Empresários dão lição de diplomacia a governos por fim de tarifaço dos EUA

Enquanto o jogo diplomático entre Trump e Lula caminha a passos lentos, empresariado age bem ao manter negociação com parceiros norte-americanos nos bastidores

Publicado em 06/10/2025 às 01h10
Contêineres no pátio do Terminal Portuário de Vila Velha
Das vendas capixabas ao exterior, 33,9% têm como destino os EUA. Crédito: Carlos Alberto Silva

A recente “química” entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silvarelatada pelo próprio chefe de Estado norte-americano durante Assembleia Geral da ONU, em Nova York, trouxe alento e esperança de que o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos aos produtos exportados pelo Brasil chegue ao fim.

Porém, por mais que tenha despertado otimismo, essa “química” precisaria ser de reação mais rápida. Afinal, nesta segunda-feira (6), completam-se dois meses que a taxação dos EUA teve início. E os prejuízos econômicos acumulam-se – de ambos os lados. As empresas brasileiras, com o tarifaço, veem as exportações caírem. Já a indústria norte-americana, quando adquire produtos sobretaxados, precisa repassar o custo extra para os consumidores locais. Os preços sobem e convertem-se em aumento de inflação. É um jogo de perde-perde.

Nesse cenário, o contato de empresários do Espírito Santo, juntamente a lideranças empresariais de outros Estados brasileiros, com parceiros norte-americanos torna-se uma fonte de ativação importante em busca de solução, nos bastidores, para a “crise do tarifaço”. Como relatou o colunista Abdo Filho, representantes dos setores de rochas e do café – duas das cadeias capixabas mais fortes que ainda seguem tarifadas – vêm tendo conversas próximas com lideranças norte-americanas que empregam milhares de pessoas e movimentam bilhões de dólares todos os anos.

Com essa proatividade, põem em prática uma espécie de “diplomacia empresarial”, que envolve contatos com parceiros norte-americanos, entidades de classe, políticos e lobistas – atividade que é regulamentada nos EUA. Enquanto o jogo diplomático entre os governos caminha a passos lentos, com um possível encontro entre os presidentes Lula e Trump sendo previsto apenas para o fim deste mês, na Ásia, é mesmo fundamental que o empresariado tome a frente para que a negociação avance.

Está em jogo um mercado imprescindível para a economia do Espírito Santo, que tem os Estados Unidos como principal destino de suas exportações. Das vendas capixabas ao exterior, 33,9% têm como destino o território norte-americano. Além do café e das rochas ornamentais, destacam-se as exportações de celulose, minério e outros produtos do agronegócio, também alvos da taxação. 

É de se esperar que, uma hora ou outra, os governos de Brasil e EUA superem suas diferenças e se reúnam para tratar sobre o tarifaço. O caminho para que essa conversa seja mais técnica e menos ideológica já está sendo pavimentado por empresários, inclusive capixabas. Tudo para que a sensatez impere e as taxas aos produtos brasileiros sejam retiradas. E, assim, os consumidores, tanto aqui quanto lá, deixem de pagar por uma conta que fica cada vez fica mais cara à medida que o tempo passa.

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