Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

As últimas cartadas dos candidatos ao Senado no ES

Rose de Freitas (MDB), Magno Malta (PL) e Erick Musso (Republicanos) apresentam suas armas a dez dias das eleições de 2022

Vitória
Publicado em 22/09/2022 às 02h10
Candidatos ao Senado Federal do Espírito Santo
Candidatos ao Senado Federal do Espírito Santo. Crédito: Arte/Geraldo Neto

A dez dias das eleições de 2022, os candidatos ao Senado pelo Espírito Santo revelam as últimas, ou penúltimas, cartadas para conquistar votos. Rose de Freitas (MDB) se alia ainda mais à imagem do governador Renato Casagrande (PSB) e no apoio de prefeitos.

Magno Malta (PL) tenta, se é que é possível, mostrar-se mais bolsonarista, mas entra também na seara de Rose, apresentando-se como "pai" de uma obra. Erick Musso (Republicanos) apela à juventude e à renovação.

Ao todo, há nove candidatos ao Senado no estado. Nelson Junior (Avante) e Gilberto Campos (PSol), com escasso tempo no horário eleitoral, mal conseguem passar suas mensagens. Os demais nem aparecem.

MAGNO MALTA, O PAI

Magno Malta foi vereador de Cachoeiro, deputado estadual, federal e senador. O último cargo ele ocupou por 16 anos ininterruptos. Ganhou fama de "papagaio de pirata" por aparecer sempre ao fundo em fotos e vídeos protagonizados pelo então presidente Lula e pela então presidente Dilma Rousseff, ambos do PT, os quais ele apoiava, na época.

A guinada veio em 2014. O jornal A Gazeta, em abril daquele ano, registrou que, seis meses antes, Magno proferiu a seguinte frase: “Meu partido será palanque de Dilma, ela querendo ou não”.

Nesse curto intervalo, mudou de ideia, como registra a mesma edição: “Tem um filósofo que diz que só os tolos não mudam. Eu reavaliei minha posição. Participei efetivamente das duas eleições de Lula e da eleição de Dilma, e agora concluí que ninguém é tão bom que mereça ser perpetuado no poder. A presidente teve a hora dela na história, mas não foi brilhante”.

Em 2016, Magno foi favorável ao impeachment da presidente.

O ex-senador chegou, em 2018, a ser cotado para ser vice de Jair Bolsonaro (na época filiado ao PSL), arquirrival dos petistas. E seguiu desde então como fiel apoiador do presidente da República.

Magno tem pouco tempo no horário eleitoral, já que o PL conseguiu se coligar apenas com o PTB no Espírito Santo.

A investida maior é nas redes sociais. O ex-senador recebeu R$ 2 milhões da direção nacional do PL para fazer campanha. Mais do que o candidato ao governo pelo partido, Carlos Manato.

Magno posta vídeos com Bolsonaro, alguns recentes, outros nem tanto. Elogia o governo federal e coisas como a passagem do presidente por Londres, no velório da rainha Elisabeth II. O ex-senador critica os ministros do Supremo Tribunal Federal, seguindo os ditames do chefe do Executivo federal.

Ele também destaca o que fez no Senado, como as CPIs da Pedofilia e dos Maus-tratos contra crianças que foram criticadas por serem transformadas em palanques eleitorais.

Recentemente, entretanto, Magno resolveu apostar em outra frente.

Magno Malta em horário eleitoral na TV
Magno Malta em horário eleitoral na TV. Crédito: Reprodução

Rose, tradicionalmente, destaca as verbas que atraiu do Orçamento da União para o Espírito Santo. O ex-senador resolveu se apresentar como "o pai" da obra do Contorno do Mestre Álvaro, lembrando, no horário eleitoral e nas redes, que foi o autor do pedido para a federalização do trecho.

Isso foi ainda em 2008. A obra passou por diversos imbróglios e ainda não foi concluída.

Magno também apareceu na TV com a proposta de alterar a Lei Maria da Penha para que o ônus da prova caiba "ao vagabundo que espancou a mulher".

Rose destacou, durante a campanha, ter sido a primeira mulher eleita senadora pelo Espírito Santo e a luta da bancada feminina no Congresso Nacional. Ela também diz ter participado de todas as leis favoráveis às mulheres.

Bolsonaro, por sua vez, também tenta aumentar as intenções de votos entre as eleitoras.

O ex-senador apareceu empatado em primeiro lugar com Rose de Freitas na última pesquisa Ipec, divulgada em 2 de setembro. Cada um marcou 27%.

Magno foi convidado a ser entrevistado pela coluna na série de sabatinas com candidatos ao Senado. Disse que não poderia comparecer.

