A Justiça do Espírito Santo decretou o bloqueio de R$ 600 mil em bens pertencentes a Bruna Garcia Barbosa Marinho, que se tornou ré em uma ação penal por tentativa de homicídio contra um médico de 90 anos. A suspeita é de uso de arsênio.
Em decisão do Juízo da 1ª Vara Criminal de Vitória é citado que há “fortes indícios” de que ela teria se apropriado de “vultosas quantias da vítima”, e que a conduta está ligada ao crime contra o médico.
Houve ainda a aceitação da denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e a manutenção da prisão preventiva. Ela segue detida no Presídio Feminino em Tucum, Cariacica.
De acordo com o MP, a tentativa de homicídio foi por motivo torpe; com o emprego de veneno, considerado meio insidioso e cruel; usando recurso que dificultou a defesa da vítima; para assegurar a impunidade ou vantagem de outro crime; e cometido contra pessoa maior de 60 anos.
O advogado que representa a família do médico, Waldyr Loureiro, vai atuar no processo como assistente de acusação. Segundo ele, com a indisponibilidade dos bens, a expectativa é de que se promova a indenização material da vítima.
“E a manutenção da prisão é um indicativo de que há elementos fortes, provas contra a suposta autora do crime”, explica o advogado. Ele observa que as ações tiveram o objetivo financeiro de esconder a fraude financeira.
Nas investigações, segundo Loureiro, houve a tentativa de transferir a responsabilidade pela aquisição do medicamento a um membro da família. “O que a polícia concluiu ser inverídica a acusação em razão de diversas provas colhidas nas investigações e que eliminaram essa possibilidade”, acrescentou.
Marido excluído do processo
No início deste mês, Alysson Oliveira Marinho, marido de Bruna, que chegou a ser detido junto com ela, foi solto.
O Juízo da 1ª Vara Criminal de Vitória aceitou o pedido do MP de arquivamento do inquérito policial contra Alysson. “Uma vez que a própria investigada confessou ter adquirido o veneno utilizando-se indevidamente dos dados pessoais do cônjuge”, é dito na decisão que autorizou a revogação da prisão temporária.
O advogado James Gouvea Freias faz a defesa de Bruna. Ele assinala que ela é inocente e que as acusações são motivadas por vingança.
O caso
Bruna trabalhou na clínica, localizada na Praia do Canto, por cerca de 12 anos. Ela exercia função de confiança, controlando o setor financeiro. E seria a pessoa responsável pela rotina alimentar do médico.
Os fatos teriam ocorrido entre os anos de 2023 a 2025. A vítima passou a apresentar sintomas compatíveis com intoxicação crônica por arsênio – diarreia, vômitos, anemia, inchaço nos membros e perda de peso –, mas sem associá-los a um possível envenenamento.
A situação mudou em março deste ano. Data em que, segundo a polícia, o médico e a esposa desconfiaram que Bruna estaria desviando recursos da clínica, que estariam sendo direcionados para a conta pessoal dela. Foi iniciada então a investigação que resultou em sua prisão.
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