O projeto de R$ 4 bilhões da ArcelorMittal para a construção de um Laminador de Tiras Frio (LTF) e de uma linha de galvanizados na unidade de Tubarão, o que seria um dos maiores investimentos privados do Espírito Santo, segue caminhando, mas há obstáculos no caminho que podem atrasar o cronograma original. O plano original é que os estudos estejam concluídos até o primeiro semestre de 2026, que as obras comecem no segundo e que a inauguração seja em 2029. Tudo pode mudar se a inundação de aço importado no Brasil não for estancada.
“O governo federal renovou, agora em maio, uma barreira tarifária que foi imposta na tentativa de amenizar o problema, mas não está resolvendo. A importação dobrou nos últimos meses e já está em mais de 4 milhões de toneladas. Não somos contra importações e competição, mas estamos vendo algo que não é saudável, inclusive com o governo brasileiro investigando a prática de dumping (quando uma empresa vende em outro país por um preço inferior ao praticado no mercado interno, muitas vezes abaixo do custo de produção). Essa situação atrapalha investimentos como um todo no Brasil. O nosso segue em estudo, confiamos na economia brasileira, mas pode acabar atrasando”, disse Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Brasil, que participou de um painel sobre siderurgia e mineração na MecShow, feira do segmento metalmecânico que está sendo realizada no Pavilhão de Carapina.
É claro que Oliveira está de olho nos negócios da empresa que comanda, mas o alerta que ele vem fazendo há dois anos merece uma atenção especial. A indústria brasileira do aço reclama que China e Egito estão mandando produtos para os mais diversos países a preços muito abaixo do que é praticado pelo mercado. Na visão deles não se trata de livre mercado, mas de algo predatório. Vários mercados já impuseram duras restrições, no Brasil, apesar de as tarifas terem subido em maio do ano passado, a importação de aço não para de crescer. Assim, investimentos como o que a ArcelorMittal quer fazer em Tubarão acabam desincentivados e tudo aquilo que pode vir na esteira do Laminador de Tiras Frio (LTF) e da linha de galvanizados também. A lâmina e o galvanizado são os produtos finais de uma siderúrgica, são vendidos, por exemplo, para fabricantes de automóveis, eletrodomésticos, silos para o agronegócio e perfis de aço para construção.
"Um laminador a frio e uma linha de galvanizados são um grande atrativo para empresas dos mais diversos segmentos que usam o aço intensivamente como matéria-prima. Estar próximo do fornecedor aumenta muito a eficiência, principalmente logística. Portanto, abrem-se muitas opções de novos negócios para o Espírito Santo", ponderou o comandante da ArcelorMittal no Brasil.
O LTF que o conglomerado pretende fazer em Tubarão já nascerá pronto para ser expandido, podendo chegar ao volume que a empresa fabrica em São Francisco do Sul: 2,2 milhões de toneladas por ano. A usina de galvanizados terá capacidade para 500 mil toneladas por ano. Hoje, a ArcelorMittal Tubarão produz 7,5 milhões de toneladas de placas/ano e 4,4 milhões de toneladas no Laminador de Tiras a Quente (matéria-prima do LTF). O investimento saindo do papel, Tubarão passará a ser uma usina 100% verticalizada.
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