Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Rose de Freitas não crava apoio a Lula, mas se opõe a pautas bolsonaristas

Candidata do MDB ao Senado pelo ES foi a primeira entrevistada, nesta terça-feira (13), na série de entrevistas realizada pela coluna

Vitória
Publicado em 13/09/2022 às 22h23
Sabatina de A Gazeta com a senadora Rose de Freitas, candidata à reeleição
Rose de Freitas em sabatina realizada pela coluna em A Gazeta. Crédito: Fernando Madeira

A senadora Rose de Freitas (MDB), candidata à reeleição, diz que apoia, "até agora", a correligionária Simone Tebet à Presidência da República. Quanto a um eventual segundo turno entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), Rose preferiu não se antecipar. De acordo com a presidente estadual do PT, Jack Rocha, a senadora apoia, sim, Lula. Mas isso nunca foi verbalizado pela emebebista, até porque o nome de Tebet segue posto.

Questionada sobre como avalia a gestão Bolsonaro, a candidata ao Senado apontou pontos positivos e negativos. Já quanto a temas caros ao bolsonarismo, como o Orçamento Secreto, a redução da maioridade penal e a ampliação do porte e da posse de armas por parte de civis, foi categórica: é contra.

A emedebista abriu, nesta terça-feira (13), a série de sabatinas realizadas com candidatos ao Senado pelo Espírito Santo, feitas pela coluna e transmitidas ao vivo por A Gazeta.

Ela evitou fazer declarações incisivas contra o principal adversário, o ex-senador Magno Malta (PL). Em mais de uma ocasião, a candidata disse, nos últimos meses, que alguém que "não gosta de trabalhar", "um homem preguiçoso", quer a cadeira que hoje a parlamentar ocupa.

Magno e Rose estão empatados, com 27% das intenções estimuladas de voto cada um, de acordo com pesquisa Ipec publicada no último dia 2.

Na convenção estadual do PSDB, em julho, ela chegou a mencionar “a possibilidade de voltar pra lá (…) alguém que não quer saber do povo do Espírito Santo e também não respeita mulheres”.

O único que poderia "voltar" é Magno, que já ocupou o cargo. Rose negou, entretanto, que se referisse ao candidato do PL. "Eu tenho por princípio na minha vida não atacar pessoas. E eu também não disse exatamente como você está dizendo", rebateu.

Na verdade, ela disse isso, sim, na convenção do PSDB, conforme testemunhado pela reportagem de A Gazeta e outros colegas da imprensa. Mas enfim, a emedebista, em entrevista à coluna, nesta terça, afirmou: "Não tire uma mulher que trabalha e coloque um homem preguiçoso lá".

Quem seria esse homem preguiçoso? "Qualquer um que, na comunidade, perto de mim, longe de mim, que, porventura, tentasse ser senador apenas para ter o título de senador. E muitos tiveram, apenas para escrever no seu currículo que era senador do Espírito Santo. E aqui não deixaram uma agulha, um prego, uma estrada, uma escola", apontou, sem citar nomes. 

Sobre a Operação Corsários, da Polícia Federal, que cumpriu, em 2021, mandados de busca e apreensão em endereços ligados à parlamentar e prendeu, por alguns dias, um irmão dela, a senadora ressaltou que o caso nem sequer se transformou em um processo e que não está mais sob sigilo. Na busca processual no site do Supremo Tribunal Federal (STF) – onde é o foro dos senadores – não há resultados para processos relativos a 2021 em nome de Rosilda de Freitas. Rose de Freitas é o nome de urna dela.

"Não tem processo. A senhora cita uma coisa que não tem processo instalado. É como se alguém enfiasse a mão dentro da roupa de uma mulher e ninguém viu, mas ela diz: 'mas fizeram'. Portanto, quero dizer para a senhora que não tem processo", destacou. 

"Quem quer ganhar a eleição, muitas vezes, se vale de expedientes dessa natureza. Estou constrangida diante de você, com certeza, porque isso é uma coisa que machucou não a mim, só (mas também) à minha família e ao meu irmão, que mora em um apartamento de 47 metros quadrados, que paga com o recurso dele", complementou.  A suspeita era quanto a desvios na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), onde o irmão dela trabalhou até 2019.

