
Estamos a 48 horas do início da vigência das novas tarifas de exportação anunciadas por Donald Trump. Uma expectativa inquietante, que mobiliza autoridades políticas e empresariais nacionais, em especial no Espírito Santo, onde 33,9% das vendas ao exterior têm como destino os Estados Unidos. Em destaque as rochas ornamentais, o aço, a celulose, o minério, o café e outros produtos do agro.
O aviso é claro: se o Brasil passar a ser de fato taxado em 50%, a competitividade dos nossos produtos despencará, provocando a redução da produção e, no pior dos cenários, gerando uma onda de desemprego não só nos setores diretamente afetados, como nas cadeias produtivas relacionadas. É o caso da indústria de base capixaba, fornecedora de peças e serviços para os setores de celulose, siderurgia, mineração e petróleo.
Tudo aquilo que, por mais que seja da ordem da macroeconomia, acaba afetando o equilíbrio social. Em efeito dominó, as perdas serão repassadas entre os setores e atingirão a população, com mais pessoas sem trabalho, pressionando os serviços essenciais e reduzindo o consumo. Quem está alheio ao que está acontecendo precisa mudar de postura, sob o risco de ser pego de surpresa.
No Espírito Santo, governo do Estado e o setor produtivo estão se preparando para os piores cenários. O vice-governador Ricardo Ferraço, que lidera o comitê de crise, afirmou que o governo analisa a abertura de linhas de crédito ou alguma renúncia fiscal para a manutenção dos empregos nos setores mais afetados. Em Brasília, também há discussão sobre um fundo para dar crédito a empresas.
Esforços para reduzir os danos. Medidas contingenciais que são fundamentais para segurar a economia diante de uma crise e, sobretudo, proteger as pessoas. Foi assim na pandemia. Mas são medidas que custam dinheiro público, e mais uma vez mostram a razão pela qual se defende com tanta veemência um maior controle de gastos públicos: para que na hora da emergência haja margem para esses socorros financeiros.
Não é só na iminência da tragédia, a qualidade dos gastos públicos precisa estar sempre na ordem do dia de todos aqueles que são responsáveis por tomar as decisões com o dinheiro público, de vereadores a deputados e senadores, passando por prefeitos, governadores e presidente do país.
E a própria população, que deve construir essa mentalidade coletiva de que um Estado organizado garante mais retorno aos impostos que são pagos, elegendo representantes que priorizem esse caminho. O Espírito Santo mesmo, em sua trajetória de equilíbrio fiscal, é um exemplo positivo disso.
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