Na última semana, o Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano, reforçando a renda fixa como destino óbvio para quem busca ganhos acima de 1% ao mês sem fazer muito esforço. Apesar da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado já prenuncia juros menores em 2026, na casa dos 12%. Por isso, a diversificação de portfólios necessita de atenção do investidor que enxerga além do momento presente.
Para quem busca soluções além das óbvias, como ações, os fundos de private equity têm se mostrado interessantes por sua diversificação e oportunidades de crescimento fora do mercado “tradicional”. E o movimento esperado para os juros nos próximos tempos pode alavancar os ganhos.
Em linhas gerais, fundos de private equity investem o dinheiro de seus cotistas comprando participações em empresas que estão em crescimento, mas precisam de aprimoramento, seja financeiro, técnico ou na própria gestão, ainda que já sejam negócios sólidos. Os fundos entram nas operações não apenas com capital, mas também com suporte estratégico e operacional para ajudar as empresas a desenvolverem seu potencial.
Ao contrário das ações de empresas negociadas em Bolsa, onde os preços sobem e descem a cada segundo de negociação, os fundos de private equity investem em empresas de capital fechado. Logo, o investidor não sente a volatilidade que a tantos incomoda, muito embora esteja exposto a um negócio real e sujeito a variações típicas de qualquer empreendimento.
Por meio do private equity, investe-se propriamente em economia “real”, de modo que os cotistas do fundo tornam-se sócios da empresa investida. Isso traz uma das maiores vantagens deste tipo de diversificação: reduzir a correlação com o mercado tradicional. Ou seja, mesmo em momentos de volatilidade nas Bolsas ou quedas de juros na renda fixa, a exposição a empresas privadas ajuda a proteger a carteira, equilibrando riscos.
No Brasil, há muitos fundos de private equity, facilmente acessíveis por meio de plataformas de corretoras tradicionais, normalmente com um ticket de entrada (investimento inicial) menor que aquele necessário para abrir um negócio próprio do zero e desenvolvê-lo a ponto de atrair o interesse de investidores.
Fundos de private equity já escolheram empresas do Espírito Santo para investir, o que fortalece o crescimento econômico e inovação local. Um exemplo recente é o fundo da Treecorp, que destinou recursos à empresa capixaba Decolores. Por meio desses aportes em economia real, geram-se empregos e se estimulam setores estratégicos da região.
O private equity, nesse sentido, aproxima o investidor ao desenvolvimento ativo de negócios e até de comunidades das quais eventualmente participam. Por expor o investidor à economia real, as margens de retorno podem superar em muito as referências usuais de mercado, como o CDI, em especial quando se investe em empresas em crescimento, setores inovadores ou nichos como tecnologia, saúde e energia renovável. Embora os resultados financeiros possam ser muito além das médias de produtos tradicionais, não há nada que garanta que isso vai acontecer.
Na prática, como os fundos compram empresas, os investidores estarão sujeitos aos riscos típicos de todo negócio, inclusive a perda parcial ou até mesmo total do capital investido, como pode acontecer na hipótese da empresa investida ter prejuízo ou ir à falência. Assim, é essencial verificar a fundo o histórico profissional e expertise dos gestores dos fundos, os segmentos empresariais que dominam, se possuem estratégia definida para o desinvestimento, análises macroeconômicas e regulação setorial de onde costumam investir, dentre outros fatores.
Um dos principais pontos a considerar é que não há liquidez neste tipo de investimento, exatamente pelo fato que o investidor se torna dono de uma parte de negócios reais. Em outras palavras, não se sabe ao certo quando o investidor terá de volta seu capital. Então, saber a dose adequada de recursos a ser aportada num fundo desta natureza é fundamental para que esta trava de saída não se torne algo insuportável, pois o horizonte do investimento costuma ser de cinco a dez anos, justamente para permitir que o crescimento das empresas seja sustentável e consistente, a ponto de permitir a venda da empresa investida num momento ideal.
Apesar dos riscos habituais, desde que feito de forma consciente, o private equity torna-se uma ferramenta eficaz para construir uma carteira diversificada e com chances de retornos consistentes. Mais ainda, pode trazer ao investidor a consciência de que seu patrimônio pode ir além do dinheiro, impactando a vida ao redor pelo desenvolvimento de negócios, empregos, famílias e histórias de sucesso.
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