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Pazuello deixa comando de região militar, mas segue na ativa do Exército

Pazuello deixa comando de região militar, mas segue na ativa do Exército

Passagem de comando reacende dúvida sobre destino de general à frente do Ministério da Saúde. A pasta não tem um titular efetivo há 3 meses e 2 dias

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 11:18

O general Eduardo Pazuello, novo secretário-executivo do Ministério da Saúde
O general Eduardo Pazuello, novo secretário-executivo do Ministério da Saúde Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, entregará definitivamente nesta semana o comando da 12ª Região Militar, no norte do país, mas informou a interlocutores que permanecerá na ativa, contrariando a pressão para que ingresse na reserva.

Desde abril, quando foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para organizar o Ministério da Saúde, como secretário-executivo, para o então ministro Nelson Teich, Pazuello dizia que sua permanência na pasta era temporária e que pretendia voltar ao comando da região, responsável pela Amazônia Ocidental (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima).

Com a transferência de comando, ressurge a dúvida sobre o destino de Pazuello à frente do Ministério da Saúde. Ele embarca para Manaus nesta segunda-feira (17), e a cerimônia em que passará a função para o general Edson Rosty está prevista para quinta-feira (20).

Pazuello assumiu o comando da 12ª Região Militar em janeiro. Em abril, foi convocado para assumir o posto de secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão Teich, que chefiou a pasta por menos de um mês, depois que substituiu Luiz Henrique Mandetta.

SEM TITULAR EFETIVO

A Saúde não tem um titular efetivo há 3 meses e 2 dias. Nelson Teich deixou a pasta em 15 de maio e Pazuello foi oficializado ministro interino em 3 de junho.

De acordo com uma alta fonte da pasta ouvida pela reportagem em condição de anonimato, o ministro diz que a passagem do comando já estava acertada com o Exército e que ficará agregado ao Ministério da Defesa, mas cedido à Saúde.

Segundo este integrante da cúpula do ministério, quando indagado sobre a possibilidade de ser efetivado à frente da Saúde, o ministro interino diz que cargos de confiança são sempre temporários e que fica no posto enquanto for da vontade de Bolsonaro.

nome do recém-escolhido líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), também circula em Brasília como possibilidade para assumir a pasta, o que devolveria a Saúde ao centrão. Barros já comandou o ministério de 2016 a 2018.

O presidente, porém, tem elogiado a gestão de Pazuello, apesar das críticas de o interino não ser da área da saúde.

Em 8 de agosto, o Brasil ultrapassou a marca das 100 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus. Na noite de domingo (16), o país registrava 3.340.197 casos confirmados e 107.852 óbitos, segundo os dados oficiais. Pela contagem do consórcio de veículos de imprensa, o país alcançou os 107.879 óbitos e 3.339.999 infecções desde o início da pandemia.

Em julho, uma crítica do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou uma crise que aumentou a pressão da cúpula das Forças Armadas para que Pazuello deixasse o comando da Saúde ou se transferisse para a reserva como forma de dissociar a imagem dos fardados do governo Jair Bolsonaro.

Militares ficaram bastante incomodados ao ver respingar em suas fardas as críticas feitas por Gilmar, que disse que o Exército, ao ocupar cargos técnicos no Ministério da Saúde em meio à crise do novo coronavírus, estava se associando a um genocídio.

Desde que Pazuello foi oficializado como ministro interino da Saúde, a cúpula das Forças Armadas defendia que ele saísse assim que possível para não confundir o papel dos militares da ativa com a política, o que considera que é inevitável no cargo de ministro, ainda mais agora, durante a pandemia.

INGRESSO NA RESERVA

O jornal Folha de S.Paulo mostrou à época que o general se recusava ingressar na reserva, o que só precisa fazer em março de 2022, e que ele indicou a Bolsonaro que havia algumas janelas para que o presidente escolhesse um titular. A última seria em setembro, quando o ministro interino acreditava que a pandemia de Covid-19 estaria sob controle e a pasta já estruturada.

Diante da crítica de Gilmar sobre a presença de militares em cargos técnicos, Pazuello argumentou que, dos cerca de 5.470 funcionários da Saúde, apenas 15 são militares da ativa, sendo ele e outros três em função de comando. Há pelo menos outros nove militares da reserva na pasta.

Em meio à crise do mês passado, Bolsonaro transferiu para a reserva do Exército, a pedido, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.

Além da Secretaria de Governo, a Casa Civil e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) também são comandados por generais da reserva, Walter Braga Netto e Augusto Heleno, respectivamente.

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