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Petrobras avalia energia nuclear para descarbonizar plataformas de petróleo

Petrobras avalia energia nuclear para descarbonizar plataformas de petróleo

O projeto ainda é incipiente e depende do desenvolvimento da tecnologia, que é conhecida como SMR (sigla em inglês para reator modular pequeno), e pode ser construída em fábricas e transportada de um lugar para o outro

Publicado em 12 de agosto de 2025 às 20:04

RIO DE JANEIRO - A Petrobras estuda usar energia nuclear como alternativa para descarbonizar suas operações marítimas de produção de petróleo, hoje abastecidas por equipamentos movidos a gás natural. A ideia é apoiar o desenvolvimento de pequenos reatores que possam ser instalados próximos às unidades.

O projeto ainda é incipiente e depende do desenvolvimento da tecnologia, que é conhecida como SMR (sigla em inglês para reator modular pequeno), e pode ser construída em fábricas e transportada de um lugar para o outro.

Em palestra nesta terça-feira (12) na Rio Innovation Week, o consultor de projetos da Petrobras Fabio Passarelli defendeu um trabalho conjunto com a Marinha do Brasil para acelerar o desenvolvimento da tecnologia.

"A gente tem que rapidamente se articular com agentes interessados para orquestrar um plano para sair das conjecturas", afirmou. A Marinha já tem pesquisas sobre o tema, mas ainda em estágio inicial de concepção e estudos de viabilidade.

Passarelli disse que esses reatores poderiam ser utilizados para gerar energia para as plataformas, substituindo o gás. Poderiam ser instalados em embarcações próximas, a princípio. Ou, se a tecnologia permitir, sobre as próprias plataformas e até no fundo do mar.

 A plataforma P-57 operando no campo de Jubarte, no pós-sal do Espírito Santo, participou do piloto da tecnologia
A plataforma P-57 operando no campo de Jubarte, no pós-sal do Espírito Santo, Crédito: Agência Petrobras

No primeiro semestre, a estatal reportou emissões de 15,3 quilos de CO² equivalente por barril de óleo e gás produzido em suas atividades de exploração e produção. Houve crescimento de 0,5 quilos em relação a 2024, fruto da queima de gás durante o comissionamento de duas plataformas do pré-sal.

A redução das emissões nas áreas operacionais é uma das prioridades da área de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia e a eletrificação de plataformas é vista como uma das alternativas nesse sentido.

Passarelli afirmou ainda que, além da energia consumida nas plataformas, os pequenos reatores nucleares poderiam suprir outras aplicações que permitem não só extrair reservas hoje consideradas menores como elevar a produção de campos de petróleo já em fase de declínio, para os quais a energia é um gargalo.

"Às vezes, tem campos gigantes de produção, que no meio da vida útil, descobrimos ainda mais reservas. E a primeira pergunta é e a primeira se temos energia disponível [na plataforma]", afirmou. "Mas desenvolvendo forma de energia modular e itinerante é possível destravar essas reservas."

Também presente ao evento, o diretor geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Alexandre Rebello, afirmou que o desenvolvimento da tecnologia esbarra em gargalos de mão de obra e na falta de uma cadeia local de suprimento.

Passarelli concordou que a ideia é ainda um grande desafio, que inclui o desenvolvimento da tecnologia e demonstrações em escalas diferentes sobre sua viabilidade e segurança.

"Precisaremos convencer opinião pública de que teremos uma solução descarbonizada e segura", afirmou. "Mas tenho certeza que a gente, no Brasil, consegue desenvolver solução de geração energética de base nuclear que vai ser segura e com custo competitivo."

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