O governador Renato Casagrande (PSB) deve anunciar ainda este ano quem vai ser o candidato do grupo dele a disputar o Palácio Anchieta em 2026. No páreo, estão o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido). A vantagem, ao menos dentro do círculo casagrandista, está com Ricardo.
O discurso, publicamente, é de união, mas, na prática, há uma disputa velada entre o prefeito e o vice-governador.
Na quinta-feira (27), durante entrevista coletiva sobre as obras do corredor exclusivo para ônibus na Avenida Carlos Lindenberg, Casagrande afirmou que o "que vai trafegar nessa via é a nossa unidade", ao ser questionado sobre quem vai ser o ungido.
Ele reforçou que a ideia é que apenas um nome do grupo político se lance na disputa, mas, para isso, precisa convencer os próprios aliados.
"Eu, como governador, líder desse projeto, não desejo isso (que haja duas candidaturas). Desejo um único movimento. Já falei para Arnaldinho, já falei para Ricardo, já falei para outros aliados nossos, outros partidos. Meu desejo é esse e estou trabalhando para construir esse desejo e sensibilizar os corações dos nossos amigos".
Logo em seguida, a coluna questionou Arnaldinho se ele havia se sensibilizado com o pedido do chefe do Executivo estadual.
O prefeito saiu pela tangente:
"Eu sempre fico sensibilizado quando o governador vem a Vila Velha, é sempre notícia boa. E não é diferente no dia de hoje, com essa notícia maravilhosa do corredor de mobilidade da Lindenberg. Então, estou animado e feliz".
A coluna insistiu: se Ricardo for o escolhido pelo grupo para disputar o Palácio, Arnaldinho vai se retirar da disputa?
Ele não respondeu nem sim nem não, mas também usou a palavra "unidade":
"Tem até abril para a gente avaliar quem é viável, quem não é, quem vai performar, quem não vai performar. Uma coisa eu posso te afirmar: a gente vai manter essa unidade".
Uma forma de unir gregos e troianos seria, por exemplo, formar uma chapa em que Ricardo seria candidato a governo e Arnaldinho, o vice, como chegou-se a cogitar. Arnaldinho, no último dia 17, não descartou a ideia, de pronto.
Mas, na quinta, foi enfático e rechaçou a possibilidade. Ele justificou que os moradores de Vila Velha não olhariam com bons olhos o fato de ele renunciar ao mandato de prefeito para figurar como vice.
Arnaldinho Borgo (sem partido)
Prefeito de Vila Velha
"Não tenho vontade de ser vice, até porque eu tenho uma cidade que talvez não olharia com bons olhos eu ser vice. Talvez como governador, sim, já que eu teria condições de ajudar muito mais Vila Velha"
O prefeito tenta se viabilizar até o último minuto, como mostram as movimentações dele para o lado do PSDB com o objetivo de ser candidato filiado à sigla.
Isso gera mais um possível climão, já que o PSDB é um partido da base aliada ao governo e já declarou apoio a Ricardo. A legenda, no Espírito Santo, é presidida pelo deputado estadual Vandinho Leite.
Há especulações de que Arnaldinho, uma vez filiado, assumiria o comando do partido, embora o próprio prefeito tenha dito que nem tratou desse tópico.
Enquanto isso, na assinatura da ordem de serviço das obras na Lindenberg, feitas com recursos do governo estadual, estavam presentes não apenas Casagrande e Arnaldinho como Ricardo e o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), pré-candidato ao Senado.
Do carro, a caminho do evento, eles posaram para uma foto para ilustrar a tão mencionada unidade.
A imagem, entretanto, não fala mais que palavras e, principalmente, não mais que as palavras omitidas em discursos e entrevistas. O que temos que conferir, na verdade, é qual vai ser o final do filme.
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