Bastidores e informações exclusivas e relevantes sobre os negócios e a economia do Espírito Santo

Saldo do primeiro mês do tarifaço no agro do ES: quem perdeu até 99% e quem se safou

Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e foram organizados pela equipe técnica da Secretaria de Agricultura do Espírito Santo

Vitória
Publicado em 06/09/2025 às 03h00
Sacas de café brasileiro prontas para serem exportadas pelo Espírito Santo
Sacas de café brasileiro prontas para serem exportadas pelo Espírito Santo. Crédito: Abdo Filho

Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda não estão completos, mas uma compilação feita pela equipe técnica da Secretaria de Estado da Agricultura já dá um bom indicativo de como se comportaram as exportações dos principais produtos do agronegócio capixaba em agosto, primeiro mês de vigência da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos em cima das exportações brasileiras. A celulose foi excluída pelos norte-americanos, mas café, gengibre, mamão, pimenta e outras culturas para lá de relevantes para o Espírito Santo estão dentro.

O café, que tem mais de 100 mil produtores no Estado (de arábica e de conilon), não sofreu tantos impactos. Importante lembrar que o ano de 2025 vem sendo de queda em relação a 2024, que foi de recorde histórico de vendas para fora. As exportações para todo o mundo, na comparação de julho com agosto, encolheram 37,6%, de 13,9 mil toneladas para 8,6 mil toneladas. Quando o corte é feito só para o comércio com os norte-americanos, no mesmo período, queda de 19%, de 2,1 mil toneladas para 1,7 mil toneladas.

"As quedas são relevantes, mas não têm a ver com o tarifaço, têm relação com a volta das safras do Vietnã e Indonésia. O ano de 2024 foi histórico nas exportações de conilon, que é a principal produção de café no Estado, porque não tinha café no mundo, agora, em 2025, a coisa volta à normalidade. O contexto da queda, até agora, no Espírito Santo, é este, nada a ver com tarifaço. Veja que, nos Estados Unidos, as vendas caem menos que no resto do mundo", detalha o secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli.

No café solúvel - o Espírito Santo tem um dos maiores parques industriais de solúvel do planeta -, o mês de agosto foi muito bom. As exportações, no geral, cresceram 50%, batendo em 1,2 mil toneladas. As vendas, em agosto, para os Estados Unidos, responsável por 29% de tudo que é exportado pelas fábricas capixabas, mantiveram-se em linha com julho.

A pimenta-do-reino, terceiro produto do agro capixaba mais vendido para o exterior, atrás apenas do complexo cafeeiro e celulose, segue batendo recordes. O crescimento na comparação entre janeiro e agosto de 2024 com janeiro e agosto de 2025 é de 45,3%. O avanço, de volume, de julho para agosto foi de 66,7%. Aqui cabe um detalhe: os EUA são os maiores consumidores do planeta, mas o Brasil vende muito pouco diretamente para lá, já que o beneficiamento é feito em grande parte no Vietnã e os Estados Unidos compram a produção já industrializada.

Os grandes perdedores do primeiro mês do tarifaço foram os produtores de gengibre e ovos. As vendas de gengibre, muito relevante na Região Serrana, para os Estados Unidos encolheram 33% no mês de agosto. A pancada dói ainda mais porque quase metade das vendas vai para lá. Em relação aos ovos, as transações praticamente pararam no mês passado: queda de 99%. "Gengibre e ovos foram as culturas que mais sofreram, pelo menos com os dados que temos até agora. O gengibre já tem uma relação forte com o exterior, vendeu quase US$ 20 milhões até agosto, e as granjas vinham construindo isso. A gripe aviária nos Estados Unidos, no ano passado, abriu as portas para a nossa produção de ovos, mas infelizmente veio o tarifaço. É de se lamentar. Sobre o gengibre, historicamente o segundo semestre é de vendas maiores para a Europa, isso deve melhorar em setembro. Vamos aguardar", explicou Bergoli.

O mamão do Espírito Santo, de julho para agosto, viu suas vendas para os Estados Unidos avançarem 18,7%.

Sobre o pescado, que era uma grande preocupação do governo capixaba, Enio Bergoli disse que os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda não estão completos, mas que a informação extraoficial é de queda.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Agronegócio Economia Espírito Santo ES Sul ES Norte Região Serrana Café arábica Café Conilon

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.