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Morte de jovem: PMs presos disseram que rapaz pediu para ser deixado na 2ª Ponte

Morte de jovem: PMs presos disseram que rapaz pediu para ser deixado na 2ª Ponte

Segundo secretário de Estado da Segurança Pública, os militares deram uma versão sobre o caso antes de vídeo que mostra a movimentação na ponte vir à tona; depois, decidiram ficar em silêncio

Publicado em 9 de junho de 2025 às 11:04

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo, militares teriam arremessado Kaylan Ladário dos Santos de uma altura de 14 metros

Os três policiais militares acusados de arremessar o adolescente Kaylan Ladário dos Santos, de 17 anos, da Segunda Ponte, deram uma versão do caso antes de um vídeo ser anexado ao processo como prova da ação. O repórter Diony Silva, da TV Gazeta, apurou com o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, delegado Leonardo Damasceno, que os agentes disseram que pararam na ponte a pedido do jovem, que, segundo eles, queria ser deixado ali mesmo.

Segundo o secretário Leonardo Damasceno, quando as gravações foram incluídas no inquérito, o cabo Franklin Castão Pereira e os soldados Luan Eduardo Pompermaier Silva e Leonardo Gonçalves Machado foram chamados novamente para depor. Desta vez, no entanto, eles preferiram ficar em silêncio. 

O vídeo deixa claro primeiro o momento em que foram jogados os pertences do rapaz, na sequência a câmera gira e, quando volta, aparece a viatura saindo e o rapaz se debatendo (na água)

Delegado Leonardo Damasceno

Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social

Kaylan foi abordado no bairro Aparecida, em Cariacica, no dia 18 de fevereiro, e levado para a delegacia porque estava com um mandado de apreensão em aberto. Acontece que, chegando lá, o delegado viu que o mandado já estava vencido e, por isso, não poderia receber o adolescente ali. Os agentes tentaram contato com a mãe dele, para buscá-lo, sem sucesso. De madrugada, os policiais então saíram da unidade, dizendo que iriam levá-lo para casa, mas, segundo as investigações, pararam na Segunda Ponte e o arremessaram de lá. O rapaz, que não sabia nadar, morreu afogado.

"Não tem justificativa", diz secretário

"Não tem justificativa nenhuma para aquele comportamento, mesmo que em qualquer hipótese eles alegassem outra história, além de jogar o rapaz na água, eles teriam também o dever de socorro daquele rapaz que estava se debatendo na água. De uma maneira ou de outra, o caso tem uma prova muito robusta", declarou o secretário, nesta segunda-feira (9), referindo-se ao vídeo que flagrou a viatura na Segunda Ponte (confira acima).

Policiais podem ser expulsos

A Corregedoria da Polícia Militar apura o caso. "A gente espera agora da Corregedoria um empenho muito grande para que esses policiais, se comprovado em âmbito desse inquérito militar o desvio de conduta, que eles sejam excluídos da instituição", comentou o secretário.

Família desolada

Investigação aponta que jovem havia sido liberado por delegado e deveria ser levado para casa, mas foi executado durante o trajeto. Caso aconteceu no dia 18 de fevereiro deste ano

A família de Kaylan soube que o adolescente havia sido levado para a delegacia só horas depois. Quando a mãe dele, Leicester Ladário, foi atrás de informações, o rapaz não estava mais lá. O corpo foi encontrado na tarde do dia seguinte.

Meses depois da morte do filho, a auxiliar administrativa teve acesso às imagens do momento em que o adolescente é jogado da Segunda Ponte. "Eu vi eles jogando o meu filho. Meu filho estava vivo! Eles pararam o carro em cima da Segunda Ponte e jogaram o meu filho lá de cima. Viram ele se debatendo e, mesmo assim, simplesmente entraram no carro e foram embora. Meu filho não sabia nadar. Eles viram o desespero dele", desabafou Leicester.

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