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Bolsonaro rebate críticas de militarização na Saúde e diz que Pazuello fica

Bolsonaro rebate críticas de militarização na Saúde e diz que Pazuello fica

O presidente usou a transmissão para render elogios ao ministro da saúde, a quem chamou de "excepcional", e negar que exista um excesso de militares na pasta ou mesmo na Esplanada

Publicado em 16 de julho de 2020 às 22:08

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Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro. (Isac Nóbrega/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu as críticas contra a militarização do Ministério da Saúde e afirmou que o general Eduardo Pazuello deve seguir à frente da pasta.

"O Pazuello está muito bem lá", declarou Bolsonaro ao citar o interino em sua live semanal nas redes sociais.

O presidente argumentou ainda que prefeitos e governadores que têm solicitado auxílio ao Ministério da Saúde estão sendo atendidos.

"Acho que está precisando muito mais de um gestor do que um médico na Saúde", acrescentou Bolsonaro, referindo-se às queixas de que o militar não tem formação médica.

Segundo a CNN Brasil, o ministro interino apresentou a Bolsonaro três janelas para que ele possa deixar o comando da pasta. O general Pazuello disse a Bolsonaro ter planejamentos de curto, médio e longo prazo. Nesse cenário, Pazuello considera que os finais de julho e setembro e o mês de dezembro seriam as datas mais adequadas para sua eventual despedida do governo.

A projeção apresentada por Pazuello a Bolsonaro, segundo aliados, leva em consideração a evolução da pandemia do novo coronavírus no país. Na avaliação do ministro interino, os três períodos vão marcar momentos de arrefecimento da curva da doença no país. A projeção do general é a de que, nessas datas, os casos apresentarão declínio considerável.

A atuação de Pazuello — ministro interino desde o pedido de demissão de Nelson Teich, em maio — e a ocupação de postos-chave da pasta por militares estiveram no centro de uma crise nos últimos dias.

No final de semana passado, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a militarização do ministério e disse que o Exército estava se associando a um genocídio.

Pazuello comanda a principal pasta responsável por reagir à crise do coronavírus, que no Brasil já soma mais de 2 milhões de infectados e 76 mil mortos.

Na quarta-feira (15), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou ao UOL que Bolsonaro deveria escolher em agosto um novo nome para o ministério.

"Pazuello assumiu interinamente e está há dois meses na função. Acredito que em mais um mês, em agosto, Bolsonaro vai retornar da quarentena e analisar outros nomes", disse.

PROVOCAÇÃO DE GILMAR

A fala de Gilmar associando o Exército a um genocídio desencadeou dois movimentos.

Porta-voz da cúpula militar, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, publicou uma dura nota e informou que havia representado contra Gilmar na PGR (Procuradoria-Geral da República).

Em outro flanco, integrantes do Exército incomodados com a responsabilização das Forças Armadas renovaram as pressões para que Pazuello seja substituído ou peça remoção para a reserva  — como fez o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.

A aliados, no entanto, o ministro interino sinalizou que não pretende antecipar sua ida para a reserva.

Na live desta quinta, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que conversou com Gilmar, como revelou a coluna Mônica Bergamo, após a eclosão da crise e que instruiu Pazuello a informar o magistrado sobre ações da pasta.

Em um sinal de que não pretende antagonizar com Gilmar, Bolsonaro afirmou que "crítica construtiva é bem-vinda" e que, com a nota do Ministério da Defesa, considera o assunto encerrado.

ELOGIOS

O presidente usou a transmissão para render elogios a Pazuello, a quem chamou de "excepcional", e negar que exista um excesso de militares na pasta ou mesmo na Esplanada. Bolsonaro está em isolamento no Palácio da Alvorada, após ter sido diagnosticado com o coronavírus.

"[Vamos] falar em Pazuello. Alguns querem a saída dele porque [tem] a militarização. Vocês estão com saudades dos ministros da Dilma, Lula e Fernando Henrique?", questionou o presidente. "Salles fica. Pazuello fica. Sem problema nenhum", afirmou, referindo-se também ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que também tem enfrentado críticas nas últimas semanas.

Bolsonaro disse que Pazuello levou consigo 15 militares para auxiliá-lo na pasta. Apesar da fala do presidente, há ao menos 24 militares, na ativa ou na reserva, nomeados para o ministério.

Bolsonaro enumerou ainda um a um todos os seus ministros que também são militares e lembrou que sua chapa presidencial em 2018 era formada por ele - um capitão reformado - e pelo vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva.

"É proibido militar na política? É proibido militar ser ministro? Não", declarou o presidente.

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