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Tarifaço de Trump: a maior das preocupações da cafeicultura no ES

Tarifa de 50% em cima das exportações brasileiras, imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passa a valer nesta quarta-feira (6)

Vitória
Publicado em 06/08/2025 às 03h00
Fábrica da Ofi, do Grupo Olam, em Linhares, Norte do Espírito Santo
Fábrica da Ofi, do Grupo Olam, em Linhares, Norte do Espírito Santo. Crédito: Divulgação/Grupo Olam

Quando o assunto é a tarifa de 50% em cima das exportações brasileiras imposta pelos Estados Unidos, que começa a valer nesta quarta-feira (6), a maior preocupação do setor produtivo do café reside no solúvel. Além de a concentração das vendas para os EUA ser maior, a troca por outros destinos é mais complicada do que no caso do café verde. No ano passado, foram exportadas 4,09 milhões de sacas de 60kg, somando US$ 950,05 milhões. Os Estados Unidos compraram 20% da produção brasileira, no geral do café, os norte-americanos respondem por 16% das aquisições.

E o Espírito Santo com isso? O Estado é um dos maiores parques produtores de café solúvel do mundo. Além da Realcafé, do Grupo Tristão, instalada em Viana desde o início dos anos 70, Café Cacique (comprada pela Louis Dreyfus) e Ofi (do Grupo Olam) operam no Estado. As duas estão em Linhares e foram inauguradas nos últimos cinco anos. Investimentos que, somados, ficam na casa dos bilhões de reais.

"São duas as questões que fazem com que a pancada em cima do solúvel seja pior do que na média do complexo cafeeiro. Primeiro porque se trata de um produto acabado, com valor agregado, portanto, a tarifa de 50% tem um impacto financeiro maior. Além disso, caso percamos o cliente norte-americano, que é o maior comprador, é muito mais difícil arrumar um substituto do que no café verde, que é uma commodity. O solúvel é um produto feito pensando no cliente, o público dos Estados Unidos é diferente do da Europa, não se troca isso de uma hora para outra. Por fim, a oferta e a demanda por café solúvel estão ajustadas, mexer nisso é complexo, ainda mais pagando as tarifas mais altas", explicou Márcio Cândido Ferreira, superintendente na Tristão Comércio Exterior e presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Além de uma renegociação com os EUA, que Cândido vê com otimismo, ele afirma que o Brasil precisa negociar as tarifas cobradas por outros países. "Acho que as coisas estão caminhando junto aos Estados Unidos, vejo com otimismo, mas não para por aí. A China cobra 12% em cima do nosso solúvel, a Indonésia cobra 20%, a Tailândia 49% e a Europa 9%. Todos esses cobram zero do Vietnã, que é nosso grande concorrente. Precisamos negociar, sob pena de ficar mais barato enviar o conilon para o Vietnã, industrializar lá e vender para o resto do mundo. Está fora da razoabilidade".

Por tudo isso, o assunto é para lá relevante para a agroindústria capixaba. As gigantes do setor já consomem boa parte do conilon produzido pelo Espírito Santo (70% da produção brasileira está aqui). Elas resolveram se instalar no Estado por duas questões fundamentais: proximidade com as lavouras de conilon e complexo portuário em expansão. O tarifaço pode colocar um freio nos bilionários planos de crescimento do setor.

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