Uma arma apontada, uma ameaça, o medo. O latrocínio, quando se mata para roubar, é o maior pesadelo da população pela imprevisibilidade. Qualquer um pode ser vítima, em qualquer lugar. E não há uma cartilha para assaltos: por mais que exista a regra tácita de evitar qualquer tipo de reação, nunca se sabe como uma abordagem vai terminar.
No ano passado, em 39 casos no Espírito Santo o desfecho foi o pior possível, com a morte das vítimas, de acordo com dados do Anuário da Segurança Pública, divulgado na semana passada. Um aumento de 21% em relação a 2023. Vidas perdidas de forma banal, em troca de bens materiais.
Os principais casos de assassinato no Espírito Santo estão relacionados a acertos de contas no contexto da criminalidade, bem como os crimes de proximidade, mais imprevisíveis. Foi o enfrentamento organizado dos primeiros que permitiu o êxito contínuo na redução dos homicídios, sendo que em 2024 foram registrados menos de 900 pela primeira vez na série histórica. Em 2009, para se ter uma ideia, chegamos a mais de 2 mil registros.
Os latrocínios ocorrem em menor escala nesse universo, mas cada morte tem seu traço de covardia. São crimes de oportunidade, e o que vai determinar a vida ou a morte da vítima depende das circunstâncias da abordagem e, em muitos casos, da insegurança ou frieza dos criminosos.
Mais policiamento nas ruas é uma cobrança válida, mas é certo que a polícia nunca conseguirá estar em todos os locais ao mesmo tempo. Os casos mais atrozes, como o assassinato de um casal de idosos, proprietário de um hotel, no ano passado em Cachoeiro de Itapemirim, mostram que há pontos mais profundos que precisam ser adentrados pelas políticas públicas, de forma estrutural. Mas também é imprescindível punir com rigor.
O Espírito Santo já demonstrou ter organização e estratégia para reduzir os homicídios, é perfeitamente capaz de produzir soluções de segurança pública para conter também essa tragédia social. Embora os números sejam menores, são perdas humanas superlativas: pais, mães, filhos e filhas, amigos e amigas, que tiveram as vidas interrompidas pela violência.
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