Publicado em 12 de agosto de 2025 às 20:04
RIO DE JANEIRO - A Petrobras estuda usar energia nuclear como alternativa para descarbonizar suas operações marítimas de produção de petróleo, hoje abastecidas por equipamentos movidos a gás natural. A ideia é apoiar o desenvolvimento de pequenos reatores que possam ser instalados próximos às unidades.>
O projeto ainda é incipiente e depende do desenvolvimento da tecnologia, que é conhecida como SMR (sigla em inglês para reator modular pequeno), e pode ser construída em fábricas e transportada de um lugar para o outro.>
Em palestra nesta terça-feira (12) na Rio Innovation Week, o consultor de projetos da Petrobras Fabio Passarelli defendeu um trabalho conjunto com a Marinha do Brasil para acelerar o desenvolvimento da tecnologia.>
"A gente tem que rapidamente se articular com agentes interessados para orquestrar um plano para sair das conjecturas", afirmou. A Marinha já tem pesquisas sobre o tema, mas ainda em estágio inicial de concepção e estudos de viabilidade.>
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Passarelli disse que esses reatores poderiam ser utilizados para gerar energia para as plataformas, substituindo o gás. Poderiam ser instalados em embarcações próximas, a princípio. Ou, se a tecnologia permitir, sobre as próprias plataformas e até no fundo do mar.>
No primeiro semestre, a estatal reportou emissões de 15,3 quilos de CO² equivalente por barril de óleo e gás produzido em suas atividades de exploração e produção. Houve crescimento de 0,5 quilos em relação a 2024, fruto da queima de gás durante o comissionamento de duas plataformas do pré-sal.>
A redução das emissões nas áreas operacionais é uma das prioridades da área de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia e a eletrificação de plataformas é vista como uma das alternativas nesse sentido.>
Passarelli afirmou ainda que, além da energia consumida nas plataformas, os pequenos reatores nucleares poderiam suprir outras aplicações que permitem não só extrair reservas hoje consideradas menores como elevar a produção de campos de petróleo já em fase de declínio, para os quais a energia é um gargalo.>
"Às vezes, tem campos gigantes de produção, que no meio da vida útil, descobrimos ainda mais reservas. E a primeira pergunta é e a primeira se temos energia disponível [na plataforma]", afirmou. "Mas desenvolvendo forma de energia modular e itinerante é possível destravar essas reservas.">
Também presente ao evento, o diretor geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Alexandre Rebello, afirmou que o desenvolvimento da tecnologia esbarra em gargalos de mão de obra e na falta de uma cadeia local de suprimento.>
Passarelli concordou que a ideia é ainda um grande desafio, que inclui o desenvolvimento da tecnologia e demonstrações em escalas diferentes sobre sua viabilidade e segurança.>
"Precisaremos convencer opinião pública de que teremos uma solução descarbonizada e segura", afirmou. "Mas tenho certeza que a gente, no Brasil, consegue desenvolver solução de geração energética de base nuclear que vai ser segura e com custo competitivo.">
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