Emboscadas do tráfico nos aproximam perigosamente do Rio de Janeiro

Decidir quem vive e quem morre é um poder que fortalece demais esses criminosos, que precisam temer a lei. Não é tarefa simples, mas tampouco se pode fazer vista grossa

Publicado em 26/05/2025 às 01h00
Magno Gabriel Coser, de 42 anos, morto espancado em Vila Velha
Magno Gabriel Coser, de 42 anos, morto espancado em Vila Velha. Crédito: Acervo familiar

É assustador e inaceitável que um homem entre em um bairro e saia de lá morto, mesmo que exista envolvimento da vítima com a criminalidade. Isso emite sinais de fragilidade na manutenção da lei e da ordem.  Na semana passada, um homem com uma tatuagem do Primeiro Comando de Vitória (PCV) foi espancado até a morte  após entrar em uma área dominada pela facção rival Terceiro Comando Puro (TCP), em Zumbi dos Palmares, Vila Velha.

A família acredita que tenha sido uma emboscada, pois Magno Gabriel Coser, de 42 anos, saiu de casa para comprar drogas e tinha feito a tatuagem, com a inscrição "PCV",  havia poucos dias.  Desde 2007, ele já havia sido preso por vários crimes, como furto, roubo, sequestro e tráfico de drogas, e estava nas ruas desde setembro do ano passado.

A questão aqui não é o caso particular desse crime, mas a ferocidade desses traficantes. O Espírito Santo pode, e deve, comemorar a queda contínua nos homicídios ano a ano.  O último mês de abril, para citar o bom resultado mais recente, fechou com o menor índice de homicídios em 29 anos, e sabe-se que esse êxito é resultado do combate ao tráfico, responsável pela maioria das mortes violentas, e dos esforços investigativos.

Contudo, os acertos de contas ainda impressionam pela selvageria. Uma emboscada no meio da rua e em plena luz do dia no Parque Residencial Laranjeiras, na Serra, em março passado, na qual Welington de Souza Lima, de 47 anos,  foi executado com 27 tiros (79 foram disparados!) foi um desses casos assustadores, com a ação flagrada por câmeras.

Vídeo mostra momento que criminosos atiram e matam homem na Serra
0 seconds of 51 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
00:51
00:51
 

Recentemente, as investigações mostraram que o assassinato foi ordenado por uma videochamada feita por um traficante diretamente de um presídio no Rio de Janeiro. Os tribunais do crime não podem se fortalecer no Estado, a ponto de virarem rotina como já ocorre nos nossos estados vizinhos, pois não é só no Rio. Na sexta-feira (23), a colunista Vilmara Fernandes noticiou a prisão de um traficante baiano no Espírito Santo: uma figura que comandava as ordens do tráfico no interior da Bahia.

Decidir quem vive e quem morre é um poder que fortalece demais esses criminosos, que precisam temer a lei. Não é tarefa simples, mas tampouco se pode fazer vista grossa, sob o risco de aumento da violência. O Espírito Santo está fazendo o dever de casa, mas precisa se manter atento para não repetir cenas que, lamentavelmente, já fazem parte da paisagem no Rio de Janeiro.

A Gazeta integra o

Saiba mais
homicídio tráfico de drogas Rio de Janeiro (RJ)

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.