"(Nem) sequer o ministro assinou o mandado de busca e apreensão, o que me daria o direito de recusar, mas eu não sabia que isso aconteceria. Será que depois de 40 anos de vida pública eu descobri que roubar era bom, se eu não roubei antes? Se nunca houve sobre mim qualquer denúncia de qualquer natureza? Meus vizinhos viram eu construir a minha casa durante 29 anos.".

No ato realizado no último dia 7 de Setembro na Praça do Papa, em Vitória, por apoiadores de Bolsonaro, Rose foi atacada por oradores de posse de microfone no carro de som. A prisão do irmão da emedebista foi citada mais de uma vez.

O candidato que mais atrela a imagem à do presidente da República na campanha eleitoral é Magno.

ERROS E ACERTOS

"O governo Bolsonaro teve erros e acertos. Um erro: é achar que uma epidemia, uma pandemia, que trata de vidas, não merecesse ser respaldada, as decisões tomadas pelo governo, na ciência. A ciência é a que mais evolui no mundo. E, com as vacinas, salva-se vidas todos os dias. Não se vacinando, estão voltando doenças que estão matando crianças, doenças já erradicadas há muito tempo. Esse é um erro", destacou a candidata do MDB ao ser questionada sobre como avalia a atual gestão do governo federal.

"Um acerto: foi quando ele, realmente, fez uma redistribuição orçamentária e dotou estados e municípios de recursos para fazer frente a muitas obras paralisadas no estado. Um erro: achar que a democracia é uma vaidade. Não é. A democracia é fruto da liberdade, inclusive para essa nossa conversa que estamos tendo aqui", complementou.

Rose também discordou, em um ponto, do governador Renato Casagrande (PSB), apoiador dela. O socialista afirmou, em entrevista ao G1, ser favorável à redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, no caso de crimes hediondos. 

Entre os crimes hediondos estão: tortura; tráfico de drogas; terrorismo; homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente; homicídio qualificado; latrocínio e estupro.

"A briga é discutir se diminui a maioridade do jovem para (ele) ser alcançado pela lei ou se você o permite ser alcançado pelas políticas públicas de Estado. É isso. Não sou a favor (da redução da maioridade penal)", respondeu a senadora.

A candidata se disse contrária ao Orçamento Secreto e avaliou que o ex-presidente Lula, como o próprio petista disse em entrevista ao Jornal Nacional, teria condições de acabar com esse subterfúgio, assim como Bolsonaro poderia fazê-lo.

"Tem que ser a maneira de elaborar o Orçamento. E acho que o ex-presidente Lula sabe o que está falando, sabe que ele tem maneiras, como tem atualmente (o presidente Bolsonaro), de elaborar o Orçamento que não permita que o relator possa destinar recursos sem dizer de quem é a emenda e pra onde vai o recurso e o valor dessa emenda".

Rose também se opõe à flexibilização do posse e do porte de armas por parte da população civil, considera que o cidadão armado tem uma falsa sensação se segurança.

"RESPONDER NA URNA"

"Tenho plena consciência que não é fácil ser mulher na política, nem uma mulher diante de outra mulher. Muitas vezes a própria mulher discrimina a mulher. Mas quero dizer para vocês que a luta continua. Não há trégua. Nós temos que enfrentar todos os preconceitos, as discriminações, a forma diferenciada com que se trata a mulher (...) Sou candidata à reeleição por uma convocação do povo desse estado. Eu não acordei e inventei 'oba, vou ser senadora outra vez'."

"Não roubei, não sou desonesta. Juntos, podemos responder isso na urna", conclamou, ao se dirigir diretamente aos eleitores no minuto final da sabatina.

AS ENTREVISTAS

As entrevistas serão realizadas até sexta-feira (16), sempre das 19h às 19h30, com transmissão ao vivo pelo site A Gazeta, bem como pelas páginas do veículo no Facebook, no Instagram e no YouTube.

Foram convidados a participar das sabatinas os candidatos de partidos que têm ao menos cinco parlamentares no Congresso Nacional. As entrevistas vão seguir a ordem da pontuação na última pesquisa Ipec, divulgada no dia 2 de setembro.

O candidato Magno Malta (PL) informou que não vai participar da sabatina, devido a compromissos de campanha previamente agendados.

AS PRÓXIMAS ENTREVISTAS

  • Quarta-feira (14): Erick Musso (Republicanos)
  • Quinta-feira (15): Nelson Junior (Avante)
  • Sexta-feira (16): Gilberto Campos (Psol)

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