> >
Ricardo Eletro demite 3.500 ao fechar todas as lojas no País

Ricardo Eletro demite 3.500 ao fechar todas as lojas no País

Varejista Máquina de Vendas, controladora da marca, que tem dívidas de mais de R$ 4 bi, disse que a pandemia interrompeu o processo de retomada

Publicado em 8 de agosto de 2020 às 19:17

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Ricardo Eletro fecha todas as lojas no ES. (Divulgação)

A Ricardo Eletro, que estava em recuperação extrajudicial desde 2019, decidiu fechar todas as suas lojas físicas e focar apenas no comércio eletrônico. Nesse processo, cerca de 3.500 funcionários ligados à operação física foram demitidos. Apenas mil, sendo 850 de suporte, ligados à logística e entrega, e 150 no escritório continuarão empregados no país.

Conforme A Gazeta publicou neste sábado (08) com exclusividade, no Espírito Santo, foram fechadas sete lojas e demitidos 105 funcionários.

A Máquina de Vendas, controladora das varejistas Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar, Salfer e EletroShopping, entrou com pedido de recuperação judicial na última sexta-feira (7), na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo (SP). O grupo, que chegou a ter 1.300 lojas no país, já enfrentava dificuldades e acumula R$ 4 bilhões em dívidas com credores, que vão de instituições financeiras a fornecedores.

R$ 4 BILHÕES
DÍVIDAS DA MÁQUINA DE VENDAS COM CREDORES

De acordo com a empresa, a pandemia do novo coronavírus, que teve impacto direto nas atividades do comércio, contribuiu para a decisão. "A Ricardo Eletro, assim como grande parte do setor varejista, vem enfrentando os impactos da pandemia de forma avassaladora", diz nota à imprensa, que cita "um estrangulamento de caixa provocado pelas necessárias medidas de distanciamento social".

 Na nota, a companhia também relata dificuldades no recebimento de produtos chineses para renovação de estoque desde janeiro, com a paralisação de fornecedores.

"Nesse contexto, a recuperação judicial mostra-se como o caminho mais viável para que a empresa siga com suas operações e promova a reorganização administrativa e financeira necessária para superar a situação momentânea de crise e ajustar-se estruturalmente para a nova realidade com varejo, no pós-pandemia", disse.

A Máquina de Vendas citou ainda a necessidade de adequar o tamanho da companhia e os custos fixos considerando dificuldades a médio prazo. De acordo com ela, com o crescimento do e-commerce na pandemia, o número de visitantes diários no site da Ricardo Eletro foi de 50 mil em março para 350 mil em agosto. A empresa também expandiu seu marketplace e passou a ofertar produtos médicos e alimentícios.

REVENDEDORES

Outra aposta é a implementação de revendedores, semelhante ao modelo da Natura. Os revendedores, que podem ser pessoa física ou jurídica, ganham, em média, 12% e 15% de comissão dos serviços financeiros e produtos vendidos, todos disponíveis no site da varejista.

"Um ponto forte da marca é o regionalismo, atendendo fora dos grandes centros, algo que vamos expandir com nossos revendedores, que vão poder auxiliar o cliente com a venda assistida", diz a responsável pela transformação digital da Ricardo Eletro, Ana Garini.

Atualmente, a empresa já tem 1.500 revendedores cadastrados. Destes, 100 são ex-funcionários das lojas físicas da Ricardo Eletro. Mas, segundo Ana a retenção é chegar a 15 mil parceiros até o fim deste ano.

As 320 lojas físicas da rede estavam temporariamente fechadas ao público devido à pandemia. Destas, 30% chegaram a reabrir, mas tiveram que fechar por determinações de governos estaduais ou municipais. No momento, 313 já foram fechadas definitivamente e sete encerram as atividades nos próximos dez dias.

Segundo a empresa, todas as compras e entregas serão atendidas nos prazos.

FUNDADOR DA RICARDO ELETRO ESTÁ SENDO INVESTIGADO

A Ricardo Eletro foi fundada por Ricardo Nunes no interior de Minas Gerais, em 1989. Ela chegou a ter mais de 1.100 lojas pelo Brasil, com mais de 12 mil colaboradores diretos, sendo a 5ª maior varejista do país em 2011, segundo o ranking elaborado pelo Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado). Em 2019, ela foi para o 22º lugar no mesmo ranking, com receita anual estimada em R$ 5,5 bilhões.

Hoje, a empresa é controlada pela MV Participações, que teve Nunes como diretor até 9 de outubro de 2019. Na mesma data, Pedro Henrique Torres Bianchi foi escolhido diretor da MV Participações e, em janeiro, o executivo assumiu a presidência da Máquina de Vendas.

Em julho, Nunes foi preso na operação Direto com o Dono, que investiga suposta sonegação fiscal de R$ 387 milhões de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e lavagem de dinheiro em empresas controladas pelo empresário.

A investigação da força-tarefa composta pela Promotoria de Minas Gerais, Polícia Civil e Secretaria da Fazenda aponta que houve sonegação de impostos ao longo de cinco anos, entre 2014 e 2019.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, o empresário seguiu à frente da Máquina de Vendas até depois de sua saída como executivo da companhia, o que a defesa de Nunes e a da empresa negam.

Nunes ficou detido por um dia, em Contagem, região metropolitana Belo Horizonte, sendo liberado após prestar depoimento. Pedro Magalhães, diretor financeiro da Máquina de Vendas, também foi ouvido pelo Ministério.

(Com informações da Agência Folha)

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais