Publicado em 8 de julho de 2020 às 08:35
- Atualizado há 5 anos
O fundador da Ricardo Eletro e parentes foram presos na manhã desta quarta-feira (8) na Operação Direto com o Dono. A investigação é conduzida por uma força-tarefa do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Secretaria de Estado de Fazenda e Polícia Civil. Existem indícios de que os envolvidos possam ter cometidos crimes contra a ordem tributária de R$ 400 milhões, sonegando impostos devidos ao Estado de Minas Gerais.>
R.N, fundador e ex-principal acionista da rede varejista Ricardo Eletro, foi preso em São Paulo. A filha do empresário, L.N, foi presa em Belo Horizonte. As autoridades ainda cumpriram mandados de busca e apreensão contra o irmão de R.N.>
P.M, que em seu perfil no LinkedIn afirma ser diretor financeiro da Ricardo Eletro, teve mandado de prisão decretado, mas não foi localizado em sua casa, em Santo André, e é considerado foragido. Questionada sobre o vínculo dele com a empresa, a Ricardo Eletro não se manifestou. >
A força-tarefa investiga a sonegação de ICMS em Minas Gerais ao longo de cinco anos, entre 2014 e 2019, por empresas controladas nesse período por R.N. A operação foi comandada pelo Ministério Público de Minas Gerais, pela Secretaria da Fazenda mineira e pela polícia civil do Estado de MG.>
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A Ricardo Eletro, hoje em recuperação extra judicial, e outras companhias ligadas a R.N, recolhiam o ICMS embutido no preço dos produtos, mas não repassava ao Estado, segundo investigadores. >
A Justiça de Minas Gerais determinou também o sequestro de imóveis de R.N avaliados em aproximadamente R$ 60 milhões, para pagamento da dívida tributária.>
Ao todo, a força-tarefa da operação "Direto com o Dono" cumpriu nesta quinta 14 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Contagem (MG), Nova Lima (MG), São Paulo e Santo André. >
Um segurança de uma das casas em que os policiais cumpriam mandado de prisão foi detido por tentar impedir a entrada dos agentes, segundo o governo mineiro. >
O Ministério Público de Minas Gerais diz que a investigação ganhou força após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de novembro de 2019, "que definiu como crime a apropriação de ICMS cobrado de consumidores em geral e não repassados ao Estado". >
Em 2011, R.N já havia sido condenado pela Justiça Federal a três anos e quatro meses de prisão pelo crime de corrupção ativa por ter pago propina em 2008 a um auditor fiscal da Receita Federal para que a Ricardo Eletro não fosse autuada por sonegação de impostos em Minas Gerais. >
A fraude, segundo as investigações, ocorria da seguinte forma: as empresas da rede de varejo cobravam dos consumidores, embutido no preço dos produtos, o valor correspondente ao imposto. No entanto, os investigados não faziam o repasse e se apropriavam desses valores. O montante da sonegação com o Estado de Minas Gerais chega a R$ 400 milhões, mas a mesma rede tem dívidas vultosas em praticamente todos os Estados onde possui filiais.>
Segundo o MPMG, a empresa encontra-se em situação de recuperação extrajudicial, sem condições de arcar com suas dívidas, já tendo fechado diversas unidades e demitido dezenas de trabalhadores. Em contrapartida, de acordo com a nota, o principal dono do negócio tem dezenas de imóveis, participações em shoppings na Região Metropolitana de Belo Horizonte e fazendas. >
As autoridades ainda afirmam que os bens imóveis não se encontram registrados em nome do investigado, mas de suas filhas, mãe e até de um irmão, que também são alvos da operação. O crescimento vertiginoso do patrimônio individual do principal sócio, de acordo com as investigações, ocorreu na mesma época em que os crimes tributários eram praticados, o que caracteriza, segundo a força-tarefa, crime de lavagem de dinheiro.>
Desde o início desse ano, após a decisão do STF que definiu como crime a apropriação indébita tributária, a Secretaria de Estado de Fazenda vem fazendo um pente fino em contribuintes que se enquadram nessa situação, encaminhando ao MPMG e à Polícia Civil para iniciar a investigação criminal. A operação Direto com o Dono é mais uma desenvolvida no âmbito do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), que busca coibir a prática de sonegação fiscal e recuperar os valores desviados do Estado.>
A operação conta com a participação de três promotores de Justiça, 60 auditores-fiscais da Receita Estadual, quatro delegados e 55 investigadores da Polícia Civil.>
Procurada, a Ricardo Eletro afirma que R.N e seus familiares deixaram de ser acionistas da Máquina de Vendas no ano passado. O controle da empresa foi assumido, em 2018, pelo fundo Starboard.>
"A Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019", diz a empresa em nota. >
Segundo a Ricardo Eletro, a operação desta quinta "faz parte de processos anteriores a gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por R.N e familiares" que não teriam ligação com a companhia. >
"Em relação à dívida com o Estado de MG, a Ricardo Eletro reconhece parcialmente as dívidas e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados", afirma a empresa. >
A reportagem não conseguiu localizar as defesas do empresário R.N, de sua filha L.N e do executivo P.M. >
Com informações da Folhapress.>
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