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Estacionamento do Cais das Artes vai virar praça com quiosque e cinema

Estacionamento do Cais das Artes vai virar praça com quiosque e cinema

Obra, que já custou mais de R$ 129 milhões, está parada desde 2015 por impedimento judicial. Em nova proposta, praça ocupará metade da área que era destinada ao estacionamento de carros do complexo cultural

Publicado em 14 de maio de 2021 às 14:35

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Estacionamento do Cais das Artes vai virar praça após mudança
Estacionamento do Cais das Artes vai virar praça após mudança. (Divulgação)
Autor - Pedro Permuy
Pedro Permuy
Repórter do Divirta-se / [email protected]

O novo Cais das Artes sofreu mudanças e, agora, deve contar até com uma praça que atenderá turistas e moradores que visitarem o local. Parte do estacionamento do complexo cultural servirá de espaço de lazer para os munícipes após o Departamento de Edificações e de Rodovias do ES (DER-ES) aprovar a sugestão da Associação de Moradores da Enseada do Suá, bairro em que o complexo cultural se encontra.

A proposta foi noticiada por A Gazeta em 2019. Nela, a obra sugerida pela associação contempla área para quiosque, área esportiva, elemento de contemplação e até cinema ao ar livre. “O DER e a associação chegaram ao acordo de que a praça vai ocupar metade do local estabelecido para o estacionamento”, diz posicionamento oficial da pasta enviado à reportagem. 

Estacionamento do Cais das Artes vai virar praça após mudança
Estacionamento do Cais das Artes vai virar praça após mudança. (Divulgação)

Ainda segundo o órgão, não há prazo nem expectativa de quanto será investido para que a mudança seja feita. No entanto, na prática, a movimentação ainda não tem prazo para acontecer. Isso porque a obra do edifício projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que já custou mais de R$ 129 milhões dos cofres do governo do Estado, está embargada por impedimento judicial desde 2015, quando um dos consórcios que executou o projeto fez questionamentos sobre pagamentos e medições na Justiça.

Os processos judiciais estão suspensos até o dia 22 deste mês. O motivo é que o Executivo capixaba e diretores da empresa pediram a suspensão para tentarem negociar uma resolução para o imbróglio, mas, segundo a reportagem apurou com o DER-ES, ainda não há consenso sobre um acordo a ser fechado.

“Nós estamos finalizando um acordo para retomar a construção pela mesma empresa que estava realizando os trabalhos quando tudo foi paralisado, que é a que está na Justiça. A expectativa é retomar mesmo neste primeiro semestre e, é claro, vamos precisar de orçamento para isso. Isso já está sendo construído e em breve teremos mais detalhes e valores quando tudo estiver mais consolidado”, relatou o titular da Cultura há quatro meses. Até agora, o cenário burocrático da coisa não mudou.

Cais das Artes
O Cais das Artes visto de longe pela Baía de Vitória . (Carlos Alberto Silva)

A PRAÇA

A praça que deve ser incorporada ao terreno anexo ao que está o Cais das Artes propriamente dito surgiu de uma sugestão dos moradores do entorno do local, que consideram a obra faraônica um verdadeiro “elefante branco”. A ideia seria usar mais um espaço ocioso para atender o lazer dos moradores de Vitória, que hoje não dependem tanto de carro assim para se locomover, como defende o presidente da Associação de Moradores da Enseada do Suá (Amei-ES), Eduardo Borges.

"Quando o Cais das Artes foi pensado com um estacionamento daquele tamanho, não existiam aplicativos de mobilidade como há hoje, a malha cicloviária de Vitória era bem menor e não tinha nem Lei Seca. Hoje as pessoas criaram o hábito de não depender do carro assim e não tem motivo para manter um espaço com tantas vagas ociosas logo na Baía de Vitória. A praça abarcaria essa necessidade que temos de um local público de lazer, já que, na Praça do Papa, o espaço serve mais para protestos, eventos, do que para o lazer mesmo dos moradores”, avalia.

Segundo ele, o retorno do DER, assim como o órgão confirmou, foi positivo para as mudanças. “O DER, junto à Prefeitura de Vitória, acatou as mudanças para que fosse construída essa nova estrutura por lá, que ainda poderia ter mirante e outras estruturas para contemplação da paisagem, que é linda daquele ponto. Por fim, foi a obra paralisada que embargou tudo mesmo”, lamenta.

Aspas de citação

Além de estarmos sem o Cais das Artes, a obra da praça só pode sair quando esse outro problema for resolvido na Justiça. Estamos sem Cais e sem praça

Eduardo Borges
Presidente da Amei-ES
Aspas de citação

Em nota, o DER confirma: “O Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) informa que foi realizada uma reunião com representantes da Associação de Moradores e Empresários da Enseada do Suá para discutir a implantação de uma praça no local onde será o estacionamento do Cais das Artes. O DER-ES e a associação chegaram ao acordo de que a praça vai ocupar metade do local estabelecido para o estacionamento. O órgão informa ainda que não possui os projetos das novas intervenções da praça solicitada pelos moradores. Assim, ainda não é possível afirmar valores e informações das obra”.

