Um casal foi preso nesta terça-feira (02) em uma investigação de tentativa de homicídio contra um médico de 90 anos. A suspeita é de que tenha ocorrido envenenamento por óxido de arsênio, no interior de sua clínica, localizada na Praia do Canto, em Vitória. A Polícia Civil apura se o objetivo seria encobrir uma fraude financeira, com desvio de cerca de R$ 700 mil.
A prisão temporária de Bruna Garcia Barbosa Marinho e Alysson Oliveira Marinho foi decretada pelo juiz Carlos Henrique Rios do Amaral Filho, titular da 1ª Vara Criminal de Vitória, que é responsável pelo Tribunal do Júri.
Em sua decisão, ele informa haver indícios suficientes de autoria do crime. E que a prisão é “imprescindível para que a autoridade policial possa concluir as investigações, inclusive para preservar futura coleta de outras provas”.
A defesa do casal nega as acusações (veja abaixo).
As investigações
Dois inquéritos policiais estão levantando informações sobre os fatos envolvendo o médico e sua clínica. Um deles, iniciado em 6 de agosto na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), aponta que a mulher detida trabalhou na clínica por cerca de 12 anos. Ela exercia função de confiança, controlando o setor financeiro. E que seria a pessoa responsável pela rotina alimentar do médico.
Os fatos teriam ocorrido entre os anos de 2023 a 2025. A vítima passou a apresentar sintomas compatíveis com intoxicação crônica por arsênio – diarreia, vômitos, anemia, inchaço nos membros e perda de peso –, mas sem associá-los a um possível envenenamento.
A situação mudou em março deste ano. Data em que, segundo a polícia, o médico e a esposa desconfiaram que Bruna estaria desviando recursos da clínica, que estariam sendo direcionados para a conta pessoal dela. Um dos supostos beneficiados seria Alysson. O relato é de que ela se demitiu após ser confrontada com as informações.
Já em abril, a esposa do médico, com outra funcionária da clínica, localizou cheques em nome do médico e frascos de arsênio e laxante na unidade médica. E à polícia informou que o material estava armazenado em um espaço que era utilizado por Bruna.
“Laudos periciais confirmaram a presença de óxido de arsênio no frasco encontrado e atestaram o envenenamento da vítima, com maior concentração de intoxicação no período em que Bruna trabalhava na clínica. Além disso, uma nota fiscal de compra do arsênio, datada de 29 de fevereiro de 2024, foi encontrada em nome de Allysson Oliveira Marinho, o marido de Bruna”, é dito na decisão judicial.
Segundo o advogado que representa a família do médico, Waldyr Loureiro, há um segundo inquérito policial que está sendo conduzido pela Delegacia de Defraudações. "Lá está sendo investigada a fraude financeira que zerou as contas do médico. Um desvio financeiro de quase R$ 700 mil", diz, acrescentando que a agilidade da Polícia Civil permitiu uma rápida apuração do caso. "Uma presteza técnica que surpreende".
Em relação ao médico, cujo nome não está sendo informado por ser vítima de um crime, Loureiro relata que ele tem se recuperado, mas que o envenenamento deixou sequelas.
Defesa nega acusações
O advogado James Gouvea Freias representa o casal e informou que somente após a prisão seus clientes souberam que estavam sendo investigados. “Eles foram surpreendidos. Ela foi presa em seu local de trabalho”, relatou.
Freias garante que a realidade é bem diferente do que foi descrito no inquérito, que seus clientes não têm envolvimento com a situação e que tudo isto será provado no curso da investigação, com documentos que vão ser apresentados pela defesa. “Muito ainda vai aparecer”, assinala.
Para o final da tarde desta quinta-feira (04) está agendada a audiência de custódia de Bruna e Alysson.
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