Final de ano chegando e muitas pessoas se programam para as férias de verão. Aquelas que estão em fase de construção de patrimônio se dividem entre manter uma reserva de capital para o longo prazo ou usar parte dela para usufruir de merecido descanso. Muitos se privam do lazer pensando no futuro, enquanto outros preferem viver o momento e gastar, o que pode trazer insegurança ou arrependimento quando chega a conta do cartão de crédito.
De fato, uma viagem de férias ou de lazer normalmente desperta uma sensação de recompensa imediata. Além do descanso, a experiência de conhecer novos lugares, provar diferentes sabores, mergulhar em outras culturas e ampliar a forma de ver o mundo traz satisfação e histórias para contar. Num paralelo com o universo dos investimentos, esses aprendizados seriam os ativos que se incorporam à vida de maneira permanente, gerando um tipo de “rendimento” que não aparece em extratos, mas que se traduz em visão ampliada, criatividade e novas conexões pessoais, como se fossem dividendos.
Mas olhando apenas para o dinheiro que se tem na conta, investir é construir pacientemente uma base sólida para o futuro. Os objetivos são diversos e pessoais, mas, normalmente, circundam as esferas de liberdade financeira, segurança e estabilidade. Na prática, a maioria dos poupadores precisa tomar decisões pragmáticas sobre o que são gastos necessários para agora e quais os outros que podem ser programados para um segundo momento. Mas como equilibrar necessidades e desejos? Entre o hoje e o amanhã, qual a melhor escolha a fazer?
Nesse quadro e com férias à vista, surge a dúvida: viajar ou investir? Muitas vezes a resposta é binária, com respostas excludentes. Mas talvez tal questão não precise ser tratada como um dilema. Se a viagem não for considerada apenas um gasto supérfluo e sem sentido, mas sim como um objetivo financeiro, ela poderá ser incorporada ao próprio projeto de investimento, que já inclui outras realizações (casa, carro, conforto e aposentadoria).
Se a viagem em família ou as férias de verão passam a ser uma meta clara, com prazo e valor definidos, a organização para tanto muda a lógica da decisão. Deixa-se de lado a impulsividade e o endividamento, e entra em campo o planejamento financeiro: escolhem-se aplicações adequadas ao tempo que falta para a viagem, calculam-se os aportes mensais e, no final, embarca-se com tranquilidade, sabendo que cada detalhe foi planejado financeiramente para que se usufrua daquela conquista sem arrependimento e sem pensar no que deixou de poupar para isso.
Se a viagem ou as férias já estão próximas, para que o planejamento financeiro ajude no processo, o ideal é escolher investimentos de curto prazo e baixo risco, que preservem o valor aplicado e permitam liquidez. Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária ou LCIs e LCAs, fundos DI simples ou outros fundos de renda fixa e com alta liquidez atrelados ao CDI podem ser boas alternativas. Esses instrumentos oferecem rendimento superior ao da poupança e permitem que o dinheiro esteja disponível no momento certo, sem surpresas. Ao contrário, se houver mais tempo para o planejamento, produtos com menor liquidez podem se tornar mais atrativos, como CDBs/LCIs/LCAs de prazo fechado e fundos com prazos mais longos de resgate.
Programar-se financeiramente para essa experiência significa não só garantir os custos da viagem, mas também equilibrar orçamento doméstico com a disciplina dos investimentos. No fim das contas, viajar e investir não precisam competir entre si. Viajar pode ser um objetivo de investimento, com retorno que vai além das cifras: o cultural, emocional e humano. Integrar as duas dimensões é o que dá sentido à educação financeira - não para restringir escolhas, mas para criar as condições que permitem vivê-las de forma plena e sustentável. Boa viagem!
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