
Os três policiais militares que se tornaram réus em ação penal sob a acusação de morte de um jovem na segunda ponte, em Vitória, vão ser ouvidos pela Justiça do Espírito Santo. Foi marcada para o dia 21 do próximo mês a primeira audiência de instrução do caso, quando começa a ser ouvido o depoimento das testemunhas e realizado o interrogatório dos acusados.
Em decisão do último dia 8, o Juízo da 4ª Vara Criminal de Cariacica — responsável pelo Tribunal do Júri da cidade —, também manteve a prisão preventiva de um dos militares, negando o pedido de sua defesa.
O texto informa que se trata de um crime grave, praticado contra um adolescente: “Sem chances de esboçar qualquer reação de defesa”. E volta a falar sobre a conduta dos denunciados pela morte ao negar o relaxamento da prisão.
“As condutas supostamente praticadas apresentam-se extremamente graves e o modus operandi empregado caracteriza a gravidade em concreto do crime e revelam a periculosidade dos acusados”.
A prisão dos três foi decretada no dia 28 de maio, e a mesma decisão também os tornou réus em ação penal. Permanecem recolhidos no Presídio Militar, no Quartel da PMES, em Maruípe, Vitória.
Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), vão responder por homicídio qualificado, praticado por agente da lei, e em conjunto, os seguintes militares:
- Luan Eduardo Pompermaier Silva - soldado, ingressou na corporação em 2020
- Franklin Castão Pereira - cabo, ingressou em 2013
- Leonardo Gonçalves Machado - soldado, começou na carreira em 2023
Morte na ida para casa
Na madrugada de 18 de fevereiro, Kaylan Ladário dos Santos, de 17 anos, foi abordado pelos PMs no bairro Aparecida, em Cariacica, devido a um mandado de busca e apreensão por um assalto em 2023, e levado para o plantão da Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), em Vitória.
Ao chegarem ao local, os militares foram informados pela Polícia Civil que o documento estava vencido e que, por isso, ele não poderia ser apreendido. De acordo com as investigações, os policiais, então, teriam colocado Kaylan novamente na viatura e informado que iriam levá-lo até a sua casa.
A denúncia do MPES aponta, no entanto, que os PMs teriam parado na Segunda Ponte e arremessado o adolescente de lá. O corpo do jovem foi encontrado por um pescador no dia seguinte, boiando na orla de Cariacica.
O que diz a defesa
Os advogados de defesa dos soldados Luan e Leonardo optaram por não se manifestarem sobre a decisão.
O advogado Lucas Kaiser Costa, que faz a defesa do cabo Franklin, informou que foi intimado e que, no momento, não pretende recorrer contra a decisão.
Acrescentou que pretende aguardar os desdobramentos, com o depoimento das testemunhas e a produção das demais provas, assinalando que elas vão ajudar a corroborar a tese defensiva. “Espera-se que após a instrução processual, o fato se elucide e se demonstre o equívoco da acusação”.
LEIA MAIS COLUNAS DE VILMARA FERNANDES
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.