Aprender a controlar as emoções é algo desafiador, principalmente nos tempos atuais. Algumas pessoas pensam que a solução é aumentar a renda. O problema é que, sem controlar a mente, o comportamento foge do controle e, com o aumento das receitas, vem o aumento dos gastos. O deslumbre de uma solução rápida para problemas financeiros só aumenta o comprometimento da renda e o desgaste emocional.
Manter uma visão estratégica sobre o futuro, sobre a vida, incluindo finanças pessoais, pode incrementar a qualidade de vida por anos a fio. Desde o início da vida profissional, é preciso que cada indivíduo faça questão de alinhar sua felicidade com as metas de curto, médio e longo prazo. E isso requer priorização de objetivos, alta qualidade de conhecimentos gerais e ferramentas práticas para que os resultados sejam congruentes com os objetivos.
Entender o porquê da confusão financeira é mais importante do que saber como ela se formou. As finanças sempre tiraram o sono de muitas famílias, contudo, agora está alarmante o número e o volume de endividados e de endividamento. Nunca foi tão fácil fazer uma compra parcelada, pegar um empréstimo e renegociar dívidas. Porém, cada vez mais, o círculo fica fechado e mais forte, o que torna difícil sair da dívida.
É dentro da mente humana que está a chave para desenvolver habilidades financeiras, atrair o sucesso e alavancar a liberdade financeira. O que funcionava na época dos antepassados não funciona no mundo de hoje, onde há bombardeio de propagandas e algoritmos prontos para sugar a atenção de todos. É vital inovar no comportamento, aumentar a responsabilidade com o dinheiro e incrementar a competência cognitiva para lidar com tantas nuances que fazem as finanças irem além dos números.
Cada indivíduo é único e não há padrão de controle financeiro. Para alguns, funciona maravilhosamente bem ter um cartão de crédito e acumular milhas. Para outros, é até possível ter até mais de um cartão para diversas funcionalidades. Entretanto, para a grande maioria, é melhor não ter nenhum. Soa radical, mas é uma verdade. A maior parte da população não entende que o limite do cartão de crédito e do cheque especial é empréstimo — dos mais caros —, e a conta sempre chega.
Pequenas atitudes geram grandes impactos
Cotidianamente, as suas escolhas fazem a diferença, por menores que pareçam. Pequenas atitudes geram grandes impactos, e o sucesso de muitas pessoas que começaram com nada é comprovação disso. Há muitos endividados; em contrapartida, existem muitos casos de sucesso que servem de inspiração. É preciso nivelar as comparações por cima, não por baixo. O que faz bem para o bolso de um cidadão faz bem para toda a economia. Não há prosperidade e país desenvolvido sem o crescimento da maioria da população. Qualquer coisa diferente disso é um PIB mascarado.
Uma pessoa começa hoje a construir um caminho financeiro sólido para toda uma vida, até a morte e além da morte, refletindo na vida dos herdeiros e de várias gerações. Ao longo do tempo, esse valor cresce com segurança e rentabilidade. O importante é que esse indivíduo terá liberdade e segurança para escolher e não ser um escravo dos bancos. A magia do “apenas comece” é real. O propósito é celebrar a vida, não passar por ela. A coragem de fazer diferente precisa ser mais forte que o prazer de ficar quieto e de apreciar o ócio nada produtivo do mundo moderno.
A liberdade financeira é um direito, faz parte do pacote da Cidadania Financeira. Em tempos de consumismo e chuva de neuromarketing, defender a Educação Financeira é uma luta. Ir além da matemática e consolidar o conhecimento numérico junto ao comportamental é vital para uma sociedade próspera e saudável. Pensar de forma crítica é essencial para erradicar o alto grau de endividamento das famílias. Essa liberdade financeira só se sustenta com responsabilidade, aprendizado e compromisso.
É urgente quebrar o tabu de falar de dinheiro
Logo, é compreensível a luta diária de educadores financeiros e meios de comunicação que anseiam em lutar pela disseminação do conhecimento desde a base, desde os primeiros pisos e pilares. É urgente quebrar o tabu de falar de dinheiro. É um sonho, um dia, ver que uma criança, ao brincar de construir um castelo ou um avião, pense no custo e no preço.
Queridos pais, precifiquem as brincadeiras, usem termos financeiros. Usem a matemática e o comportamento juntos. Brinquem de empreender, recusem uma compra na “loja” do seu filho e digam que está caro; o ensinem, desde pequeno a dizer "não" para uma compra. Substituam o item. “Nossa, essa laranja está cara, irei comprar limões!” — isso é ensinar comportamento, ensinar economia de substituição. Ao contrário, quando a criança precificar bem um item, diga: “O preço está muito bom, irei levar três!”.
Em síntese, fragmentar as diversas áreas do conhecimento torna o comportamento raso e sem raízes. Misturar ciências, geografia, português e, principalmente, matemática com ações, emoções e reações irá preparar a nova geração para um pensamento multiplico de alto grau de desenvolvimento. Os jovens de hoje já estão endividados, os adultos estão exaustos, e os idosos, perplexos e consternados, vendo como o futuro não melhorou em termos de reserva financeira. A quantidade de avós que contribuem emocionalmente e financeiramente na criação dos netos só aumenta.
Por fim, são tempos loucos, onde tudo gira em torno do consumismo e do "realiza-se a todo custo". A espera, o poupar, o planejar ficaram de forma fixa no banco de reserva. A luta é desigual: crianças e jovens sem conhecimento profundo de finanças comportamentais contra uma máquina industrial do marketing e da inovação, que não para de alimentar um mundo cada vez mais superficial, onde as peças possuem alto grau de obsolescência. Tanto plástico, que hoje é moda, amanhã é lixo “reciclado”; roupa da moda que, na próxima estação, é passado e “out”. A efemeridade do mundo assusta a todos da área da educação e da filosofia. O dinheiro, cada vez mais intangível, gera dívidas cada vez mais reais.
É preciso renascer, ser diferente! Reeducar! Reaprender! O comportamento precisa vir acompanhado de sabedoria e de profundidade. Muitas vezes, é preciso que uma árvore saia de um vaso de jardim para ser plantada no chão, para que as raízes cresçam e se firmem e ela alcance seu esplendor. O comportamento precisa voltar aos tempos clássicos, onde pensar e agir após reflexões eram sinais de inteligência e da busca de um mundo mais sublime, com mais sentido.
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