Publicado em 17 de março de 2020 às 21:30
A pandemia de coronavírus levou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a adiar a realização do Censo Demográfico, que seria iniciado no dia 1º de agosto. Parte dos recursos separados para a pesquisa serão transferidos a ações de enfrentamento à crise sanitária. >
Em nota, o IBGE diz que a decisão considera recomendações do Ministério da Saúde em relação ao quadro de emergência de saúde pública. O novo cronograma prevê o início da coleta dos dados em 1º de agosto de 2021.>
Maior pesquisa realizada pelo instituto, o Censo Demográfico é realizado a cada dez anos, com o objetivo de traçar um retrato da população brasileira em aspectos como renda, educação e mortalidade, entre outros. Seus resultados são usados para a definição de políticas públicas.>
A pesquisa é feita por meio de entrevistas presenciais. Para essa edição, estão previstas visitas em cerca de 71 milhões de domicílios em todos os municípios brasileiros. Além do risco de contágio, diz o instituto, as restrições de movimentação e aglomeração de pessoas eliminaram o tempo hábil para treinamentos.>
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No início do mês, foram abertos concursos para a contratação de cerca de 208 mil empregados temporários para atuar como agentes censitários e recenseadores. As provas estavam agendadas para o dia 17 de maio e os treinamentos seriam iniciados em julho.>
O processo seletivo foi suspenso. "Candidatos que já efetuaram o pagamento da inscrição serão reembolsados conforme orientações a serem publicadas nos próximos dias", informou o instituto.>
Na nota, o IBGE diz que estabeleceu com o Ministério da Saúde compromisso de realocar o orçamento do Censo em ações de enfrentamento ao coronavírus. Em 2021, o ministério devolverá os valores para garantir a realização do Censo.>
A preparação do Censo Demográfico 2020 enfrentou uma série de problemas, que começaram com restrições orçamentárias e culminaram com a renúncia de gestores do IBGE em protesto contra a direção.>
O planejamento original previa gastos de R$ 3,4 bilhões. Ao assumir a presidência do IBGE no governo Jair Bolsonaro, Susana Cordeiro Guerra determinou um corte de 25% do valor, medida que gerou protestos e alertas entre especialistas e técnicos do instituto.>
Nomeada por Guedes, Guerra defendeu que os cortes orçamentários não teriam impacto na qualidade da pesquisa. Uma das medidas para economizar foi a redução do tamanho do questionário: em sua versão básica, o número de questões caiu de 34 para 25; na completa, aplicada em 10% dos domicílios, de 112 para 76.>
O adiamento foi anunciado poucas horas depois de nota em que o próprio IBGE dizia que informaria "em breve" sobre o novo cronograma da pesquisa. No mesmo texto, o instituto anunciou a suspensão das entrevistas presenciais para a pesquisa de desemprego.>
A suspensão das coletas de dados em domicílio foi solicitada na segunda (16) pela Assibge, sindicato que reúne os funcionários do instituto para evitar riscos de contágios pelo novo coronavírus.>
Chamada de Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domicilar) Contínua, a pesquisa do desemprego também é feita com entrevistas presenciais. O IBGE diz que está estudando alternativas que não envolvam a visita a domicílios.>
"Toda e qualquer opção ou possibilidade será antes testada e validade para assegurar os padrões de qualidade e excelência do corpo técnico do IBGE, buscando preservar a série histórica dos dados", disse o instituto.>
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