Após seis dias de júri popular, um total de sete pessoas receberam condenações pela morte do traficante Fernando Monteiro Telles, que foi espancado, morto a facadas e teve a cabeça cortada. O corpo foi descartado às margens de uma rodovia na Serra, dentro de um carro que foi incendiado.
Ao todo nove pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pelo crime. Duas foram absolvidas e o restante teve penas aplicadas por decisão da 1ª Vara Criminal de Vitória, responsável pelo Tribunal do Júri, que foram distribuídas da seguinte forma:
- Ícaro Santana Soares - 29 anos, 11 meses e 10 dias
- Isac Nunes de Aguiar - 27 anos e 4 meses
- Filipe Santana Pereira - 2 anos por ocultação de cadáver e foi absolvido dos crimes de crime de homicídio qualificado e corrupção de menores
- Bruno Alexandre da Silva Cruz - 25 anos, 1 mês e 20 dias
- Deivison Borges dos Santos - 25 anos e 8 meses
- Frank William de Moraes Leal Horácio - 26 anos, 2 meses e 12 dias
- Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo - 33 anos, 9 meses e 20 dias
- Igor de Jesus Alves da Cruz - absolvido
- Edmaycon Guss Ferreira - absolvido
Após a sentença, proferida no final da noite deste sábado (18), o advogado Frank William de Moraes Leal Horácio deixou o Tribunal do Júri preso. Ele foi encaminhado para a Penitenciária de Segurança Média 1 (PSME1), em Viana.
Durante a realização do júri alguns réus confessaram o crime. É o caso de Marujo e do advogado Frank Willian, que fez as entregas das mensagens entre detentos e lideranças criminosas que estavam em liberdade.
O que dizem as defesas
A defesa de Marujo foi realizada pela advogada Lidiane Lahass. Por nota, ela informou que o seu cliente agiu com respeito e colaborou para que a Justiça fosse feita. “Ele confessou, respondeu a todas as perguntas e auxiliou na reconstrução dos fatos apurados".
A advogada Paloma Gasiglia faz a defesa de Igor de Jesus Alves da Cruz. Ela destaca que após seis anos, a jutiça foi feita. "Sempre acreditei na Justiça e na inocência do Igor, o que hoje foi demonstrado. Foram longos seis anos de espera", assinalou.
A defesa de Frank William é realizada por Hugo Miguel Nunes. Por nota, informou que já apresentou recurso de apelação contra a sentença de condenação de seu cliente. “A defesa não descansará até que seja plenamente comprovada a inocência de Frank William, cuja trajetória e conduta não se coadunam com as acusações formuladas”.
Acrescentou que “existem graves argumentos de nulidade processual” que levaram aum julgamento contrário às provas existentes no processo.
“Tais irregularidades já estão sendo minuciosamente documentadas e serão apresentadas nas instâncias recursais cabíveis, para que a Justiça seja restabelecida em sua integralidade. Vamos continuar atuando com rigor técnico e dedicação incansável para que a inocência do meu cliente seja reconhecida pela Justiça”.
Os advogados dos demais réus não foram localizados, mas o espaço segue aberto às suas manifestações.
Crime brutal
Na tarde do dia 28 de março de 2019, Fernando Telles subiu para o Bairro da Penha, em Vitória, onde encontrou integrantes da cúpula da facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV).
No grupo estava Marujo, que disse em seu interrogatório que a vítima o havia procurado com informações falsas, que tentou enganá-lo atribuindo culpa a outras pessoas. Disse que tal atitude não é aceita no grupo criminoso.
Fernando Telles, tinha sido encarregado de cuidar da boca de fumo de Ícaro Santana Soares. Deveria repassar os lucros para a mulher dele. Mas acabou tendo um relacionamento amoroso com ela por pelo menos oito meses.
Quando o assunto começou a circular no grupo criminoso, Telles decidiu procurar a liderança do PCV, Marujo, para apresentar a sua versão. Levou cópias de mensagens do whatsapp e negou o envolvimento com a mulher de Ícaro. Afirmou que estava envolvido com a amiga dela, que era mulher de outro traficante.
Pressionada pelo marido, a amiga decidiu revelar a sua versão. Gravou a conversa que teve com o casal envolvido na traição, onde tudo era revelado. O áudio foi entregue a Marujo.
Telles acreditou que poderia reverter sua situação junto às lideranças criminosas, o que não aconteceu. Lá foi espancado, teve a cabeça cortada e foi enrolado no tecido impermeável de uma piscina. Posteriormente seu corpo foi transferido para o seu carro e abandonado às margens da Rodovia Audifax Barcelos, na Serra, onde foi incendiado.
Correção
20 de outubro de 2025 às 14:12
O texto foi atualizado com a manifestação da advogada Lidiane Lahass, que fez a defesa de Marujo.
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