Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 17:36
Com paciência e fisioterapia diária, a empresária Clesiane de Fátima Viana, de 34 anos, tenta se adaptar a uma nova rotina após ter sido atingida pelo pedaço de um poste, na Praia de Itaparica, em Vila Velha. Atualmente grávida de seis meses, a mulher luta contra a dificuldade para andar, enquanto também precisa se preparar para a chegada do filho. >
Em entrevista à apresentadora Rafaela Marquezini, da TV Gazeta, a empresária contou que tudo aconteceu em um domingo, no horário do almoço. Ela teria ido à orla com o marido, para almoçar, quando foi surpreendida por uma dor muito intensa na cabeça.>
"A gente estava mexendo no quarto do bebê, e decidimos ir almoçar na praia, comer um camarãozinho, uma porção, para depois continuar o serviço. Quando a gente parou – ficamos naquela dúvida, vendo se o quiosque estava com mesa vazia –, de repente senti uma pressão na cabeça, um barulho, um zumbido muito forte, e caí", relembrou.>
Clesiane de Fátima Viana
EmpresáriaImagens registradas por uma câmera de videomonitoramento flagraram o incidente (veja abaixo). Clesiane sofreu uma fratura no crânio e, por conta da gravidade do quadro, precisou passar por cirurgia. Após uma internação de 10 dias, recebeu alta e foi para casa. O neném, segundo a família, passa bem.>
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De acordo com Clesiane, ainda enquanto era socorrida na praia, ela já começou a sentir um formigamento nas pernas. >
Logo após ser atingida pelo poste, Clesiane foi encaminhada para atendimento no Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória – de onde teve alta no mesmo dia. Em casa, ela desmaiou e foi levada pelo marido a um hospital particular. A principal reclamação da família é que nenhum exame de imagem foi realizado na unidade para identificar se a empresária havia sofrido algum trauma local ao ser atingida na cabeça. >
"Só suturaram. Deram remédio para dor, porque estava doendo muito a minha cabeça. Anestesiaram o local, fizeram a limpeza, rasparam o meu cabelo e fizeram a sutura. E aí me deram alta. Voltei carregada. Cheguei em casa, trocando os pés. Mas no caminho a gente já tinha decidido voltar para um hospital particular, para procurar mais exames e investigar melhor", disse. >
Procurada na ocasião, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirmou que o HEUE, o antigo São Lucas, abriu processo de sindicância para apurar a conduta adotada no atendimento à paciente, dando a oportunidade para a equipe médica se manifestar, e, depois, adotar as medidas que forem cabíveis.>
Agora, em casa, a empresária conta com o apoio da família para se recuperar e receber o filho da melhor forma possível. >
"Nossa prioridade é ele estar bem, e eu me recuperar, para poder cuidar dele depois. As partes materiais vão ficar para um segundo momento, quando a gente for melhorando. O quarto do neném está uma zona (risos). Do jeito que saí para almoçar no domingo, ficou".>
Mas as marcas psicológicas do acidente devem demorar a cicatrizar. Um dos grandes sonhos de Clesiane, que era ter o bebê por parto normal, por exemplo, já não será mais possível. A recomendação dos médicos é que o procedimento seja feito por meio de cesárea. >
"Felicidade seria uma palavra muito forte. Estou feliz em estar bem. Mas falar 'ai, que felicidade', não. Minha vida está parada. Minha empresa está parada. O quarto do meu filho está parado", afirmou, emocionada.>
A empresária também criticou a falta de manutenção dos postes da cidade e alertou para os riscos que essas estruturas podem representar, sobretudo neste período de final de ano. >
"Muita irresponsabilidade. Se tem que ser trocado em um determinado prazo, por que não foi? E se é uma criança atingida, se eu tô com eu filho no colo, se é um idoso ou uma pessoa mais debilitada? Isso não pode acontecer. Está chegando o verão, turistas, e acontece uma coisa dessas?", questionou.>
Questionada pela reportagem, a Prefeitura de Vila Velha afirmou, à época, que estava em contato permanente com a família da empresária. Sobre a estrutura do poste, a administração municipal reforçou que a iluminação da cidade, em áreas públicas comuns, como a orla, é de responsabilidade do consórcio SRE IP Vila Velha, fruto de uma PPP (Parceria Público Privada) vigente desde 2020, pelo prazo de 20 anos.>
"Desde maio de 2022, o consórcio de empresas vem recebendo notificações da prefeitura apontando a necessidade urgente de substituição de diferentes postes, contendo relatórios fotográficos, incluindo o que atingiu a empresária. A última notificação ocorreu em 23 de novembro deste ano, sem resposta. Nesta segunda-feira (4) o consórcio foi novamente notificado. Por obrigação contratual, o consórcio deve manter a estrutura dos postes segura, o que não aconteceu. Por isso, o consórcio de empresas acumula multas que superam o valor de milhões. Outra cláusula, prevê pagamento de seguro, em caso de acidente, por parte do consórcio", disse a prefeitura. >
A Prefeitura de Vila Velha destacou que continua exercendo o papel de fiscalizador do contrato e não descarta novas multas por descumprimento das cláusulas contratuais por ineficiência no serviço prestado e omissão de informações e socorro à vítima.>
A Gazeta tenta contato com a SRE IP Vila Velha. O espaço segue aberto.>
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