BR 101: segurança depende de duplicação e de motoristas mais prudentes

Uma rodovia duplicada por si só não exime os motoristas de suas responsabilidades. O número de acidentes nos trechos já ampliados mostra que a imprudência contribui para que os acidentes continuem acontecendo

Publicado em 21/05/2025 às 01h00
Acidente entre ônibus e carreta na BR 101, em Anchieta
Acidente entre ônibus e carreta na BR 101, em Anchieta, no fim de abril. Crédito: Leitor | A Gazeta

Pela própria lógica viária, é imediato supor que a duplicação de rodovias reduz as colisões frontais, que costumam ser os acidentes mais mortais no trânsito. Desde o início da concessão da BR 101,  foram duplicados 115,92 km da rodovia  — que tem 478,7 km em território capixaba —,  e neste ano os dados de janeiro a março da Polícia Rodoviária Federal mostram que, de fato, esse tipo de acidente é o que provoca mais mortes nos trechos que ainda não passaram pelas obras.

Já nos trechos duplicados, os atropelamentos estão no topo dos óbitos no primeiro trimestre deste ano.

No período, foram 462 acidentes registrados na rodovia — uma média de cinco ocorrências por dia. Desses, 206 foram registrados em pistas simples; 199, em áreas duplicadas; e 57 em pistas múltiplas, com três ou mais faixas em cada sentido da rodovia. A diferença no número de ocorrências entre pistas duplas e simples é pequeno, como se vê. O que é significativo para entender que o acréscimo de segurança proporcionado pela duplicação é justamente o tipo de acidente.

Duplicar uma rodovia como a BR 101 é aumentar significativamente a sua segurança por meio de infraestrutura viária. Com mais áreas de escape e menos chances de um veículo atravessar a pista e bater de frente com outro na outra direção, em velocidades altas. Assim como é fundamental a manutenção, sob responsabilidade da concessionária. Essa é uma demanda civilizatória, tanto para o desenvolvimento econômico quanto para a segurança do tráfego.

Mas uma rodovia duplicada por si só não exime os motoristas de suas responsabilidades. O número de acidentes nos trechos já ampliados mostra que a imprudência contribui para que os acidentes continuem acontecendo. É algo que merece reflexão: até que ponto uma rodovia modernizada deixa os motoristas mais seguros para comenterem abusos no trânsito, como excesso de velocidade?

Por isso o fator humano nunca pode ser tirado da equação. As decisões tomadas ao volante são aquilo que vai definir se uma viagem será ou não interrompida por um acidente. Mesmo em uma rodovia duplicada e mais segura, não faz diferença. A duplicação é a segurança garantida na teoria; já o comportamento dos motoristas é a segurança que se tem na prática. Ambos se complementam para reduzir a violência no trânsito. Cada parte cumpre o seu papel, nenhuma pode falhar.

A Gazeta integra o

Saiba mais
BR 101 acidente Duplicação

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.