Enquanto aguarda, com boas expectativas, o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que foi anunciado por Trump em plena Assembleia Geral da ONU, mas ainda não foi marcado, o empresariado brasileiro segue se movimentando pelos bastidores de Washington. Os contatos com parceiros norte-americanos, entidades de classe, políticos e lobistas - a atividade é regulamentada nos EUA - são intensos e nada mudou da última semana, quando Trump anunciou que a conversa com Lula enfim sairia, para cá.
Empresários e executivos brasileiros estão cada vez mais convencidos de que, se algo andou desde julho, quando o governo norte-americano anunciou tarifa de 50% em cima das exportações brasileiras, foi porque eles praticaram o que está sendo chamado de diplomacia empresarial. Historicamente, o setor produtivo sempre contou com o suporte dos governos para abrir mercados e negociar lá fora. Mas a coisa mudou muito nos últimos anos: os governos acabaram ficando mais instáveis, imprevisíveis, ideológicos e, portanto, menos confiáveis. Diante do contexto atual, caberá cada vez mais ao setor produtivo assumir também este tipo de protagonismo. O tarifaço anunciado pelo presidente Trump foi um grande teste de fogo para o empresariado brasileiro.
O setor de rochas e o café, duas das cadeias muito fortes no Espírito Santo que ainda seguem tarifadas (o café totalmente, as rochas tiveram apenas o quartzito excluído dos 50%), mantêm conversas próximas com lideranças norte-americanas que empregam milhares de pessoas e movimentam bilhões de dólares todos os anos. O Brasil é o maior produtor de café do mundo. Os Estados Unidos são o maior consumidor. Em meio a esta crise, uma das entidades que mais têm auxiliado os brasileiros por lá é a National Coffee Association (NCA), influente representante da indústria norte-americana de café. A eles, nada interessa comprar, de seu maior fornecedor, um produto mais caro.
Caminho semelhante está sendo percorrido pela indústria de rochas. Os brasileiros costuraram uma aliança por lá com a National Association of Home Builders, representante de mais de 140 mil construtores dos Estados Unidos. Fundada em 1942, a NAHB é uma das maiores associações comerciais do país e é mantida por construtores de casas, desenvolvedores imobiliários e empreiteiros. O argumento fundamental, assim como no caso do café, é estritamente técnico: os Estados Unidos importam 85% das rochas que usam, sendo que 25% vêm do Brasil. O material brasileiro é usado exclusivamente dentro das casas, se está mais caro, está deixando as moradias norte-americanas também mais caras.
É na racionalidade das relações empresariais que eles apostam grande parte das fichas.
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