ROSE DE FREITAS, A PARCEIRA

Rose de Freitas exerceu um mandato de deputada estadual e seis de deputada federal. Foi eleita senadora em 2014.

Adota, desde sempre, uma postura municipalista, em que é festejada com faixas instaladas por prefeitos, principalmente no interior, por destravar verbas federais para a compra de tratores ou para a realização de um serviço na cidade.

Foi nos prefeitos que ela se ancorou durante toda a campanha. No último dia 12, conquistou o de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, que estava reticente a apoiá-la, apesar de o partido dele, o Podemos, integrar a coligação da emedebista.

Naquele dia, Arnaldinho até gravou vídeo pedindo votos para Rose. Nas redes sociais, a campanha dela impulsionou o material, buscando incursão na cidade da Grande Vitória. Afinal, é na região metropolitana que está a maior parte do eleitorado.

Rose tem ainda os apoios de Sérgio Vidigal (PDT) , da Serra; Euclério Sampaio (União Brasil), de Cariacica, e Wanderson Bueno (Podemos), de Viana.

Renato Casagrande e Rose de Freitas no horário eleitoral
Renato Casagrande e Rose de Freitas no horário eleitoral. Crédito: Reprodução

Isso quer dizer que conta com a força da máquina estadual e das municipais, nessas cidades.

Nesta quarta-feira (21), ela apareceu na TV para "responder a uma pergunta que várias vezes foi feita", segundo a candidata. "Se eu tenho família", continuou.

"Tenho família, sim", respondeu, mencionando o pai, já falecido, a mãe de 98 anos, um filho, uma filha e uma neta.

Críticos da emedebista, como os que se postaram no trio elétrico da manifestação bolsonarista realizada no 7 de Setembro em Vitória, lembram que um irmão dela foi preso na Operação Corsários, da Polícia Federal, que apurou desvios na Codesa em 2021.

O site do Supremo Tribunal Federal não mostra nenhum processo relacionado ao caso.

Questionada sobre a operação pela coluna, Rose se irritou em entrevista no último dia 13 e afirmou, por mais de uma vez: "Não roubei".

Dias depois, ela faltou a outra entrevista em um meio de comunicação.

"Quando penso em família, penso em educação", disse Rose, no horário eleitoral desta quarta.

"A senadora trabalha pela educação incansavelmente (...) Falar em Ifes é falar em Rose de Freitas", diz a peça de propaganda.

"Rose, a juventude está com você", disse uma jovem.

ERICK, O JOVEM

Aos 35 anos, a idade mínima para que alguém possa disputar o Senado, o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), aposta, desde o início da campanha, em "juventude", "renovação", palavras presentes no horário eleitoral destinado a ele nesta quarta.

Nos últimos dias, Erick passou a percorrer o interior do estado, onde Rose marca presença há tempos. O candidato esteve, recentemente, por exemplo, em São Mateus e Nova Venécia.

Erick Musso em campanha em Nova Venécia, acompanhado pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini
Erick Musso em campanha em Nova Venécia, acompanhado pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini. Crédito: Instagram/Erick Musso

Com ele, estava o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, principal vitrine do Republicanos.

Apesar de se apresentar como "o novo", Erick está na política partidária ao menos desde os 22 anos, já foi vereador e presidente da Câmara de Aracruz, está no segundo mandato como deputado estadual e preside há seis anos a Assembleia.

Ao chegar ao Legislativo estadual, recebeu o endosso do então governador Paulo Hartung (na época filiado ao MDB), foi vice-líder dele na Casa.

Erick se diz conservador, reúne pastores para orar no gabinete dele e é favorável à redução da maioridade penal e contra o aborto, em posicionamentos parecidos com os de Magno.

Questionado pela coluna, não com essas palavras, mas em resumo, sobre a possibilidade de ser uma espécie de Magno jovem, Erick pediu ao eleitor "uma oportunidade".

VOTO ÚTIL

Há quem pense em votar em Rose para impedir a vitória de Magno, derrotado em 2018. Seria o voto útil, contra o qual o candidato do PSol, Gilberto Campos, se insurgiu.

O fato é que parte da esquerda, como PT, PCdoB e PV, além do PSB, está ao lado da senadora.

Assim como Magno, ela também foi a favor do impeachment de Dilma.

Alguns nomes da centro-direita que apoiam Casagrande e cujos partidos estão na coligação de Rose escolheram Erick. É o caso, por exemplo, do deputado estadual Marcelo Santos (Podemos) e do deputado federal Da Vitória (PP).

O Ipec mostrou, na pesquisa espontânea, que 75% não sabiam em quem votar para o Senado. O esforço na reta final, portanto, vai ser decisivo.

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