Publicado em 20 de outubro de 2021 às 19:18
Por unanimidade, a Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça) confirmou nesta quarta-feira (20) o afastamento do governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), do cargo. O afastamento tem duração de seis meses e poderá ser reavaliado pela corte ao longo deste período, caso surjam novas circunstâncias no caso. >
A decisão cautelar do afastamento foi tomada inicialmente pelo ministro Mauro Campbell Marques. O juiz também autorizou mandado de busca e apreensão contra o governador em duas ações deflagradas nesta quarta-feira (20) pela Polícia Federal, as operações Éris e Hygea. >
O governador foi afastado do cargo em razão da suposta obstrução de investigações sobre o combate à corrupção e pagamento de vantagens indevidas ao Plansaúde (Plano de Saúde dos Servidores do Estado do Tocantins). Também foi decretado o afastamento do secretário de Segurança do Estado, Cristiano Barbosa Sampaio. Quem assume o cargo é o vice-governador Wanderlei Barbosa Castro (sem partido). >
De acordo com o STJ e a PF, as operações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal visam desarticular um grupo que tentava obstruir investigações que apuram irregularidades na cúpula do governo do estado. Os inquéritos tramitaram sob sigilo na Corte Especial. >
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O teor das decisões pelo ministro relator dos inquéritos foi antecipado aos demais membros da Corte Especial do STJ. Além da suspensão do exercício da função do governador e de outros agentes públicos, o órgão da corte confirmou também a proibição de acesso dos investigados a determinados locais e o impedimento de contato com outras pessoas investigadas. >
O UOL entrou em contato com a assessoria do governo do Tocantins às 7h49 (horário de Brasília) e aguarda um posicionamento. >
Segundo a PF, "cerca de 280 policiais federais cumprem 57 mandados de busca e apreensão e outras 50 medidas cautelares, como a suspensão do exercício das funções públicas, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça, nas cidades de Palmas (TO), Gurupi (TO), Porto Nacional (TO), Minaçu (GO), Goiânia (GO), Brasília (DF) e São Paulo (SP). >
A operação Éris tem o objetivo de desarticular a organização criminosa dentro da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Tocantins, que teria obstruído investigações "utilizando-se de instrumentalização normativa, aparelhamento pessoal e poder normativo e disciplinar contra os policiais envolvidos no combate à corrupção". >
A PF ainda aponta que a secretaria é suspeita de divulgar dados de investigações em andamento aos próprios investigados. >
Já a operação Hygea foca em desmantelar esquemas de propina ligadas ao Plansaúde e a estrutura criada para a lavagem de dinheiro, "assim como demonstrar a integralização dos recursos públicos desviados ao patrimônio dos investigados". >
"Segundo as investigações, o governo estadual removeu indevidamente delegados responsáveis por inquéritos de combate à corrupção conforme as apurações avançavam e mencionavam expressamente membros da cúpula do Estado. Há ainda fortes evidências da produção coordenada de documentos falsos para manutenção dos interesses da organização criminosa." >
Os inquéritos tramitam sob sigilo e, de acordo com o STJ, indicaram a "presença de fortes indícios do pagamento de vantagens indevidas ligadas ao plano de saúde dos servidores do estado do Tocantins e a estrutura montada para a lavagem de ativos". >
Há indícios também de que os recursos desviados foram integralizados ao patrimônio dos investigados. Já foi determinado o bloqueio judicial de R$ 40 milhões. >
"As investigações, iniciadas há quase dois anos, reuniram um vasto conjunto de elementos que demonstram um complexo aparelhamento da estrutura estatal voltado a permitir a continuidade de diversos esquemas criminosos comandados pelos principais investigados", completa a nota do STJ. >
Segundo a Corte, a operação tem os seguintes objetivos: >
A PF afirmou que os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsidade ideológica e documental e embaraço às investigações. >
Em junho de 2018, Carlesse também foi alvo de mandados de buscas em uma operação da PF. >
A ação foi deflagrada por ordem do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e apontou que o político, então governador interino à época, teria liberado emendas parlamentares poucos dias antes do primeiro turno das eleições suplementares no estado para a sucessão do emedebista Marcelo Miranda, cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.>
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