Data: 25/03/2010 - ES - Vitória - Area onde será edificada o Cais das Artes, na Enseada do Suá, proximo da Cruz do Papa (Gildo loyola)

TUDO SOBRE O CAIS DAS ARTES

Desconsiderando novas avaliações que possam revelar que o Cais das Artes necessite de algum tipo de recuperação por dano causado pela ação do tempo em que a obra está parada, a edificação precisava de conclusão no teatro, museu e praça (uma que já estava prevista no projeto original).

Ao todo, o teatro teria 600 metros quadrados com 1,3 mil lugares e um vão livre de mais de 25 metros de altura até o teto. O museu compreenderia um espaço de 2,3 mil metros quadrados com auditório para 225 pessoas, cinco salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção e cafeteria. Já a praça original foi projetada para ter cafeterias, livrarias e espaços para espetáculos e exposições ao ar livre.

O CAIS DAS ARTES ANO A ANO

  • 2010
  • Oficialmente, as obras começaram em 2010, no fim do segundo mandato do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB). O investimento total seria de R$ 115 milhões.

  • 2012
  • A previsão de entrega do empreendimento estava prevista para 2012, mas a construtora que executava os serviços, Santa Bárbara, faliu e, o contrato, foi reincidido.

  • 2013
  • Neste ano, as obras foram retomadas após uma nova licitação que contratou o Consórcio Andrade Valladares - Topus.

  • 2015
  • As obras foram realizadas até maio de 2015, quando sofreram nova paralisação. Depois disso, no começo de junho, voltaram a prosseguir, mas, no mesmo mês, pararam novamente no dia 15. Ainda em 2015, o governo anunciou que teria que contratar uma nova empresa, a terceira, para finalizar a construção. A entrega seria em 2018.

  • 2016
  • Em agosto foi feita uma nova licitação, mas para contratar uma consultoria de engenharia, que faria uma avaliação da obra e um balanço do que ainda precisaria ser feito. Neste ponto, o Governo do Estado já previa gastar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões a mais no orçamento.

  • Neste ponto, desde 2010, o que foi construído nem chegou a ser utilizado e já precisou de reparos devido à ação do tempo e abandono ao empreendimento.

  • 2018
  • Já em 2018, em abril, o Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes) licitou uma nova empresa para gerenciar a obra. A Planesp Engenharia ganhou a chamada no valor de R$ 3,8 milhões para executar o serviço.

  • Em julho deste ano, Paulo Hartung e a Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop) anunciaram que as obras seriam retomadas em dezembro de 2018 e deveriam ser entregues até 2020. No mês, já havia sido gasto, ao todo, mais de R$ 129 milhões com o que era para ser o maior espaço cultural do Espírito Santo, inicialmente, com entrega prevista para 2012. Com a previsão de gastos divulgada naquela época, o valor total chegaria à casa dos R$ 229 milhões.

  • Em setembro, o governo lançou edital para licitar a empresa que terminaria as obras do empreendimento. Mas, em outubro, suspendeu o edital sem data para republicá-lo.

  • 2019
  • Em março, o governo decidiu retirar mais de R$ 14 milhões que custeariam parte das obras de finalização do Cais das Artes para abrir um crédito suplementar à Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano. Ainda em março, o Iopes garante que iniciou um processo de levantamento do equipamento cultural para ver o saldo da obra e retomar a execução do projeto com a empresa Andrade Valladares - Topus, a mesma que cuidava do canteiro de obras em 2015.

  • 2020
  • Em janeiro, o governo esperava retomar as obras ainda em 2020. Em entrevista à Gazeta, o secretário de Estado da Cultura, Fabrício Noronha, disse que iria, também, intensificar um debate com a sociedade artística para falar sobre o futuro uso do local. Sobre as obras, na ocasião, o titular da pasta do Executivo capixaba reiterou a necessidade de o processo na Justiça se resolver.

  • 2021
  • Em janeiro, Noronha disse que o governo pretende retomar a construção do Cais das Artes no primeiro semestre do ano e fala que o Executivo está em discussão para entrar em acordo com a empresa que processou o Estado na Justiça.

  • Agora, associação de moradores da Enseada do Suá propôs mudança na área do estacionamento do Cais das Artes e o DER-ES, responsável pela obra, acatou. Com a modificação, metade da área reservada para os carros dos visitantes vai virar praça com mirante e local de contemplação para atender munícipes e turistas que visitarem o local. Ainda assim, não há prazo de retomada para obras. 

  • Oficialmente, governo tem até o dia 22 de maio para definir se fará ou não acordo com o consórcio reclamante na Justiça ou seguirá com o processo pelas vias comuns. 

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