Debates ainda são o palco principal de qualquer campanha eleitoral

Cara a cara entre adversários motiva eleitores, que têm expectativas diferentes sobre a atuação dos candidatos. Há os que preferem quem parte para o ataque, há os que preferem a civilidade das boas argumentações. Tudo faz parte do jogo

Publicado em 29/09/2022 às 01h00
Debate
Da esquerda para a direita: Aridelmo Teixeira, Carlos Manato, Audifax Barcelos, Guerino Zanon, e Renato Casagrande durante o debate na Rede Gazeta. Crédito: Carlos Alberto Silva

Não há como negar que debates eleitorais no Brasil mudaram com o amadurecimento da democracia. Há quatro anos, em entrevista a Pedro Bial, a apresentadora Marília Gabriela relembrou os primeiros debates mediados por ela durante a histórica corrida presidencial de 1989.

Em um país eufórico com o retorno às urnas após a ditadura, a inexperiência com a prática eleitoral se evidenciava com a insubordinação dos candidatos às regras dos debates. O comportamento quase pueril de certa forma combinava com aquela inocência de quem estava reconhecendo a democracia depois de muito tempo.

Tanto anos depois, a apresentadora se lembrou daqueles encontros caóticos com humor: "Saí de lá, o diretor de jornalismo veio falar comigo e comecei a chorar. Não ganhava para aquilo. Queria salário insalubridade".

Hoje, os debates têm regras acordadas com as organizações de campanha. Mesmo que persista uma certa nostalgia daqueles tempos mais anárquicos, a condução mais organizada permite que candidatos exponham suas propostas e se defendam de ataques pessoais. O bom uso do tempo e do espaço só depende deles, de mais ninguém. Então, se um debate falha naquilo que é a sua essência, o confronto de ideias, a responsabilidade é mais das estratégias escolhidas pelos candidatos do que do formato. 

Nos debates da era pré-internet, os candidatos também eram menos cobrados sobre a veracidade das informações que transmitiam durante o evento. Atualmente, a sociedade tenta se colocar no encalço da desinformação, mas mesmo sabendo que tudo o que for dito poderá passar pelo crivo jornalístico, os candidatos ainda conseguem usar números e estatísticas em seu favor, distorcendo os fatos. A vigilância jornalística cumpre seu papel quando isso acontece.

O que permanece acesa é a motivação dos eleitores, o que faz dos debates o principal palco de qualquer campanha eleitoral. As expectativas do eleitor podem ser diferentes, há os que preferem quem parte para o ataque, há os que preferem a civilidade das boas argumentações, mas nada tira o protagonismo do debate. Cara a cara, até os candidatos mais bem preparados pelos marqueteiros deixam escapar traços de sua personalidade até então imperceptíveis. Assim como pode haver um reforço das qualidades.

Nesta terça-feira (27), a TV Gazeta exibiu os candidatos ao governo do Estado nessa arena, uma tradição que reforça o compromisso da Rede Gazeta com a prática democrática. Nesta quinta-feira (29), eles voltam a se reunir para o debate da CBN Vitória e do site A Gazeta

Os debates podem mudar com o passar do tempo, ficar mais rígidos e cronometrados, mas é importante que esse encontro dos candidatos com seus pares e com a imprensa continue sendo valorizado. Que evoluam sempre para acompanhar as mudanças tecnológicas e sociais, sem comprometer a sua essência democrática.

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