Guerino Balestrassi (Podemos) foi eleito prefeito de Colatina em 2020 por uma margem apertada de votos: 34% contra 33% do segundo colocado, Luciano Merlo (Patriota). Ele começa o terceiro ano do terceiro mandato como chefe do Executivo municipal já de olho na possibilidade de permanecer na cadeira a partir de 2025. Para isso, precisa ser reeleito no ano que vem.
O prefeito, que concedeu entrevista à coluna na última terça-feira (6), não verbalizou o intento. Disse estar concentrado na gestão, mas admitiu que concorrer, de novo, é o caminho "natural".
Balestrassi quer, de acordo com ele mesmo, construir uma "marca", por meio da qual a população se convenceria que o melhor é conceder mais quatro anos à administração.
"A partir do momento que você tem uma marca boa, a população vai exigindo que você vá para a reeleição", avaliou.
Nos primeiros dois anos, o prefeito diz que se concentrou em ajudar parceiros, como o governador Renato Casagrande (PSB) e o então deputado estadual Renzo Vasconcelos (hoje no PSD). Os dois disputaram as eleições de 2022.
O socialista foi reeleito, após uma campanha dura contra Carlos Manato (PL), no segundo turno. Renzo, por sua vez, apesar de ter sido o terceiro candidato mais votado para a Câmara dos Deputados no Espírito Santo, ficou sem mandato. O problema foi o desempenho tímido da chapa do PSC, partido ao qual estava filiado.
Hoje, Renzo é um possível adversário de Guerino Balestrassi nas eleições de 2024. Mas o prefeito tenta contornar isso.
"Se nós não estivermos bem, todo mundo é candidato. Se tivermos bem, tudo pode se inverter. Isso vai depender de como vai estar a nossa marca lá na frente", analisou.
Mas de qual marca ele tanto fala? "A marca de um gestor dedicado, que sabe o que fala, moderado. A marca de quem conhece o município, conhece as suas demandas e tem capacidade de oferta (para suprir as demandas) também", respondeu o próprio Balestrassi.
Ele acredita que não teria dificuldade de atrair Renzo Vasconcelos e outros potenciais adversários para o palanque da reeleição. "Em Colatina, não existe um atrito de base ideológica forte. Por isso, a composição não é difícil. E o Renzo é um aliado, porque tem muita gente (indicada por ele) na gestão, principalmente no segundo escalão", revelou o prefeito.
O ex-deputado estadual, que preside o PSD no Espírito Santo, porém, é um nome cada vez mais ventilado para concorrer ao Executivo municipal no ano que vem.
Em conversa com a coluna, em março, ele preferiu não antecipar movimentos, mas deixou escapar que há, sim, um descontentamento com a administração de Balestrassi: "Têm acontecido algumas coisas que não são muito do meu agrado nem da construção que a gente tinha feito anteriormente".
E, se o prefeito se empenhou na campanha de Renzo Vasconcelos em 2022, o ex-deputado estadual diz o mesmo em relação ao pleito de 2020, em que Balestrassi foi vitorioso: "Alguns analisam que quem ganhou fui eu, que a eleição foi minha".
Mas há outros atores políticos em Colatina, como o ex-prefeito Sérgio Meneguelli (Republicanos), que, desde fevereiro, ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa.
Tudo indica que Meneguelli não vai disputar a prefeitura novamente, mas um eventual apoio dele, certamente, seria relevante. Renzo e o pai, Pergentino Vasconcelos, que é vice-presidente do PSD estadual, têm se aproximado cada vez mais do deputado.
Guerino Balestrassi, por sua vez, também mantém boa relação com o parlamentar. Além disso, o PT da deputada federal Jack Rocha é outro aliado com o qual o prefeito conta.
E ainda trabalha para garantir o apoio de Luciano Merlo, contra o qual disputou em 2020.
"Eu sou um cara mais de centro, caminho tanto para a direita como para a esquerda com muita tranquilidade. E as eleições municipais não necessariamente reproduzem os aspectos de uma eleição nacional, que é mais ideologizada", explicou o prefeito, que segue no Podemos, um partido de centro-direita.
Ele é aliado de Casagrande e afirmou que o deputado federal Da Vitória (PP), outro colatinense, também o ajuda. O afastamento entre o progressista e o Palácio Anchieta, na avaliação de Balestrassi, não vai mudar isso.
Enquanto tenta fortalecer a marca da gestão, que aposta ser o principal ativo na busca pela reeleição, Balestrassi também atua em outras frentes.
Ele esteve em Vitória, na terça e na quarta (7), para uma série de entrevistas a veículos de imprensa, mostrando que está no jogo.
Ao meu colega Abdo Filho, por exemplo, apontou o que tem feito em prol do desenvolvimento econômico de Colatina, como a criação de um novo eixo de expansão, por meio da desapropriação de um terreno de 600 mil m².
Quando questionado pela coluna sobre o Podemos, o prefeito demonstrou a intenção de permanecer no partido e mais: quer a ajuda das lideranças estaduais da legenda para montar chapas de candidatos a vereador.
"Vou conversar com os deputados federais Dr. Victor e Gilson Daniel, que é o presidente estadual do Podemos. Quando começarem as articulações, vou precisar que eles nos ajudem a formar alianças partidárias. Tenho 60 possíveis candidatos a vereador, que têm que ser distribuídos em quatro partidos", contou o prefeito.
Candidatos a vereador são bons cabos eleitorais. Pensar na formação das chapas é mais um indício, pegadas deixadas no caminho, de que o prefeito se arma para a reeleição.
Mas Balestrassi prefere não tratar diretamente do assunto com tanta antecedência. "O momento agora é de a gente trabalhar a governança do município, né? Quem tá com mandato tem que se preocupar com a governabilidade", ressaltou.
Na Câmara Municipal, a situação é confortável. Dos 15 vereadores, apenas um é mais crítico à administração.
LEIA MAIS COLUNAS DE LETÍCIA GONÇALVES
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.