
O Observatório da Findes divulgou, nesta terça-feira (17), os resultados da economia do Espírito Santo no primeiro trimestre de 2025. Dados que merecem atenção e servem de alerta. Na comparação com os primeiros três meses de 2024, houve um encolhimento de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) capixaba. Trata-se da primeira queda para o trimestre desde o fatídico 2020, ano do começo da pandemia.
A grande pancada veio da indústria e partiu justamente dos dois maiores segmentos do setor: pelotização e produção de petróleo. A indústria capixaba como um todo encolheu 6,8%. As atividades petrolíferas caíram 13% e a pelotização recuou 23,3%. Aqui vão os primeiros alertas: o petróleo apresentou um resultado decepcionante mesmo com a entrada da nova plataforma da Petrobras, Maria Quitéria, na operação do campo de Jubarte, no final do ano passado. O otimismo ainda impera, o comissionamento, ao que parece, deu uma atrasada, mas é importante ficar de olho. O óleo e o gás, que respondem por algo perto de 25%, da indústria do Estado, vêm encolhendo há tempos e Maria Quitéria é a grande aposta, por ora, para um ganho de fôlego até 2027. Um pouso suave da indústria do petróleo do Estado passa pelo sucesso das operações de Jubarte.
Na pelotização, outro sinal amarelo. A Samarco vem ampliando consistentemente a sua produção, em Anchieta, desde que as usinas começaram a ser religadas, em dezembro de 2020, após o colapso das barragens de Mariana, Minas Gerais, em novembro de 2015. A Vale, por sua vez, está com a produção limitada, em Tubarão, desde 2019, quando rompeu a barragem de Brumadinho, também em Minas. Portanto, uma queda de 23,3%, diante das bases baixas dos últimos tempos, é ainda mais preocupante. A informação é de que houve uma parada para manutenção em Itabira e que a produção será retomada, mas é outro ponto que merece ser observado de perto.
Por fim, o comércio internacional. Em janeiro, o Fundo Monetário Internacional projetava uma expansão de 3,8% nas trocas globais, em 2025. Em abril, o mesmo FMI revisou a previsão para 1,7% de crescimento. As guerras - tarifárias e armadas - tornaram o cenário muito nebuloso. O Espírito Santo, que tem 67% do seu PIB ligado ao comércio internacional, sofre mais que a média brasileira (que tem um grau de abertura de 27%). No primeiro trimestre do ano, a corrente de comércio (importações e exportações somadas) do Estado encolheu 9,6%: de US$ 5,5 bilhões para US$ 5 bi.
Petróleo, pelotização e comércio internacional são três alavancas fundamentais para o PIB do Estado. Se tivermos problemas nelas, a coisa complica. Por essas e outras que a Findes estima um encolhimento de 0,8% da economia do Espírito Santo em 2025, apesar da safra histórica de café e do desemprego nas mínimas também históricas…
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