Enquanto o esquema que descontou mais de R$ 6 bilhões sem autorização dos beneficiários do INSS segue sendo alvo de uma CPMI no Congresso que parece já ter virado papel de parede (os trabalhos serão retomados em fevereiro do ano que vem), é importante que mecanismos de controle previdenciário estejam atentos a outras movimentações fraudulentas, mesmo com montantes menos exorbitantes. Todo recurso do INSS é, essencialmente, dinheiro do contribuinte e precisa ser protegido.
Nesta quinta-feira (11), a Força-Tarefa Previdenciária, formada pela Polícia Federal e pelo Ministério da Previdência Social, começou a desarticular um esquema criminoso no Espírito Santo no qual benefícios previdenciários seriam concedidos de forma fraudulenta. Inclusive com agendamentos realizados fora do expediente. De acordo com as investigações, estima-se que o rombo aos cofres públicos tenha chegado à casa dos milhões de reais.
No mesmo dia, a Polícia Federal realizou também uma operação em São Luís, no Maranhão, para combater um outro esquema criminoso, no qual idosos vulneráveis e pessoas em situação de rua eram aliciadas para se passarem por beneficiários do INSS. Um prejuízo estimado em R$ 1,45 milhão.
Ao se comparar as cifras, esses ataques regionalizados ao patrimônio previdenciário são bem menos expressivos que os bilhões estimados no escândalo das entidades sindicais, que ficará para sempre marcado como um golpe a cada um dos aposentados que tiveram valores descontados sem autorização. Pessoas que dependem desse dinheiro para viver e foram, sem exagero algum, roubadas. O Brasil espera que os responsáveis sejam punidos.
Mas nem por isso as fraudes localizadas são irrelevantes, com valores que passam dos milhões e que violam os recursos destinados a pagar benefícios a mais de 38 milhões de brasileiros. O INSS já tem desafios suficientes de sustentabilidade, não pode ficar à mercê de fraudes que dilapidam ainda mais os recursos previdenciários que pertencem a cada brasileiro que passou a vida toda contribuindo.
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