Consumidor sempre paga a conta da interferência na Petrobras

Manipulação de preços dos combustíveis nunca deu certo, em nenhum governo. Na gestão Dilma Rousseff,  isso levou a Petrobras a acumular a maior dívida de sua história, com impactos nefastos nos negócios da empresa

Publicado em 27/05/2022 às 02h00
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro. Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O movimento do presidente Jair Bolsonaro ao demitir o terceiro presidente da Petrobras durante o seu mandato é temerário por ser um déjà vu da velha ingerência governamental na estatal com o propósito de segurar artificialmente a alta dos combustíveis. A troca no comando da petrolífera, apenas 40 dias após José Mauro Coelho ter ocupado o cargo, ocorreu na sequência do anúncio de reajuste de 8,87% no preço do diesel. Em um ano decisivo como 2022, a estratégia eleitoral fica mais evidente.

A substituição por Caio Paes de Andrade, que está sendo desacelerada pelo Conselho de Administração da Petrobras, não deve significar queda nos preços, mas a dilatação dos reajustes aplicados sobre os combustíveis. O novo escolhido por Bolsonaro para o cargo vai ser submetido a um processo de governança interna, antes de ser ou não aprovado. Nos bastidores, é dito que esses trâmites não devem permitir que ele tome posse antes de julho. Se tudo der certo para a escolha de Bolsonaro.

O que certamente dará errado para o país é intervir nos preços. Historicamente, essas tentativas de manipulação mirando eleições já demonstraram que se trata de uma aposta no fracasso. Não é exclusividade do governo Bolsonaro. Na gestão Dilma,  a intervenção no preço para conter o impacto na inflação levou a Petrobras a acumular a maior dívida de sua história, com impactos nefastos nos negócios da empresa. As perdas estimadas no período são de R$ 100 bilhões.  Não importa qual o desgoverno, o consumidor sempre paga a conta. 

Bolsonaro quer evitar medidas impopulares para não ter desgaste eleitoral. Medidas, essas sim, que poderiam combater as causas do problema e não seus efeitos. O que faz é ilusionismo eleitoral. Ao trocar o presidente pela terceira vez, Bolsonaro passa a impressão de que não há inépcia em seu governo.

Quer abrir mão de impostos, mas quem vai pagar a conta são os Estados.  Quer impor reajustes mais espaçados, sendo que essa prática já estava sendo feita: a estatal está há mais de 70 dias sem reajustar a gasolina nas refinarias. Toma decisões atropeladas e equivocadas que só servem para crivar os resquícios de credibilidade da companhia e do país.

Ninguém está satisfeito com o preço dos combustíveis, mesmo que se entenda o contexto global que contribui para esse cenário. Afinal, é a cotação internacional que precifica o petróleo. Mas é lamentável que, mais uma vez, um governo recorra à demagogia para escapar do julgamento das urnas.

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