propriedade do pai para consumar os ataques na Escola Primo Bitti e no Centro Educacional Praia de Coqueiral. >
Na primeira instituição de ensino, o atirador vitimou três professoras: Maria da Penha, 48 anos; Cybelle, 45; e Flávia, 38. A última chegou a ser socorrida em estado grave, mas morreu no dia seguinte no Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra.>
No colégio particular, o adolescente atingiu três alunos em um minuto de ataque, sendo que Selena, de 12 anos, morreu no local. Além dos atingidos pelos tiros, outros alunos ficaram feridos ao fugir do assassino pulando as janelas das salas de aula, localizadas no segundo andar do prédio.>
Flávia era ativista do MAB e atuava como militante pelo direito de comunidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em Mariana (MG), em 2015. Na época, ela era moradora da Vila de Regência, em Linhares, e também foi prejudicada pelo desastre ambiental.>
Grayce Lourdes Amboss, mãe de Flávia, conta que, além da manifestação no Espírito Santo na sexta-feira, um livro da professora relacionado ao rompimento da barragem será divulgado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).>
Intitulado de “Imprensados no tempo da crise: a gestão das afetações no desastre da Samarco (Vale e BHP Billiton)", o livro foi publicado postumamente pela coordenação do MAB e carrega relatos sobre a atuação de militância de Flávia.>
“No Espírito Santo, o esposo da Flávia vai representar a família. Já em Minas, vou com meu esposo para a divulgação do livro. É muito gratificante ter esse espaço para falar dela, uma mulher tão amorosa e respeitada”, diz a mãe.>
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Juliana Nicole, coordenadora do MAB, diz que o legado da professora se mantém nas reivindicações, como as da próxima sexta-feira (28). >
“O atentado de Aracruz foi um dos episódios mais cruéis e tristes da história do Espírito Santo. A gente quer reafirmar que Mariana nunca mais, Brumadinho nunca mais e Aracruz nunca mais. [Essa] é uma justa homenagem à luta da Flávia, que representa uma mulher professora que dedicou a vida à educação pública”, completa Juliana.>
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