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Associação Médica alerta para sobrecarga em leitos no ES

Associação Médica alerta para sobrecarga em leitos no ES

A informação foi divulgada pelo presidente da entidade, o médico Leonardo Lessa Arantes, em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, na manhã desta sexta-feira (29)

Publicado em 29 de maio de 2020 às 10:33

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Novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra.
Leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra. . (Reprodução/TV)

A Associação Médica do Espírito Santo (Ames) afirma que há uma sobrecarga e que pode haver um colapso nos leitos da rede estadual de saúde. A informação foi divulgada pelo presidente da entidade, o médico Leonardo Lessa Arantes, em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, na manhã desta sexta-feira (29). Segundo Lessa, a associação, que tem recebido uma série de reclamações por parte de profissionais, afirma vivenciar uma situação de pré-colapso nos leitos da rede pública estadual, tanto de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) quanto de enfermaria.

Ele cita a ocupação de leitos de UTI na Grande Vitória, que segundo números atuais do Painel Covid-19, está em 86%, e afirma que isso está sobrecarregando o atendimento a pacientes de outras necessidades.

“Isso é muito preocupante. Porque o governo do Estado já colocou alguns hospitais exclusivamente para atendimento aos pacientes com Covid, só que, além desses, nós temos que lembrar que temos pacientes que continuam tendo outras doenças. Nós temos pacientes que têm AVC, que têm infarto agudo do miocárdio. Esses pacientes precisam de vaga de UTI também, e eles não têm mais para onde ir, porque as UTIs do Estado estão virando UTIs exclusivamente para Covid. E a pessoa que precisa de uma UTI hoje, ela corre o risco de, ao entrar numa UTI dessa, entrar saudável e sair de lá contaminada”, disse.

Como exemplo, o presidente da Associação citou o Hospital Estadual de Urgência (HEUE) e Emergência, o antigo São Lucas, em Vitória. Leonardo Lessa afirma que, com a mudança no recebimento de pacientes em outros hospitais, o HEUE ficou praticamente exclusivo para o atendimento de pessoas com traumas e outras enfermidades. No entanto, há casos em que pessoas nessas condições chegam também infectadas por Covid-19, podendo causar a infecção de outras pessoas no próprio hospital.

“A situação do Hospital São Lucas é uma situação particular, porque ele é o hospital de trauma. E com fechamento do hospital Jayme dos Santos Neves e de outros locais, ele ficou praticamente exclusivo para o atendimento a pacientes politraumatizados, como acidentados, vítimas de tentativa de homicídio e etc. E esse hospital começou a receber pacientes também infectados por Covid ou as pessoas que têm trauma, mas também têm infecção por Covid, e acontece a reinfecção dentro do próprio hospital, e isso acontece mesmo”, explicou.

SITUAÇÃO NA REDE PARTICULAR 

Lessa também afirma que a decisão do Estado em não construir hospitais de campanha pode contribuir para o colapso previsto pela associação. “Houve uma opção do governo do Estado em não construir hospitais de campanha. Dessa maneira, ele tentou comprar leitos em rede particular e outras maneiras para suprir isso. Mas é aquele caso do cobertor curto, ele cobriu a cabeça, mas descobriu os pés. E o risco hoje que nós temos é de um colapso no Estado tanto na rede pública quanto na rede privada”, afirmou.

O presidente da associação afirmou que está acolhendo as informações que chegam à entidade para acionar as instituições responsáveis, como o Ministério Público Estadual e Federal.

O QUE DIZ A SESA

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) foi procurada pela reportagem e respondeu por nota. Sobre o caso de contaminação em hospitais, esclarece que "a transmissão do novo coronavírus é comunitária, portanto, qualquer paciente que dê entrada na rede estadual de urgência e emergência com quadro clínico de trauma, por exemplo, pode estar contaminado. Cada caso é devidamente avaliado para a equipe da unidade estabelecer a conduta médica e de internação, se necessário".

Sobre o hospital de campanha, disse que "a medida a ser adotada como prioridade de governo é investir na abertura de leitos em hospitais já existentes, na rede própria, privada e filantrópica, com equipe médica e de enfermagem capacitada e preparada para o atendimento, com fluxo médico e logístico já implantados, para garantir um atendimento de qualidade. Novas contratualizações estão previstas e a projeção é chegar no mês de julho com mais de 1.300 leitos específicos para Covid-19. Destes, cerca de 700 leitos serão de UTI. A Sesa ressalta que a implantação de um hospital de campanha é uma estratégia possível para o Estado, à medida que outras estratégias que estão sendo implementadas, não sejam mais suficientes".

Disse ainda que "a abertura de leitos no Espírito Santo representa praticamente a quantidade de leitos de quatro hospitais de campanha, e que está em diálogo com os municípios para a implantação de tendas de campanha, com boxes de isolamento, nas Unidades de Pronto Atendimentos (UPAS) e Prontos-socorros, na Grande Vitória e em alguns municípios do interior, de maneira que se consiga estabelecer um fluxo de atendimento a esses pacientes na atenção pré-hospitalar".

O QUE DIZ O SINDHES

Segundo o superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Espírito Santo (SINDHES), Manoel Gonçalves, a ocupação de leitos para internação na rede privada estava em 78% até a tarde desta quinta-feira (28). Sobre a venda de leitos à rede pública, ele afirma que os hospitais mantêm uma quantidade adequada de leitos para os planos de saúde, respeitando os contratos.

Aspas de citação

É um volume grande (de ocupação). Mas todas as empresas têm a preocupação de reservar a quantidade de leitos adequada para a medicina suplementar (convênios). A nossa preocupação é sobre o nível que a pandemia vai atingir, sobre a necessidade de leitos. O Estado está fazendo readaptações na sua rede para aumentar os leitos, e os hospitais privados, em alguns setores, estão aumentando a oferta de Terapia Intensiva

Manoel Gonçalves
Superintendente do SINDHES
Aspas de citação

Segundo o Painel Covid-19, do governo do Estado, a rede de saúde conta com 1085 leitos para tratamento do novo coronavírus, sendo 507 de UTI e 578 de enfermaria. A taxa de ocupação total é de 67,37%*.

*Dados consultados em coronavirus.es.gov.br/leitos-uti em 29/05/2020 às 08h40

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