A coluna traz uma análise do mercado automotivo, com tendências do segmento, panorama, dicas e orientações. Tem como público-alvo o cliente que compra carro ou moto, quer trocar de veículo, quer tirar dúvidas sobre fazer a manutenção desses bens e também de leitores apaixonados pelo tema. O perfil nas redes sociais é @gabrieldeoliveirapersonalcar

Por que a margem de lucro das montadoras é tão alta no Brasil?

Assim como abordamos a questão dos impostos que compõem o preço dos automóveis na semana passada, hoje falaremos de outro fator de grande relevância que interfere no valor: o lucro das montadoras

Vitória
Publicado em 03/02/2022 às 01h59
Margem de lucro de montadoras no Brasil pode chegar a 10%
Estratégia de montadoras é ganhar tanto no volume quanto na margem de lucro. Crédito: Freepik

Na minha última coluna, passei para vocês a relação de todos os impostos que fazem parte da composição de preço de um carro zero km. Mas como disse por lá, os impostos constituem um bom peso no valor final, mas não são os responsáveis pelos altos preços e reajustes constantes.

Afinal, os preços ainda continuam subindo no mercado e isso não tem nada a ver com impostos.

Portanto, nesta coluna, compartilho com vocês outro fator de grande relevância nessa composição de preços, que é a margem de lucro das montadoras. E quando digo montadora é importante você, consumidor e consumidora, ter em mente que as concessionárias são meras representantes das montadoras, ou seja, elas pouco têm a ver com essa política de preços.

Para se ter ideia, a título de comparação, a margem média de lucro das montadoras nos Estados Unidos fica na faixa dos 3%. Sendo assim, a aposta das montadoras por lá é lucrar através do volume de venda. É importante lembrarmos que a terra do Tio Sam é um dos principais consumidores de carros do planeta e eu sempre uso os EUA como comparação porque os dois mercados são muito semelhantes.

Enquanto isso, no Brasil, a margem de lucro das montadoras fica na casa dos 10%, ou seja, mais do que o dobro se compararmos os dois países.

Na semana passada, mostrei para você que a carga tributária aqui é bem maior, girando em torno de 28% e na coluna de hoje, mostro mais outra forte composição dos preços que é a margem de lucro, que fica na casa dos 10%. Ou seja, outro grande peso na composição dos valores dos carros no Brasil, que acaba pesando no preço final e no bolso do consumidor.

Com essas informações está nítido que a estratégia das montadoras por aqui é ganhar tanto no volume quanto na margem de lucro e quem paga por isso somos nós, consumidores e apaixonados por carros.

Margem de lucro de montadoras no Brasil pode chegar a 10%
Composição do preço dos carros no Brasil é afetada por uma série de fatores. Crédito: Freepik

RETRAÇÃO DAS VENDAS

Como trabalho no setor, já tenho observado uma consequência séria desse aumento de preços, que é uma certa queda do mercado nos últimos dois meses de 2021 e agora em janeiro.

Tenho informações de que grupos de concessionárias estão com estoque de usados cheios. Isso se dá pois os veículos que entraram nas trocas do zero km tiveram avaliações altas, de modo que o mercado não está mais absorvendo esses veículos com os valores que foram negociados.

E esse é apenas um grão de areia na atual situação do mercado. Presumo que se a estratégia das montadoras não mudar, a chance de entrarmos numa bolha, onde a rotatividade dos carros vai diminuir devido à diminuição da procura é algo realmente plausível de acontecer.

É importante lembrarmos que ainda estamos vivendo uma pandemia que acarreta diretamente no mercado. E que 2022 é ano de eleições. Isso, sem contar a alta dos combustíveis, já que a gasolina teve reajuste de 4,8% nas refinarias no início de janeiro e no Espírito Santo, o valor médio do litro já está em torno de R$ 7,43.

O QUE ESPERAR?

De todo modo, sinto, no mercado, que os preços continuarão subindo pelo menos até o meio do ano. Sendo assim, se você pensa em comprar um carro, este pode ser um excelente momento, visto que os valores ainda sofrerão aumento por parte das montadoras.

Isso porque não vejo perspectivas para que os preços caiam, então não haverá uma grande desvalorização do seu veículo, quando começarem a reduzir a velocidade de reajustes. Caso voltemos a uma normalidade, ainda este ano, principalmente no que tange ao abastecimento dos insumos, os valores não vão cair vertiginosamente, os futuros reajustes serão a partir do preço vigente.

E caso você pense em vender, este também é um ótimo momento, já que provavelmente o preço pelo qual você vender o seu carro hoje, provavelmente será igual ou até maior do que quando o comprou.

Por isso, recomendo acompanhar sempre o mercado e ficar de olho nas tendências. E acompanhe aqui, todas as quintas-feiras, a nossa coluna, que estarei de olho no que mais tem influenciado na alta dos preços dos automóveis no Brasil, mas também vamos continuar falando no mercado automotivo como um todo. Afinal, estamos no início do ano, que promete muitas novidades desse setor para quem é apaixonado por carros.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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